22/06/09 |

Delegação afegã conhece pesquisas com trigo

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Nos últimos anos, o crescimento da agropecuária brasileira vem atraindo governantes de países em desenvolvimento em busca de conhecimentos, considerados eficientes a baixo custo para produção de alimentos. Nesta semana, uma delegação do Afeganistão visitou centros de pesquisa e associações de produtores no sul do Brasil.

O Afeganistão é um país da Ásia Meridional, marcado por conflitos políticos e culturais, que tem a rejeição no bloco econômico mundial pelo título de maior produtor de papoula, base da heroína que sustenta as milicias armadas. Mudar este cenário é um dos motivos que trouxe o Primeiro Vice-ministro, Mohammad Sharif, o Diretor de Subsistência Alertnativa Mohammad Saboor, e o Diretor de Agricultura da Província de Herat Mohammad Ismail ao Brasil, numa agenda que começou na terça-feira(16) e acabou no final da semana.

"Nosso clima é muito parecido com esta região (Sul do Brasil), só que mais árido, mesmo assim algumas regiões dispõe de boa precipitação ao longo do ano. O Afeganistão depende da agricultura e o cultivo de grãos, algodão e criação animal são base do nosso sistema", explica o Primeiro Vice-ministro, Mohammad Sharif.

A visita começou  em Santa Catarina, devido ao interesse da delegação em conhecer o processo de produção de frango de corte e ovos. Na agenda afegã estiveram unidades da Epagri (Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de SC) e Embrapa Suínos e Aves (Concórdia, SC). Em relação a possibilidade de repassar tecnologias em avicultura aos afegãos, o Chefe Geral da Embrapa Suínos e Aves, Dirceu Talamini afirmou que "temos condições de levar um modelo básico de produção de aves e ovos que permita diminuir a dependência externa do Afeganistão nesta área".

Na Embrapa Trigo (Passo Fundo, RS) os afegãos apontaram o trigo como elemento fundamental na cultura islâmica. "Sempre cultivamos trigo e contamos com estruturas de moagem privadas e estatais, com moinhos que oscilam dos mais tecnificados até a roda d' água. O pão está presente todos os dias na nossa mesa", explica Mohammad Sharif.

Segundo ele, o Afeganistão é tradicional produtor de trigo, mas as guerras civis causaram um atraso tecnológico no sistema. "Em 2008, foram mais de 5 milhões de hectares  com trigo no Afeganistão, distribuídos em praticamente todo o país, principalmente sob sistema irrigado. Contudo, o rendimento não ultrapassa 2.500 kg/ha", lembra Mohammad Sharif, comparando com o sistema de produção de trigo irrigado brasileiro, onde o rendimento chega a 7 mil kg/ha.

Na avaliação do Chefe Geral da Embrapa Trigo, Gilberto Cunha, a Ásia é o local de origem do trigo e o crescimento da cultura no Afeganistão só depende da retomada no investimento do governo na capacitação em pesquisa e extensão rural. No roteiro, a delegação visitou ainda a cooperativa Cotrijal (Não-Me-Toque, RS).

Outra alternativa de produção foi apresentada na Embrapa Uva e Vinho, com demanda da delegação por informações sobre a vitivinicultura e pesquisas com fruteiras de clima temperado, como uvas de mesa, maças e pera. A programação encerrou com visitas a vinícolas do Vale dos Vinhedos.

De acordo com o representante da Assessoria de Relações Internacionais da Embrapa, Osório Vilela Filho, a formalização de acordos de cooperação técnica ainda dependem dos governo dos dois país, mas o Afeganistão deixa o Brasil com maior clareza para projetar as demandas. "Muito mais do que treinamentos e capacitação vamos solicitar ao Brasil a instalação de um escritório da Embrapa no Afeganistão. Acreditamos que esse é o melhor caminho", conclui o Primeiro Vice-ministro, Mohammad Sharif.

Joseani Antunes (MTb 9693/RS)

Embrapa Trigo

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