Dezembro/2007 - 3ª semana - Região Semiárido

Para dar início à organização da produção é preciso um esforço conjunto. Quanto mais capacidade e experiência tiver a equipe à disposição do produtor, mais rápido será o processo de organização da pequena propriedade. Dessa forma, é bom contar com mão-de-obra qualificada, independentemente de cada nível de formação profissional. Obviamente que profissionais com formação em cursos cujos currículos estão relacionados à produção de caprinos e ovinos e a gestão da unidade produtiva podem contribuir mais efetivamente nesse processo.

Inicialmente, é preciso definir com clareza os objetivos e as metas do sistema. Nesse caso, a definição do produto principal é fundamental. Deve-se organizar a escrituração contábil da propriedade, a escrituração zootécnica do rebanho e o acompanhamento da exploração. Em seguida, deve-se definir o sistema de produção, incluindo a duração do intervalo entre partos a ser perseguido e programar e implementar estações de monta e de partos ao longo do ano, tomando também os cuidados que garantam a sobrevivência e o bom desenvolvimento das crias.

Deve-se fazer ainda um levantamento das necessidades de alimentos e das condições da unidade produtiva em produzi-los, de forma a assegurar a autonomia na oferta de alimentos aos rebanhos durante todo o ano. Deve-se estar atento às questões relativas às finanças (fontes e disponibilidades de recursos), à demanda e qualificação da mão-de-obra, à aquisição de insumos e à comercialização. Todo o processo produtivo deve ser organizado de acordo com as demandas do mercado, atentando-se para fatores como qualidade dos produtos e as dimensões atuais e potenciais do mesmo.

Para criar caprinos e ovinos de corte na pequena propriedade, por exemplo, é preciso incorporar o espírito empreendedor com racionalidade, ou seja, ter a vontade de querer mudar, adquirir o conhecimento para saber o que, por que e como fazer. É necessário também estar aberto às mudanças, experimentar coisas novas, acompanhar as tendências, inovar e acima de tudo, buscar a inserção na cadeia produtiva daquilo que se faz dentro da unidade de produção.

É importante ressaltar que em situações de mercado prevalecem os elos da cadeia produtiva que atuam no mesmo e o produtor também é um agente desse mercado. Ele precisa ser competitivo, a fim de garantir a sustentabilidade econômica de seu negócio. Além disso, é essencial saber comercializar e gerenciar os recursos físicos, financeiros e humanos.

O produtor pode procurar a Emater de seu estado, a Secretaria Municipal de Agricultura e Pecuária, o Senar e o Sebrae, por exemplo, para se manter atualizado. Feito isso, ele já pode iniciar o banco de dados de sua propriedade usando fichas de preenchimento manual. As informações do rebanho (zootécnicas), que serão coletadas, devem ser definidas pelo produtor com auxílio de um técnico. O custo das anotações zootécnicas é muito baixo, requerendo o mínimo de mão-de-obra e material. O mais importante é o controle e o rigor com que as anotações devem ser feitas, além do treinamento do pessoal de campo.

Outro ponto importante na organização da propriedade rural é a escrituração contábil que se refere aos registros contábeis, incluindo todos os itens de despesa e receita que permitem avaliar o aspecto econômico e praticar os ajustes necessários para a viabilidade do empreendimento. Essas anotações são importantes para calcular o lucro anual obtido com a atividade.

Com organização interna, pode-se dizer que a maior diferença entre o grande e o pequeno produtor é a escala de produção. O pequeno produtor isolado não tem escala de produção, o que limita seu poder de negociação. A alternativa a ser usada deve ser a formação de associações e cooperativas para se obter uma oferta maior e constante, fato que poderá assegurar ao pequeno produtor organizado melhores condições de negociação com os parceiros comerciais.

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