Pesquisadores de nove países da América Latina conheceram na manhã de quarta-feira (27) o maior banco de germoplasma de pinhão manso (Jatropha curcas L.) do país, na Embrapa Cerrados, em Planaltina (DF), e trocaram experiências sobre os estudos com espécies nativas dos trópicos para produção de biodiesel. O grupo está iniciando a formação da Rede Jatropha LAC, rede de pesquisa, desenvolvimento e inovação do pinhão manso, espécie considerada promissora para produção de biocombustível.

O banco de germoplasma, mantido pela Embrapa Agroenergia  em parceria com a Embrapa Cerrados, Unidades da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária – Embrapa, é uma coleção com duzentas espécies de pinhão manso provenientes de todas as regiões do país e também do exterior. A montagem da coleção, para fins de pesquisa e ainda em expansão, foi iniciada em dezembro de 2008.

"Quanto maior a variedade, maior a chance de obter qualidade genética", comenta Jamil Macedo, pesquisador aposentado da Embrapa Cerrados e secretário executivo do Programa Cooperativo de Investigação e Transferência de Tecnologia para os Trópicos Sul-Americanos – PROCITROPICOS.

Para Liliane Castelões, chefe de comunicação e negócios da Embrapa Cerrados, o trabalho em rede com o PROCITROPICOS possibilita troca de conhecimentos e fortalece as pesquisas numa área prioritária para o governo brasileiro.

Ricardo Asturias, empresário da Biocombustíveis da Guatemala, representante da iniciativa privada no grupo, diz que a opinião científica ajuda os produtores a adotar práticas de cultivo melhores. Asturias já tem experiência com o cultivo de pinhão manso na Guatemala. A área de 700 hectares do empresário, no sudeste do país, tem produtividade média de 2 mil litros por hectare, mas ele acredita ser possível duplicar o rendimento conforme as pesquisas forem avançando.

Segundo Jamil Macedo, a rede integra instituições do México até a Argentina e irá possibilitar intercâmbio de germoplasma das espécies de jatropha.  Para o Brasil, receber material genético de pinhão manso da América Central e México, centros de origem da espécie, é considerado benéfico para o melhoramento genético das espécies cultivadas no país.

Macedo explica que, após a montagem e caracterização do banco de germoplasma, os pesquisadores irão avançar com o programa de melhoramento. O trabalho em rede irá possibilitar, entre outras trocas de informações, o compartilhamento de dados sobre a genotipagem da espécie e comparações sobre o comportamento das culturas nos diversos países.

O grupo também conheceu o campo experimental de pinhão manso da Embrapa Cerrados. A área, plantada há um ano e meio, reúne materiais coletados em áreas nativas, fazendas e até quintais para que os pesquisadores possam ter acesso a plantas distintas geneticamente e avaliar a produtividade em diferentes condições de fertilidade do solo.

Pesquisa avalia dendê irrigado no Cerrado

Após as apresentações no campo sobre pinhão manso, conduzidas pelos pesquisadores Bruno Laviola, da Embrapa Agroenergia, e Julio Albrecht, da Embrapa Cerrados, o grupo visitou a área experimental de dendê irrigado, plantada há três anos. O pesquisador Nilton Junqueira, da Embrapa Cerrados, explicou a condução da pesquisa com quatro cultivares de origem africana. "Esta área tem 1080 metros de altitude, dias quentes e noites frias. Pela literatura, a palma não produziria nestas condições", comentou Junqueira.

A viabilidade econômica de produzir dendê em condições de Cerrado está sendo avaliada. No primeiro ano de produção, a cultura rendeu 12 toneladas por hectare. A expectativa do pesquisador é atingir 40 toneladas por hectare no oitavo ano. Considerando um teor médio de 20% de óleo, a produtividade almejada renderia 8 toneladas de óleo por hectare, volume suficiente para cobrir os custos de irrigação no período da seca. "Se conseguirmos produzir nesta área, há viabilidade para produção em outras áreas de Cerrado e Semi-árido", avalia.

Após conhecer os avanços da pesquisa com pinhão manso e dendê na Embrapa, o grupo visita na quinta-feira (28) a Biojam, em Janaúba (MG). O evento, organizado pela Associação Brasileira de Produtores de Pinhão Manso (ABPPM) em cooperação com Embrapa Agroenergia, PROCITROPICOS e o Programa Hemisférico de Cooperação Horizontal em Agroenergia e Biocombustíveis do IICA, visa difundir os conhecimentos gerados sobre práticas agronômicas na cultura do pinhão manso. Também será feito teste com colheita mecanizada, um dos desafios tecnológicos para viabilizar economicamente o cultivo do pinhão manso no Brasil e outros países.

Gustavo Porpino (RN648 JP)Embrapa CerradosDaniela Garcia Collares (MTb/114/01 RR)Embrapa AgroenergiaContatos:(61) 3388 9945