A presidente da Associação dos Agricultores Familiares da Serra dos Paus Doias (Agrodóia), Maira Silvanete Benedito, enviou correspondência para a Embrapa Instrumentação (São Carlos – SP) destacando a importância do trabalho realizado pela Embrapa na comunidade que fica em Exu (PE). As ações, realizadas desde 2014, contam com a participação também da Embrapa Agroindustrial Tropical e da Embrapa Algodão. Ao todo, 80 famílias foram beneficiadas com o trabalho agroecológico realizado na região.
As ações começaram em novembro de 2014, quando o coordenador geral da Agrodoia, Vilmar Lermen convidou a Embrapa Agroindústria Tropical para fazer análise sensorial do licor de camburi, elaborado pela agroindústria da região.  
Junto com parceiros do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará –IFCE (campus Crato-CE) foi realizado um levantamento etnográfico da região para analisar as plantas da região e seus potenciais. “Também realizamos uma oficina para que a agroindústria criada na região do Exu atendesse as normas sanitárias”, diz o pesquisador da Embrapa Agroindústria Tropical, Ênio Girão.
Em 2015 a região foi contemplada com um curso prático para construção de uma fossa séptica biodigestora, um sistema barato e eficiente para livrar o produtor de doenças e ainda ajudá-lo no cultivo de suas lavouras. A fossa séptica biodigestora, além de evitar a contaminação do lençol freático, produz um adubo orgânico líquido que pode ser utilizado em hortas e pomares.

Veja carta

"Oficio 10/2017                                                                                                                        Exu-PE, 01 de Maio de 2017.

Para: EMBRAPA INSTRUMENTAÇÃO – São Carlos - SP
A/C: Renato Marmo – Pesquisador

    Prezado Senhor,
    Vimos por meio deste comunicar-lhe que a experiência de uso do efluente(biofertilizante) da Fossa Séptica Biodigestora, implantada em nossa Agroindústria, por meio da Parceria da Embrapa Instrumentação, com apoio da Embrapa Agroindústria Tropical e Embrapa Algodão, vem funcionando bem e o efluente está sendo utilizado na adubação de frutíferas exóticas e nativas no ecossistema denominado de Carrasco, na Chapada do Araripe, no município de Exu-PE.
    Os resultados ainda são preliminares, mas, como a tecnologia foi implantada em dezembro de 2015, e a agroindústria vem sendo concluída/adequada à legislação sanitária vigente e seu funcionamento vem sendo dinamizado de acordo com a safra dos produtos locais. Dentre esses resultados, podemos destacar uma maior sanidade nas espécies em que foi aplicado o biofertilizante no tronco das mesmas. Bem como, uma maior floração e frutificação. A graviola é a fruta com maior destaque no momento. Mas, outras espécies como a pinha, a goiaba, citros, tamarindo, umbu da Caatinga, murta, cambuí, ingá, oiti, jaca, romã, nêspera, abacate, condessa, pequi e outras, vem sendo testadas o uso do efluente. Também aplicamos no urucum e estamos aguardando o resultado da produção.
    A AGRODÓIA recebe por ano em torno de 2.500 pessoas que visitam a experiência da entidade e das famílias associadas. Neste público, temos agricultores/as, estudantes, pesquisadores e entidades da sociedade civil e órgãos de governo. Esse público vem da região do Araripe pernambucano e do Cariri Cearense em especial. Mas, muitos vêm da região Nordeste e de outras regiões do Brasil. Além de um aumento do número de visitantes estrangeiros de diversos continentes.
    Nossa parceria também se dá com outras entidades e órgãos de governo nos diferentes campos de atuação, desde a produção agroflorestal agroecológica e extrativista, beneficiamento e comercialização da produção. Atuamos fortemente na capacitação das famílias locais e provocamos uma interação com o público visitante das experiências locais na perspectiva de difusão das mesmas para outras famílias e comunidades.
Nossa meta é expandirmos esta e outras tecnologias para outras famílias da comunidade. Para grupos de outras comunidades do município e do território. Para isso, buscamos manter relações de cooperação com parceiros nas diferentes esferas e sempre procuramos inovar e continuarmos pesquisando.

Um abraço e sucesso nos trabalhos e pesquisas.
Maria Silvanete Benedito de Sousa Lermen
Presidenta da AGRODÓIA"