09/07/09 |

Consórcio faz balanço sobre a ferrugem da soja no Brasil

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A seca, que atingiu praticamente todos os estados brasileiros, na safra 2008/2009, foi muito mais prejudicial à soja do que a própria ferrugemasiática da soja. Os dados foram debatidos pelos participantes da reunião do Consórcio Antiferrugem, encontro que termina na  quinta-feira(9), em Londrina(PR).

Embora a Bahia e o Paraná tenham computado perdas de produtividade, em função da ferrugem, na maioria dos estados não houve perdas significativasprovocadas pela doença, afirma a pesquisadora da Embrapa Soja, Cláudia Godoy, coordenadora da reunião do Consórcio Antiferrugem. "Por isso, oConsórcio Antiferrugem levantou apenas os valores investidos para o controle químico da doença, na safra 2008/2009, ou seja, média aproximada de R$ 2,8 bilhões ou U$1,5 bilhão, considerando o valor médio de U$30 por aplicação/hectare e média nacional de 2,4 aplicações/hectare", avalia Cláudia.

Segundo ela, na safra passada, o Consórcio contabilizou média de U$ 1,97 bilhões para o controle químico da doença, com custo médio de U$43aplicação/hectare e média de 2,2 aplicação/hectare. "Para considerar esta diferença, precisamos computar algumas variáveis como o câmbio,custo dosprodutos, custa aplicação, entre outras".

Ainda de acordo com sua análise, apesar do número de focos registrados pelo Consórcio Antiferrugem ter saltado de 2106 para 2884, na safra 2008/2009, a agressividade da doença foi menor do que na safra passada", analisa. "A análise que fazemos é que a nossa rede está muito mais rápida e eficiente para identificar e relatar o número de focos", diz apesquisadora.

A rede formada pelo Consórcio reúne mais de 100 profissionais de 17 estados brasileiros. O pesquisador Luiz Henrique Carregal, da Universidade de Rio Verde (Fersurv) apresentou informações sobre a situação da ferrugem no Centro-Oeste brasileiro (MT, MS, GO, DF), que cultivou 9,9 milhões dos 21 milhões de hectares de soja brasileiros.

A produção da região foi de 29.137 milhões de toneladas. A previsão de produtividade era de 51,20sacas por hectare, mas foram colhidas 49,05 sacas/ha."É muito difícil creditar esta queda de rendimento só a ferrugem. Houve muito maisinfluência climática", defende.

Segundo ele, o grupo químico mais usado foi a mistura de estrobilurinas e trizóis. O número médio de aplicações na região variou entre 1,8 e 4, comuma média de 2,5 aplicações, por hectare. "Gostaria de recomendar aos produtores não utilizar o mesmo produto comercial, em mais de duas aplicações, na mesma safra. Apesar de não termos dados conclusivos,percebemos que a utilização do mesmo produto pode interferir na seleção de populações de fungos menos sensíveis aos fungicidas", alerta Carregal.

No levantamento apresentando pelo pesquisador, o custo para controle da doença variou entre 2,5 e 3 sacas por hectare (entre R$100 e R$120,00considerando o valor de R$ 40,00 a saca). Ou seja, a região gastou uma média de R$990 milhões para controlar a ferrugem. "A evolução da doençafoi lenta nos primeiro cultivos, principalmente em decorrência da estiagem na região e do vazio sanitário (período sem plantio de soja na entressafraque varia de 60 a 90 dias, dependendo do estado). Vale destacar que o vazio sanitário é fundamental para reduzir a presença do fungo que causa a ferrugem da soja".

Na região Sul e Sudeste (PR, RS, SP, MG) foram cultivados 9,1 milhões de hectares, com média de produtividade de 36,83 sacas por hectare, noParaná; 36,83 sc/ha, no RS; e 41 sc/ha, em São Paulo.  "No Rio Grande do Sul, por exemplo, houve redução de 21% na produtividade, mas principalmente em função da estiagem", avalia a pesquisador Silvânia Furlan, do Instituto Biológico.

Segundo ela, o Paraná, segundo maior produtor de soja do Brasil, atrás do Mato Grosso, cultivou sozinho 4 milhões de hectares. A previsão de produtividade no estado era de 49,83 sc/ha, mas foram colhidos 38,95sc/ha. "Podemos dizer os produtores perderam 4,7% de rendimento em decorrência da ferrugem da soja". Além disso, no Paraná, os produtores fizeram, uma média, de 1,8 aplicações para controlar a ferrugem.

Considerando o gasto de R$52,20/aplicação/hectare, os produtores paranaenses gastaram R$ 375 milhões com a aplicação de fungicidas. Na Bahia, as perdas com ferrugem ocorreram de forma isolada. Enquanto namaioria dos estados brasileiros houve seca, a Bahia que cultivou 982 mil hectares de soja, não via tanta chuva nos últimos 20 anos, informou a pesquisadora Mônica Martins, da Fundação Bahia. Em novembro, ocorreram chuvas em 20 dias no mês, com média de 480 mm a 500 mm, dificultando a semeadura.

Por outro, informou ela, não ocorreram os tradicionaisveranicos em dezembro e janeiro, e, em março e abril – época de colheita -, voltou a chover cerca de 20 dias em cada mês. "Além do clima estar favorável para a proliferação da ferrugem, havia dificuldade para entrarcom as máquinas para aplicar fungicidas.E na hora de colher na parava de chover. Para piorar alguns produtos tiveram menor eficiência", diz.

Para controlar a doença, os produtores baianos gastaram R$104 milhões. A pesquisadora relatou que a grande quantidade de ferrugem presente noestado resultou num número muito alto de aplicações para controle da doença: média de 4,2 aplicação/hectare, com valor estimado em R$25,00/aplicação.

Segundo relato apresentado pela pesquisadora Mônica Martins, da Fundação Bahia, a ferrugem não foi problema econômico no Maranhão, Piauí eTocantins.

Sobre a ferrugem asiática da soja

A ferrugem asiática é uma das principais doença da soja pelo seu alto potencial destrutivo. Constatada inicialmente em 2001 no Brasil, a ferrugem asiática rapidamente se disseminou e, nas últimas safras, foiidentificada em quase todas as regiões produtoras de soja do país.

Plantas severamente infectadas apresentam desfolha precoce, o que impede a completa formação dos grãos, com consequente redução da produtividade. As perdas em grãos, ocasionadas pela ferrugem, vêm diminuindo nos últimos anos, mas ainda ocorrem. A aplicação de fungicidas, cultivares de soja resistentes e o vazio sanitário são hoje as principais ferramentas demanejo da doença para reduzir perdas.

Lebna Landgraf (MTb 2903)Embrapa SojaContatos: (43) 3371-6061lebna@cnpso.embrapa.br

Mais informações sobre o tema
Serviço de Atendimento ao Cidadão (SAC)
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