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Trigo: alimento funcional e nutritivo

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O trigo é uma das principais fontes de carboidratos e proteínas do ser humano. Por ser um alimento altamente energético, o trigo fornece cerca de um quinto de todas as calorias consumidas.

Cada brasileiro consome, em média, 27 kg de pão por ano. Isso é pouco se comparado à quantidade recomendada pela Organização Mundial da Saúde (OMS): 60 kg per capita. Se não é possível aumentar o consumo, a pesquisa trabalha para aumentar a qualidade nutricional do trigo. Esse é um dos pilares do projeto Biofortificação no Brasil, que teve os trabalhos apresentados na III Reunião Anual de Biofortificação, encerrada na última sexta-feira, dia 05/06, em Aracaju, Sergipe.

"Pode ser considerado alimento funcional, todo aquele que apresenta uma ou mais substâncias com funções fisiológicas e bioquímicas benéficas à saúde do homem. Assim, o trigo enquadra-se neste contexto, devido a sua composição em fibras alimentares", explica a pesquisadora da Embrapa Trigo, Martha Miranda.

Segundo ela, o trigo atende ao destino de uso final quando o grão adquire características específicas para a indústria na fabricação de pães, massas, biscoitos, e outros.

Para atingir um valor nutritivo mais elevado no trigo, o Governo Federal determinou que, a partir de 2004, todas as farinhas de trigo fabricadas no país ou importadas fossem enriquecidas com ferro e ácido fólico. "O ferro e o ácido fólico são ingredientes funcionais, que repõem perdas nutricionais que ocorrem durante a moagem para produção da farinha de trigo. Parte destes nutrientes é perdida também durante etapas do processamento dos alimentos, como na fritura, assamento ou cozimento", explica a pesquisadora da Embrapa Trigo, Martha Miranda, alertando que a melhor maneira de aproveitar o valor nutricional do trigo é através do uso de farinha integral ou do grão integral.

"Desenvolver uma planta que carregue em sua base genética esses minerais é a proposta do projeto de biofortificação de trigo", explica o pesquisador Pedro Scheeren. Coordenado em âmbito nacional pela Embrapa Trigo, o projeto selecionou 220 genótipos (variedades de plantas) que estão sendo avaliadas quanto ao teor de ferro e de zinco (base do ácido fólico).

O próximo passo é organizar blocos de cruzamentos entre as plantas que apresentaram maior teor de minerais e cultivares com alto potencial de rendimento. "Ainda não é possível prever com quanto de minerais as plantas serão enriquecidas, mas com certeza teremos um alimento biofortificado, onde o teor de ferro e zinco já será fornecido pela planta", avalia Scheeren.

O ácido fólico é necessário para o crescimento normal da criança e muito importante na formação de anticorpos. O ácido fólico ou folato é uma vitamina do complexo B que previne a mal formação do tubo neural (estrutura precursora do cérebro e da medula espinhal) no feto. Quando não há o fechamento do tubo neural, o bebê apresenta deformações como anencefalia (ausência do cérebro), espinha bífida e meningocele (defeitos na coluna) que podem resultar em morte, paralisia dos membros inferiores, hidrocefalia e retardo mental, em alguns casos.

A Organização Mundial de Saúde (OMS) estima que mais de 2 bilhões de pessoas têm deficiências de zinco e de ferro, e que mais de 160 milhões de crianças abaixo de cinco anos não recebem suprimento adequado de proteína. A alimentação habitual do brasileiro é pobre em ferro ou contém ferro em formas com pouca absorção pelo organismo, independente da classe social. "Com a fortificação de um dos principais alimentos da população, espera-se suprir, ao menos em parte, a carência deste mineral, principalmente em crianças e mulheres grávidas", conclui o pesquisador.

Joseani M. Antunes MTb 9693/RSEmbrapa TrigoContatos: (54)3316.5800joseani@cnpt.embrapa.br

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