28/08/09 |

Dia de campo em comemoração de 34 anos de pesquisa no Amazonas

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Como parte das comemorações pelos seus 34 anos de atuação no Amazonas, a Embrapa Amazônia Ocidental, unidade da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, realiza dia de campo na terça-feira( 1)  para apresentar as novas cultivares de feijão-caupi que tem recomendação técnica para plantio em terra-firme e várzea no Estado do Amazonas, com características de alta produtividade, resistência a doenças e maior valor nutricional.

O evento acontece das 8h às 12h no campo experimental da Embrapa, no Km 29 da rodovia AM-010, tendo como convidados agricultores, técnicos de extensão rural, estudantes, professores, imprensa, governo, agências de fomento e demais agentes envolvidos no setor agrícola.

As novas cultivares recomendadas para terra firme no Estado do Amazonas são: BRS Xique-xique, BRS Nova Era, BRS Guariba e BRS Tracuateua. Para a várzea, além destas quatro cultivares, é recomendada também a BRS Paraguaçu.

Cultivares

Cultivares são plantas selecionadas, com características de interesse tais como produtividade e resistência a doenças, e que podem manter essasqualidades ao serem reproduzidas nas condições de manejo indicadas. Por isso, a utilização de cultivares com recomendação técnica dá ao agricultor mais chances de viabilizar seu plantio.

O feijão-caupi é aquele utilizado no "baião-de-dois" e no Amazonas é conhecido como feijão de praia, por ser cultivado nas várzeas pelos ribeirinhos, principalmente da região dos rios Purus e Madeira. No norte enordeste do Brasil esse tipo de feijão é típico da agricultura familiar, por ser rústico, com pouca exigência de insumos e baixo custo de produção.

Resultados de pesquisas da Embrapa Amazônia Ocidental, que serão mostrados no dia de campo, indicam que é possível aumentar as produtividades dessa cultura em várzea e em terra firme no Amazonas.

O pesquisador da Embrapa Amazônia Ocidental, José Ricardo Pupo, que trabalha com a cultura do feijão-caupi, informou que nos plantios experimentais da Embrapa, em terra firme com uso de adubação e técnicas de manejo, a BRS Xique-xique rendeu 800 quilos por hectare (Kg/ha), a BRS Nova Era  900 Kg/ha e a BRS Guariba  1.400 (Kg/ha),  quando normalmente o feijão-caupi em terra firme tem produtividade em torno de 300 Kg/ha.

Pupo informou que a BRS Guariba é uma das cultivares mais promissoras, pois se adaptou muito bem em terra firme no Amazonas e já tem preferência na exportação para países como Índia e Egito.

No dia de campo serão mostrados os plantios experimentais com um total de nove cultivares de feijão-caupi, com diversos tipos de espaçamento e demanejo. O evento conta com a parceria do Instituto de Desenvolvimento Agropecuário e Florestal Sustentável (Idam) e recursos do Programa de Fortalecimento e Crescimento da Embrapa – PAC Embrapa.

A programação inclui palestras em que serão abordados os temas: Manejo e preparo do solo, com o pesquisador José Roberto Fontes e o técnico AntônioSabino Neto; Aspectos nutricionais da cultura do feijão-caupi, com o pesquisador José Ricardo Pupo; Manejo integrado de plantas daninhas, com José Roberto Fontes; e Cultivares de feijão-caupi para terra firme, com pesquisadores da Embrapa e o agrônomo Pedro Barros, do Idam.

"Comemorar o aniversário de 34 anos da Embrapa no Amazonas com Dia de Campo é uma forma de compartilhar com clientes e parceiros, as tecnologiasgeradas pela pesquisa e disponibilizadas ao setor agrícola do Estado", afirma a chefe adjunta de Comunicação e Negócios da Embrapa AmazôniaOcidental, Mirza Pereira.

Novas cultivares permitem aumentar produtividade

Na várzea, onde as variedades tradicionais de feijão de praia rendem de 800 a 900 Kg/ha, as  pesquisas da Embrapa Amazônia Ocidental indicam que pode se aumentar essa produtividade para 900 e 1.500 Kg/ha, com ajustes adequando espaçamento de plantio e uso de cultivares recomendadas, como a BRS Xique-xique, BRS Guariba, BRS Paraguaçu, BRS Tracuateua e BRS Nova Era.

O pesquisador da Embrapa Amazônia Ocidental, José Ricardo Pupo, explica que a recomendação técnica de cultivares para várzea e terra firme leva emconsideração não apenas a produtividade obtida nos testes, mas também aspectos como porte da planta, tipo de grão e a adaptação às características de cada ambiente e a resistência a doenças.

Por exemplo, para a várzea foram selecionadas plantas de feijão que, além de produtivas, toleram o encharcamento e as doenças favorecidas por esseambiente. Para a terra firme, se deu preferência a plantas que se desenvolvem em solos mais ácidos e com menor teor de fósforo e tolerem o estresse hídrico (pouca água).

Em relação à adubação também há diferenças de orientações para várzea e terra firme. Os solos de várzeas, principalmente dos rios de água barrenta, são muito férteis, ricos em cálcio, magnésio e fósforo. Porisso, o cultivo de feijão na várzea não precisa desses insumos e nem de calcário, mas precisam do nitrogênio. Já na terra firme, onde os solos sãoácidos e têm baixíssimos teores de cálcio, magnésio e fósforo, então é preciso fazer a correção da acidez  com calcário, além da adubação para suplementação dos nutrientes.

Feijão biofortificado se adaptou a várzea e terra-firme

Entre as novas cultivares de feijão-caupi da Embrapa, os agricultores do Amazonas passam a contar também com a BRS Xique-xique, diferenciada pelo alto teor de ferro e zinco. Esses minerais são importantes para a saúde em geral e para o desenvolvimento de crianças e gestantes, pois sua deficiência no organismo causa anemia e retardo no crescimento.

A cultivar de feijão BRS Xique-xique possui 77 mg de ferro e 53 mg de zinco por quilo, duas vezes mais que os demais feijões. É um dos alimentos biofortificados, trabalhados pela Embrapa junto a uma rede de instituições de pesquisa, no programa HarvestPlus e AgroSalud, com objetivo de combater a fome e desnutrição na América Latina, Caribe, Ásia e África. O programa desenvolve ações para fortalecer nutricionalmente alimentos mais consumidos pelos pobres.

A Embrapa Agroindústria de Alimentos (Rio deJaneiro-RJ) coordena as atividades desse programa na América Latina e África. O melhoramento do feijão-caupi foi coordenado pela Embrapa MeioNorte(Teresina-PI), com lançamento no ano de 2008.Os testes de adaptação do BRS Xique-xique às condições do Amazonas foram feitos pela Embrapa Amazônia Ocidental e apresentaram bons resultadostanto para várzea quanto para terra firme, afirma o pesquisador José Ricardo Pupo.

O pesquisador destaca que pelas suas propriedadesnutracêuticas, a cultivar de feijão BRS Xique-xique é um importante produto para ser incluído em programas de segurança alimentar. A biofortificação do feijão é feita pelo processo de melhoramento genético convencional, ou seja os pesquisadores selecionam, entre as variedades de uma mesma planta, aquelas que têm naturalmente taxas elevadas dos nutrientes de interesse e são feitos cruzamentos com variedades que tenham alto rendimento. Durante anos são feitos cruzamentos e plantios de teste em diferentes locais, análise de dados, até se obter os melhores resultados.

Embrapa Amazônia OcidentalSíglia Regina – Jornalista (066 MTb-AM)siglia.regina@cpaa.embrapa.brContatos:: (92) 3303-7852 fax (92) 3303-7800

Mais informações sobre o tema
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