Uma unidade demonstrativa de saneamento rural em propriedades leiteiras de base familiar foi implantada em Lima Duarte – MG. A ação faz parte do projeto Monitoramento de Recursos Hídricos iniciando no ano passado pela Embrapa Gado de Leite em parceria da Emater-MG e IEF. O projeto conta com recursos da Embrapa, do CNPq e da Fapemig.

A unidade demonstrativa se fundamenta na fossa séptica biodigestora, uma tecnologia desenvolvida pela Embrapa para enfrentar um grave problema do agronegócio brasileiro: não há um programa público efetivo de saneamento rural no país. Segundo a ONU, a cobertura de saneamento nas áreas rurais no Brasil é pior do que em alguns países africanos e asiáticos.

"A fossa séptica biodigestora implantada na unidade demonstrativa tem capacidade de resolver esse problema a um custo baixo", explica o pesquisador da Embrapa Gado de Leite, Marcelo Otenio. "A instalação da fossa biodigestora é simples e o custo total do equipamento não chega a mil reais. Os benefícios para a qualidade da água na região e a saúde das pessoas são incalculáveis", afirma.

A expectativa é que mais três unidades demonstrativas sejam implantadas em breve na Zona da Mata mineira e no Sul de Minas. As unidades servirão de modelo para outras propriedades e, por meio de palestras e dias de campo que reúnam outros produtores, poderão ser multiplicadas nas regiões.

Monitores ambientais

A instalação das unidades demonstrativas é uma ação complementar ao treinamento de jovens de dez municípios mineiros que realizaram o monitoramento das águas dos rios que banhavam suas comunidades rurais onde vivem.

Segundo Marcelo Otenio  a intenção era que os jovens se tornassem uma referência em preservação dos recursos hídricos e meio ambiente e contribuíssem para garantir sustentabilidade da atividade agropecuária.Cada um dos monitores (de 15 a 17 anos)  recebem mensalmente uma bolsa de 100 reais. O valor é depositado na conta de cada monitor e segundo Otenio, é um reconhecimento pela participação deles em um projeto científico.

O monitoramento da água é feito sempre no mesmo ponto do rio, a cada 15 dias. E os jovens utilizam um kit para aferir parâmetros físico-químicos e microbiológicos de qualidade do recurso hídrico. O equipamento, que ganharam após um período de capacitação realizado na Embrapa Gado de Leite , possibilita a análise completa da água, conforme determina a Portaria 357 do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama). Os dados coletados são colocados em um formulário e enviados aos escritórios locais da Emater-MG e encaminhados para Embrapa, que estuda  as condições dos rios.

Nos 7 e 8 de setembro haverá um workshop na Embrapa Gado de Leite com todos os envolvidos no projeto. O objetivo é classificar os rios de acordo com a qualidade da água e comparar com dados de cobertura vegetal e exploração agropecuária com dados coletados pelos jovens de cada ponto avaliado.