19/11/09 |

Controle biológico na produção orgânica é tema de painel

Informe múltiplos e-mails separados por vírgula.

O controle biológico foi destaque durante o segundo dia de atividades do I Simpósio sobre Produção Orgânica: Frutas e Hortaliças e o I Seminário Técnico Internacional em Agroecologia, evento que termina na quinta-feira (19), na Embrapa Clima Temperado.

O pesquisador da Embrapa Meio Ambiente, Marcelo Augusto Boechat Morandi, enfocou a utilização do controle biológico para doenças, ou seja, o uso de microorganismos benéficos para reduzir ou eliminar a população de  patógenos, tais como fungos e bactérias.

Para esclarecer o assunto, Marcelo exemplificou o uso de controle biológico de doenças nas lavouras de feijão, para combate da Rhizoctonia, entre outras doenças, através do uso de Trichoderma, um fungo benéfico que vive no solo e consegue controlar alguns outros fungos que atuam nesse mesmo ambiente e que causam as doenças.

Também abordou a utilização do fungo Clonostachys, para o controle do mofo cinzento em morangos e outras plantas ornamentais. Segundo ele, a Embrapa tem desenvolvido tanto sistemas de cultivo mais adequados a estimular naturalmente esses organismos benéficos, por meio de manejo adequado da cultura, quanto feito pesquisas para o desenvolvimento de produtos ou insumos, com base nesses organismos para aplicação no campo.

"Muitas vezes na agricultura convencional os problemas são oriundos dos desequilíbrios ambientais, provocados pela aplicação de agroquímicos. Porém, é preciso estar alerta para os riscos de desequilíbrio que podem vir a ocorrer na produção orgânica, caso o manejo com controle biológico não seja feito de forma adequada", enfatiza. Ele destacou ainda a importância de se buscar novos modelos de produção que sejam mais sustentáveis tanto para o sistema orgânico quanto para a melhoria dos sistemas convencionais de cultivo.

Finalmente, a professora da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Louise Larissa May De Mio, falou sobre manejo para combater a Queima Floral e a Podridão Parda, ambas causadas pela o fungo Monilinia fructicola, utiliza-se o Trichothecium roseum, que deve ser aplicado três vezes ao longo da safra, pulverizando-se o fungo sobre as plantas nas fases de maior suscetibilidade a doença, ou seja, durante a floração, após a abertura das flores e novamente na pré-colheita e durante a colheita.

Entretanto, ela explica que a utilização desse produto ainda não está disponível, apesar da pesquisa já ter comprovado sua eficiência no campo e na pós-colheita, pois depende do processo de registro junto ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA). "Para isso, é preciso realizar testes toxicológicos que estão em fase inicial de pesquisa, através de parceria entre a UFPR e a Embrapa", salientou.

Ela explicou ainda que no campo, o sucesso do controle biológico depende da capacidade do microorganismo controlador se adaptar ao ambiente. "Esses microorganismos devem permanecer vivo no meio ambiente resistindo às diferentes condições de temperatura, luminosidade, a competição por alimentos, entre outros fatores", explica Louise.

Louise ressaltou que dentro da agricultura orgânica são poucas as estratégias de controle da doença, dentre elas destaca-se a utilização de calda bordalesa durante o inverno e a remoção de partes doente das plantas do pomar, como cancros e frutos doentes ou já mumificados presos a planta. "Até  que o uso de Trichothecium roseum obtenha o registro, os produtores podem utilizar a trabalhosa técnica de ensacamento dos frutos, como opção viável de obter um fruto sadio, que deve ser feita logo após o raleio (redução do numero de frutos por árvore)", explica. 

Christiane Rodrigues Congro – Mtb-SC 00825/9 Colaboração: Giulliane Viêgas (estagiária)Embrapa Clima Temperado Contatos: (53) 3275-8113 - congro@cpact.embrapa.br

Mais informações sobre o tema
Serviço de Atendimento ao Cidadão (SAC)
www.embrapa.br/fale-conosco/sac/