Dia de campo em comemoração de 34 anos de pesquisa no Amazonas
Dia de campo em comemoração de 34 anos de pesquisa no Amazonas
Como parte das comemorações pelos seus 34 anos de atuação no Amazonas, a Embrapa Amazônia Ocidental, unidade da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, realiza dia de campo na terça-feira( 1) para apresentar as novas cultivares de feijão-caupi que tem recomendação técnica para plantio em terra-firme e várzea no Estado do Amazonas, com características de alta produtividade, resistência a doenças e maior valor nutricional.
O evento acontece das 8h às 12h no campo experimental da Embrapa, no Km 29 da rodovia AM-010, tendo como convidados agricultores, técnicos de extensão rural, estudantes, professores, imprensa, governo, agências de fomento e demais agentes envolvidos no setor agrícola.
As novas cultivares recomendadas para terra firme no Estado do Amazonas são: BRS Xique-xique, BRS Nova Era, BRS Guariba e BRS Tracuateua. Para a várzea, além destas quatro cultivares, é recomendada também a BRS Paraguaçu.
Cultivares
Cultivares são plantas selecionadas, com características de interesse tais como produtividade e resistência a doenças, e que podem manter essasqualidades ao serem reproduzidas nas condições de manejo indicadas. Por isso, a utilização de cultivares com recomendação técnica dá ao agricultor mais chances de viabilizar seu plantio.
O feijão-caupi é aquele utilizado no "baião-de-dois" e no Amazonas é conhecido como feijão de praia, por ser cultivado nas várzeas pelos ribeirinhos, principalmente da região dos rios Purus e Madeira. No norte enordeste do Brasil esse tipo de feijão é típico da agricultura familiar, por ser rústico, com pouca exigência de insumos e baixo custo de produção.
Resultados de pesquisas da Embrapa Amazônia Ocidental, que serão mostrados no dia de campo, indicam que é possível aumentar as produtividades dessa cultura em várzea e em terra firme no Amazonas.
O pesquisador da Embrapa Amazônia Ocidental, José Ricardo Pupo, que trabalha com a cultura do feijão-caupi, informou que nos plantios experimentais da Embrapa, em terra firme com uso de adubação e técnicas de manejo, a BRS Xique-xique rendeu 800 quilos por hectare (Kg/ha), a BRS Nova Era 900 Kg/ha e a BRS Guariba 1.400 (Kg/ha), quando normalmente o feijão-caupi em terra firme tem produtividade em torno de 300 Kg/ha.
Pupo informou que a BRS Guariba é uma das cultivares mais promissoras, pois se adaptou muito bem em terra firme no Amazonas e já tem preferência na exportação para países como Índia e Egito.
No dia de campo serão mostrados os plantios experimentais com um total de nove cultivares de feijão-caupi, com diversos tipos de espaçamento e demanejo. O evento conta com a parceria do Instituto de Desenvolvimento Agropecuário e Florestal Sustentável (Idam) e recursos do Programa de Fortalecimento e Crescimento da Embrapa – PAC Embrapa.
A programação inclui palestras em que serão abordados os temas: Manejo e preparo do solo, com o pesquisador José Roberto Fontes e o técnico AntônioSabino Neto; Aspectos nutricionais da cultura do feijão-caupi, com o pesquisador José Ricardo Pupo; Manejo integrado de plantas daninhas, com José Roberto Fontes; e Cultivares de feijão-caupi para terra firme, com pesquisadores da Embrapa e o agrônomo Pedro Barros, do Idam.
"Comemorar o aniversário de 34 anos da Embrapa no Amazonas com Dia de Campo é uma forma de compartilhar com clientes e parceiros, as tecnologiasgeradas pela pesquisa e disponibilizadas ao setor agrícola do Estado", afirma a chefe adjunta de Comunicação e Negócios da Embrapa AmazôniaOcidental, Mirza Pereira.
Novas cultivares permitem aumentar produtividade
Na várzea, onde as variedades tradicionais de feijão de praia rendem de 800 a 900 Kg/ha, as pesquisas da Embrapa Amazônia Ocidental indicam que pode se aumentar essa produtividade para 900 e 1.500 Kg/ha, com ajustes adequando espaçamento de plantio e uso de cultivares recomendadas, como a BRS Xique-xique, BRS Guariba, BRS Paraguaçu, BRS Tracuateua e BRS Nova Era.
O pesquisador da Embrapa Amazônia Ocidental, José Ricardo Pupo, explica que a recomendação técnica de cultivares para várzea e terra firme leva emconsideração não apenas a produtividade obtida nos testes, mas também aspectos como porte da planta, tipo de grão e a adaptação às características de cada ambiente e a resistência a doenças.
Por exemplo, para a várzea foram selecionadas plantas de feijão que, além de produtivas, toleram o encharcamento e as doenças favorecidas por esseambiente. Para a terra firme, se deu preferência a plantas que se desenvolvem em solos mais ácidos e com menor teor de fósforo e tolerem o estresse hídrico (pouca água).
Em relação à adubação também há diferenças de orientações para várzea e terra firme. Os solos de várzeas, principalmente dos rios de água barrenta, são muito férteis, ricos em cálcio, magnésio e fósforo. Porisso, o cultivo de feijão na várzea não precisa desses insumos e nem de calcário, mas precisam do nitrogênio. Já na terra firme, onde os solos sãoácidos e têm baixíssimos teores de cálcio, magnésio e fósforo, então é preciso fazer a correção da acidez com calcário, além da adubação para suplementação dos nutrientes.
Feijão biofortificado se adaptou a várzea e terra-firme
Entre as novas cultivares de feijão-caupi da Embrapa, os agricultores do Amazonas passam a contar também com a BRS Xique-xique, diferenciada pelo alto teor de ferro e zinco. Esses minerais são importantes para a saúde em geral e para o desenvolvimento de crianças e gestantes, pois sua deficiência no organismo causa anemia e retardo no crescimento.
A cultivar de feijão BRS Xique-xique possui 77 mg de ferro e 53 mg de zinco por quilo, duas vezes mais que os demais feijões. É um dos alimentos biofortificados, trabalhados pela Embrapa junto a uma rede de instituições de pesquisa, no programa HarvestPlus e AgroSalud, com objetivo de combater a fome e desnutrição na América Latina, Caribe, Ásia e África. O programa desenvolve ações para fortalecer nutricionalmente alimentos mais consumidos pelos pobres.
A Embrapa Agroindústria de Alimentos (Rio deJaneiro-RJ) coordena as atividades desse programa na América Latina e África. O melhoramento do feijão-caupi foi coordenado pela Embrapa MeioNorte(Teresina-PI), com lançamento no ano de 2008.Os testes de adaptação do BRS Xique-xique às condições do Amazonas foram feitos pela Embrapa Amazônia Ocidental e apresentaram bons resultadostanto para várzea quanto para terra firme, afirma o pesquisador José Ricardo Pupo.
O pesquisador destaca que pelas suas propriedadesnutracêuticas, a cultivar de feijão BRS Xique-xique é um importante produto para ser incluído em programas de segurança alimentar. A biofortificação do feijão é feita pelo processo de melhoramento genético convencional, ou seja os pesquisadores selecionam, entre as variedades de uma mesma planta, aquelas que têm naturalmente taxas elevadas dos nutrientes de interesse e são feitos cruzamentos com variedades que tenham alto rendimento. Durante anos são feitos cruzamentos e plantios de teste em diferentes locais, análise de dados, até se obter os melhores resultados.
Embrapa Amazônia OcidentalSíglia Regina – Jornalista (066 MTb-AM)siglia.regina@cpaa.embrapa.brContatos:: (92) 3303-7852 fax (92) 3303-7800
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