Junho/2008 - 2ª semana - Região Semiárido

O Sistema de Produção Agrossilvipastoril para a Região da Caatinga foi desenvolvido com o objetivo de integrar a criação de caprinos e ovinos com agricultura e floresta. A técnica consiste na divisão da área em que vai se implantar o sistema em três partes: uma destinada à lavoura, outra à criação dos rebanhos e a terceira à reserva legal. O sistema é uma alternativa de uso da terra que possibilita a substituição das queimadas e do desmatamento (práticas ainda utilizadas por muitos produtores) por uma forma de manejo viável ecológica e economicamente.

Nilzimary Lima, pesquisadora da Embrapa Caprinos, explica que os animais presentes no sistema funcionam como distribuidores de nutrientes. "Eles passam um período do ano na pastagem raleada, no início da seca fazem uso da reserva florestal e no período seco fazem uso também da área agrícola que funciona como banco de proteína".

Dados obtidos na Fazenda Creoula, em Sobral (CE), durante um período de nove anos, mostram que a produtividade agrícola da cultura do milho é de 1.300 kg/ha, enquanto que a média do Estado do Ceará é de apenas 500 kg/ha de graõs). Da mesma forma, com o Sistema de Produção Agrossilvipastoril é possível produzir 60 kg/ha de peso vivo de cordeiro desmamado, enquanto que no sistema convencional costuma produzir-se apenas 8 kg/ha de peso vivo animal.

Entre as vantagens da adoção do sistema enumeradas pela pesquisadora Nilzimary Lima estão:

1. Substituição da prática da agricultura itinerante, do desmatamento e das queimadas e redução da emissão de gás carbônico (CO2) para a atmosfera;
2. Diminuição da exploração pastoril do sobrepastejo e da extração predatória da madeira, pela fixação da agricultura, pelo raleamento da vegetação lenhosa, pelo pastejo conservador, pelo manejo florestal sustentado e pela integração entre estes componentes;
3. Diversificação da produção de alimentos;
4. Incremento e estabilidade da renda familiar;
5. Sustentabilidade da produção;
6. Sustação e controle da degradação vigente nos sistemas de produção do Semi-Árido Nordestino com reflexos positivos sobre a redução do êxodo rural.

Dados da Embrapa Caprinos indicam ainda que o sistema de produção incrementa de 4 toneladas por hectare para até 11toneladas por hectare a deposição de matéria orgânica na parcela destinada à agricultura em forma de material proveniente das folhas das árvores preservadas, do esterco do rebanho, dos cortes das leguminosas (leucena, gliricídia e nativas) e das capinas e roço das rebrotações.

Para implantar o sistema, o produtor pode começar fazendo a arborização da sua propriedade, permitindo que as árvores cresçam. Para a área agrícola, recomenda-se a manutenção de cerca de 150 árvores por hectare e, para a área pecuária, 300 a 350. Nilzimary orienta os produtores a implantarem o sistema por módulos, preparando um hectare a cada ano.

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