28/12/09 |

Evento avalia vantagens do consórcio de leguminosa e gramíneas para o ambiente e a pecuária

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Na quarta-feira  (6) a Embrapa Semiárido e a Universidade da Filadélfia (USA) realizarão o II Workshop sobre Alternativas Tecnológicas para Convivência com o Semiárido. O evento é organizado para agricultores familiares, assentados de reforma agrária e técnicos com atividades vinculadas à extensão rural em organizações não governamentais e instituições públicas da Bahia e de Pernambuco.

Os pesquisadores destas instituições vão dar ênfase, no evento, ao cultivo consorciado de três espécies forrageiras: guandu, sorgo e milheto. As duas primeiras são bem conhecidas dos agricultores da região dependente de chuva no Nordeste. No entanto, nos sistemas de produção mais comuns da região são cultivadas de forma isolada. Perdem, assim, os benefícios que a interação entre essas espécies proporcionam tanto ao solo quanto na produção de forragem.

Essencial

Segundo o engenheiro agrônomo, Francisco Pinheiro de Araújo, pesquisador da Embrapa Semiárido, as gramíneas (sorgo e milheto) e a leguminosa (guandu) têm características que, ao serem cultivadas juntas, se ajudam mutuamente a crescerem no ambiente quente e seco, e de chuvas irregulares, do sertão nordestino.

Ele explica que o guandu explora melhor o solo devido à capacidade de suas raízes buscarem maiores quantidades de nutrientes nas camadas mais profundas da área onde está cultivado. Além do mais, esta espécie é capaz de absorver, de forma biológica, o nitrogênio (N) que existe na atmosfera e o deixa disponível no solo para as gramíneas o absorverem. O nitrogênio é um nutriente essencial para o crescimento das plantas, afirma.

Outra vantagem apontada pelo pesquisador é que, como o guandu e as gramíneas crescem em ritmos diferentes, elas mantêm o solo sempre com cobertura vegetal. Isto tem um efeito ambiental importante, pois evita que as chuvas ao escorrerem, carreguem os nutrientes da área plantada. Esta é uma situação de grande impacto no semiárido, onde, em geral, os solos são pouco férteis e rasos.

Forragem

De acordo com Francisco Pinheiro, o guandu é uma espécie hábil em produzir em solos com déficit hídrico e de baixa fertilidade. O teor de proteína e de fibra bruta na massa seca das folhas dessa planta é estimado em 22% e 42%, respectivamente. São características que apontam a leguminosa como forrageira de alta qualidade para ampliar os níveis de produção e de sustentabilidade dos sistemas de criação pecuária do sertão nordestino, garante.

Misturados às gramíneas, milheto e sorgo compõem uma forragem com maior índice de proteína e de palatabilidade, além de uma ração bastante melhorada. O II Workshop vai avaliar as vantagens de consorciar as espécies. O pesquisador da Embrapa Semiárido considera que dessa forma o agricultor da caatinga vai ter disponível essa forragem que evita, no verão, a necessidade de adquirir alimentos concentrados, como grãos e farelos de oleaginosas, para suprir a dieta dos rebanhos.

Na programação do II Workshop, está prevista uma palestra de Francisco Pinheiro sobre "Alternativas tecnológicas para a convivência com o semiárido", e outra da professora Rosa Guedes, da Universidade da Filadélfia, acerca de "O cultivo consorciado de guandu, sorgo e milheto". Em outra parte do evento, os participantes visitarão uma área de demonstração de tecnologias de convivência com o semiárido da Embrapa.

Eles também irão conhecer a fazenda Marizinho, no município de Lagoa Grande (PE), onde um trabalho baseado em métodos participativos tem apoiado testes de adaptação de várias tecnologias às condições econômicas de pequenos agricultores.

Contato:

Francisco Pinheiro de Araújo – pesquisador; pinheiro@cpatsa.embrapa.br;

Rosa Guedes – pesquisadora/Universidade da Filadélfia; GuedesR@philau.edu

Marcelino Ribeiro – jornalista; marcelrn@cpatsa.embrapa.br

Gilberto Pires - Área de Comunicação; gpires@cpatsa.embrapa.br

Embrapa Semiárido – 87 3862 1711

Mais informações sobre o tema
Serviço de Atendimento ao Cidadão (SAC)
www.embrapa.br/fale-conosco/sac/