Março/2012 - 2ª semana - Região Nordeste/Vale do Jequitinhonha

O controle seletivo contra as verminoses em caprinos e ovinos no Semiárido é a principal alternativa que a Embrapa tem utilizado para combater aquele que é um dos problemas mais graves dos sistemas de produção. As verminoses podem provocar queda na produção de leite e carne, perda de peso, redução da fertilidade, entre outros prejuízos aos produtores rurais.

Para efetuar o controle seletivo, os produtores de caprinos e ovinos devem ficar atentos aos critérios para um tratamento correto e os cuidados com aplicação da medicação. O uso do método Famacha é a ferramenta mais indicada e de baixo custo para selecionar os animais do rebanho que realmente necessitam de medicamentos. Por meio do exame da cor da mucosa do olho, o produtor pode verificar quais animais estão com anemia – um indicador de verminose, pois os parasitas se alimentam do sangue dos pequenos ruminantes.

Segundo o médico veterinário Marcel Teixeira, pesquisador da área de Sanidade Animal da Embrapa Caprinos e Ovinos (Sobral-CE), o Famacha, ao permitir que somente animais afetados recebam medicação, traz como vantagens um uso mais eficaz dos vermífugos (com redução de gastos para o produtor), além de evitar que o uso dos medicamentos seja feito de forma indiscriminada no rebanho. Este uso indiscriminado pode causar graves consequências, como o surgimento de populações de parasitas mais resistentes aos medicamentos.

"Quando aplicamos medicamentos em quantidades erradas no rebanho todo ou com muita frequência, você está facilitando o surgimento da resistência: as populações que sobreviverem vão dar origem a vermes cada vez mais resistentes. Com o passar do tempo, apenas eles aparecerão dentro do rebanho", alerta Marcel.

O pesquisador destaca que a seleção dos animais a serem vermifugados, por meio do Famacha, possibilita ainda que sejam identificados no rebanho, ao longo do tempo, aqueles caprinos e ovinos com maior resistência natural à infecção pelos vermes. Outra vantagem do controle seletivo é a economia: estudos da Embrapa Caprinos e Ovinos comprovam que é possível obter uma redução de até 60% no uso de medicamentos.

Orientações para aplicação de medicamentos
Além da alternativa do controle seletivo é importante que o produtor de caprinos e ovinos tenha outros cuidados quanto à aplicação dos medicamentos. Segundo Marcel Teixeira, as recomendações da bula devem ser adotadas com o maior cuidado possível, especialmente quanto à dose, o que reforça a necessidade de pesar frequentemente os animais para usar os remédios na proporção adequada.

Outra recomendação é de que o produtor procure a orientação de um médico veterinário antes de trocar o medicamento contra verminose que não estiver sendo eficiente. "Às vezes o medicamento tem um nome comercial diferente, mas o grupo químico é igual, e se este não for trocado, a resistência dos vermes vai permanecer. Por isso, a orientação de um veterinário é de suma importância", ressalta ele. Marcel destaca ainda que as diferenças entre caprinos e ovinos também devem ser observadas: "o caprino tem um metabolismo mais acelerado e vai necessitar de uma dosagem maior, às vezes até dobrada, do medicamento que é usado para o ovino".

Saiba mais sobre este assunto ouvindo o Prosa Rural desta semana, o programa de rádio da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária - Embrapa, vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. O programa conta com o apoio do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome.

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