23/06/09 |

Painel mostra casos de sucesso de sistemas silvipastoris

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Um dos painéis apresentados durante o primeiro dia de realização do VII Congresso Brasileiro de Sistemas Agroflorestais, em Luziânia, GO, teve como tema principal os sistemas silvipastoris. O painel contou com a apresentação de experiências positivas nos dois extremos do país: na região dos pampas, no Rio Grande do Sul, pelo pesquisador da Embrapa Florestas, Jorge Ribaski, e na região amazônica, no município de Itaituba, PA, pelo agricultor e técnico agrícola, Armando Miqueiros. Os sistemas silvipatoris se diferenciam dos outros por manterem árvores e arbustos como componentes dos sistemas de produção.

Segundo o pesquisador da Embrapa Florestas, uma das vantagens desses sistemas é que permitem a obtenção de dois ou mais produtos no mesmo espaço físico, o que significa mais geração de renda e emprego, com menos impacto ambiental.

A filosofia dos sistemas silvipastoris, como afirma Ribaski, é desenvolver plantios florestais para múltiplo uso. Ele apresentou um projeto desenvolvido com o apoio da Embrapa na região sudoeste do Rio Grande do Sul, fronteiriça com a Argentina e o Uruguai, em uma área de 5,5 milhões de hectares, que abrange quase 10 municípios.

Essa região possuía cerca de 25% dos solos arenosos, o que além de dificultar a produtividade propicia a erosão. Em 2000, os produtores procuraram a Embrapa em busca de soluções técnicas para diversificar a produção. A solução encontrada, de acordo com o pesquisador, foi a implantação de sistema silvipastoris que agregassem pecuária e produção florestal. Cada produtor possui uma área de, no máximo, 300 hectares. Foi feita uma análise-comparativa com base na área produtiva dessas propriedades, que totaliza 175 hectares, divididos em sete módulos de 25 hectares cada um.

A análise econômico-comparativa realizada na região mostrou que os sistemas silvipastoris são muito mais viáveis do ponto de vista econômico do que a pecuária extensiva. "A prova é que hoje está havendo uma conversão gradativa da pecuária extensiva para o plantio florestal", ressalta Ribaski.

Os sistemas silvipastoris integram pecuária e floresta e, por isso, permitem ao produtor obter ganhos com os rebanhos, além de material florestal de alto valor agregado. No trabalho realizado na região dos pampas, como explica o pesquisador, foram repassadas também aos produtores técnicas de manejo florestal, como desbaste e desrama, que resultam na poda e limpeza das toras. "Todas essas tecnologias integradas levam à obtenção de toras de madeira de alto valor comercial para fins mais nobres e não apenas para utilização energética", enfatiza Risbaski.

Nos sistemas silvipastoris, as plantas são cultivas em fileiras triplas, com corredores de, no mínimo, 14 metros para o gado, dependendo do interesse do produtor. Por isso, existem outras vantagens oferecidas por esses sistemas, entre as quais se destacam a obtenção de sombras, diminuindo o estresse dos animais ao calor ou frio e efeitos benéficos no controle de geadas.

Vantagens dos sistemas no Brasil de norte a sul

No outro extremo do Brasil, o produtor e técnico agrícola, Armando Miqueiros, apresentou o trabalho que vem desenvolvendo com sistemas silvipastoris no município de Itaituba, PA, região do Rio Tapajós, que é um dos afluentes do Rio Amazonas.Miqueiros integra produção de leite a sistemas silvipastoris em uma área de 37 hectares e apresentou durante o evento o sucesso que vem obtendo nessa atividade desde que se instalou na região há 25 anos. Hoje, o agricultor é um exemplo de sucesso, já que suas atividades englobam toda a cadeia produtiva do leite, desde a produção até a comercialização. Ele é o responsável por uma marca de laticínios, que engloba iogurtes, queijo e manteiga, comercializada no mercado e utilizada na merenda escolar.

Segundo o produtor: "Antigamente achava-se que as árvores roubavam os nutrientes das plantas. Hoje essa idéia já está ultrapassada e já se sabe que os sistemas silvipastoris representam uma opção muito viável do ponto de vista econômico e ambiental".

Além da sombra para os animais, esses sistemas permitem melhor aproveitamento da água das chuvas, diversificação de forragens em função das árvores e arbustos integrados ao sistema produtivo, além da produção sustentável de madeira, frutas, entre outros produtos.

Para resumir, Miqueiros afirma com muito orgulho, fruto de um trabalho de 25 anos: "O sistema silvipastoril combinado com o sistema rotacionado é a melhor forma de manter a sustentabilidade da pastagem, preservando a biodiversidade. Essa combinação permite multiplicar por três ou quatro vezes a produção de carne ou leite, sem a necessidade de desmatar", finaliza.

O VII Congresso Brasileiro de Sistemas Agroflorestais continua até a próxima sexta-feira, dia 26 de junho, e reúne especialistas nacionais e internacionais.

Fernanda Diniz (Mtb 4685/89/DF)Embrapa Recursos Genéticos e BiotecnologiaContato: (61) 9987-8410 ou (61) 3448-4113fernanda@cenargen.embrapa.br

Mais informações sobre o tema
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