Nos dias 28 e 29 de abril, os pesquisadores Maria Sonia Lopes da Silva e Flávio Adriano Marques, da Unidade de Execução de Pesquisa e Desenvolvimento de Recife (UEP Recife), vinculada à Embrapa Solos (Rio de Janeiro, RJ), participaram das comemorações do Dia Nacional da Caatinga (28/04), no evento "Governança do uso do solo na Caatinga", na sede do Instituto Nacional do Semiárido (INSA), em Campina Grande (PB).

O evento

Três painéis centralizaram o evento: Painel 1 - Governança e uso do solo da Caatinga; que abordou os temas: i) vulnerabilidade dos solos frente ao manejo inadequado; ii) conservação e uso sustentável para as políticas de convivência com o Semiárido; iii) agroecologia e tecnologias sociais; iv) institucionalidade e gestão participativa; Painel 2 - Planta: como compatibilizar bioprospecção, energia e forragem,  que discutiu os temas: i) potencial das plantas da Caatinga como fonte de novos compostos bioativos; ii) uso madeireiro da Caatinga; iii) uso sustentável da caatinga para o rebanho; iv) fundo de pasto; e Painel 3 - Água: segurança hídrica no Semiárido brasileiro; debatendo sobre: i) políticas públicas de acesso à água; ii) a importância do reuso de água para preservação e recuperação das Caatingas; iii) bacia hidrográfica: um espaço de governança de uso do solo e da água?; iv) tecnologias sociais de captação de água de chuva.

O seminário também foi uma excelente oportunidade para reunir representantes de instituições de ensino superior de e pesquisa, organizações sociais e de extensão, ministérios, agricultores, movimentos sociais, educadores populares, profissionais da área de educação e professores de escolas públicas, para debater a governança do uso e conservação dos solos do bioma Caatinga, visando a gerar subsídios para reflexões e tomadas de decisões, uma vez que este bioma apresenta significativa diversidade socioambiental e econômica, como afirmou o diretor do INSA, Ignácio Salcedo.

Participação da UEP Recife

O pesquisador Flávio Marques participou como palestrante no Painel 1, abordando o tema vulnerabilidade dos solos frente ao manejo inadequado, no qual foram discutidas as diferentes classes de solos que compõem o Semiárido brasileiro e suas aptidões e limitações. "O convite do INSA para tratarmos desse tema é mais um reconhecimento do trabalho da nossa equipe que tem como objetivo principal estudar os solos do Nordeste visando ao desenvolvimento sustentável da região", resumiu Flávio. O pesquisador afirmou ainda que há necessidade urgente de criação de leis específicas para solos na legislação brasileira, à semelhança das que já existem para os recursos hídricos, por exemplo. Atualmente, não há políticas públicas bem definidas para uso e conservação dos solos de um modo geral, muito menos para os solos da Caatinga. 

A pesquisadora Maria Sonia Lopes participou como coordenadora do Painel 3, sistematizando com os painelistas as recomendações e sugestões que vão subsidiar o documento sobre a governança dos solos e uso sustentável da Caatinga. Segundo a pesquisadora, a Caatinga é o bioma brasileiro mais vulnerável às mudanças climáticas e tende a ser o mais atingido pelos efeitos negativos do aquecimento global, que pode agravar o quadro da desertificação e reduzir as áreas aptas para a agropecuária e a capacidade de geração de serviços ambientais, com impactos severos na disponibilidade dos recursos hídricos da região.

O evento, que também celebrou o Ano Internacional do Solo, instituído pela FAO, foi uma realização do INSA, em parceria com o Departamento de Combate à Desertificação do Ministério do Meio Ambiente (DCD/MMA), Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Articulação Semiárido Brasileiro (ASA), Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA), Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), Assessoria e Gestão em Estudos da Natureza, Desenvolvimento Humano e Agroecologia (Agendha) e Fundação Araripe.