A intoxicação do filho mais velho por agrotóxicos utilizados na lavoura de café da família transformou a esposa Jesuína Braga em produtora orgânica e líder comunitária defensora dos direitos da trabalhadora rural. A história comoveu participantes do VII Congresso Brasileiro de Sistemas Agroflorestais durante painel realizado nesta quarta-feira, 24. O evento realizado pela Embrapa e parceiros vai até amanhã(260,  no Centro de Treinamento Educacional da CNTI, em Luziânia (GO).

 "Foi preciso ver meu filho envenenado pra, como mulher, reagir", relata a agricultora que mora em Rio Branco/AC. Para manter a decisão de não alimentar mais a família com produtos cultivados com adubos químicos ou permitir que lidasse com o insumo na lavoura de café com o pai teve de pagar um preço alto. "Mas resgatei minha dignidade". Decidida, plantou uma horta no quintal de casa, para vencer a resistência do esposo, que não aceitava mudar o sistema de produção.

Protagonismo

Ao final do prazo de 90 dias que pediu ao marido, conseguiu colocar na mesa sete produtos oriundos da horta caseira, mas como o esposo resistisse a abandonar o uso de químicos na lavoura familiar, abandonou-o para seguir trajetória própria. "O sistema agroflorestal mudou minha vida", conta a agricultora que há oito anos vive da produção de orgânicos e ajuda a defender o protagonismo da mulher no campo.

A agricultora dividiu o painel do VIICBSAF que tratou sobre a abordagem de gênero em sistemas agroflorestais (SAFs) com a técnica da Emater/RS, Emma Siliprandi. Para ela, os extensionistas e pesquisadores precisam passar por um processo de reeducação que os ajude a abandonar preconceitos. Segundo avalia, a própria metodologia das pesquisas desenvolvidas no campo precisa ser repensada.

Reconhecimento

"Mulheres relatam que os técnicos passam por elas como se não existissem, embora peguem no pesado tanto quanto os companheiros", argumenta. Como líder do grupo de agricultores orgânicos e membro da associação Nossa Senhora de Fátima, que abriga tanto agricultores orgânicos como convencional, Jesuína faz a sua parte. "Estimulamos as mulheres a opinarem durante as reuniões e a, elas mesmas, levarem para a feira os produtos que cultivam", finaliza.

Para acompanhar a programação completa e as notícias sobre o VII Congresso Brasileiro de Sistemas Agroflorestais que segue até sexta feira, 26, basta acessar  www.embrapa.br/viicbsaf. O evento é promovido pela Sociedade Brasileira de Sistemas Agroflorestais e realizado pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), em parceria com a Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Distrito Federal (Emater/DF) e a organização não-governamental Mutirão Agroflorestal. A organização do VII CBSAF é da Embrapa Transferência de Tecnologia (Brasília/DF) e o evento conta com apoio da Embrapa Cerrados (Planaltina –DF), Embrapa Floresta (Colombo/PR) e da Embrapa Informação Tecnológica  (Brasília/DF).

Valéria Costa  (MTb. 15533/59/32 SP)Embrapa Transferência de TecnologiaContato: (61) 3448-4510 - Valeria.costa@embrapa.br