17/06/19 |   Transferência de Tecnologia

Seminário técnico discute serviços ambientais em Alta Floresta, MT

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Foto: Alan Rodrigues

Alan Rodrigues - Equipe da Embrapa e participantes do seminário

Equipe da Embrapa e participantes do seminário

Em Alta Floresta, Mato Grosso, começaram as primeiras atividades de campo do projeto ASEAM. O município situa-se na fronteira com o estado do Pará, dentro do Bioma Amazônia, e possui a agropecuária como atividade econômica predominante. Entre os dias 4 e 6 de junho, a Embrapa promoveu um seminário para conhecer os trabalhos em serviços ambientais já realizados na região e projetar cenários futuros de acordo com o desejo da comunidade local.  O evento contou com a participação e colaboração de técnicos, professores da Universidade e agricultores familiares. O estudo da Embrapa é financiado pelo Fundo Amazônia e prevê a quantificação e valoração de serviços ambientais sobre carbono, solo e água nas comunidades do bioma.

Durante o seminário, juntamente com a equipe da Embrapa, professores da Universidade do Estado do Mato Grosso (Unemat) apresentaram estudos com foco na região. Estes dados serão somados a outros - como as projeções de cenários futuros definidos com a participação das comunidades locais - com a finalidade de subsidiar a quantificação e valoração dos serviços ambientais.

De acordo a secretária de Desenvolvimento de Alta Floresta, Célia Castro, essas informações também nortearão o Plano Diretor do Município, que passará por atualização. “É uma questão extremamente importante para Alta Floresta. Sem discussão técnica, fica difícil tomarmos as decisões. Com isso podemos fazer políticas públicas”, disse.

A formulação de políticas públicas será orientada pela boa gestão da rede hidrológica do município. As nascentes das microbacias Mariana I e Mariana II provêm o abastecimento de água para a população urbana de Alta Floresta. Muitas destas nascentes encontram-se dentro de propriedades rurais. Nos últimas décadas, a influência antrópica nestes corpos d’água trouxe prejuízos, como degradação do solo e assoreamento. As análises morfológica, hidrológica e ambiental dos cursos d’água na microbacia foram apresentadas pela professora doutora Solange Arrolho, da Unemat. Por sua vez, o pesquisador Delmonte Roboredo (Unemat) apresentou estudos sobre a degradação de solos na região.

Dados já levantados por estas pesquisas serão aplicados no software InVEST. O pesquisador Sérgio Galdino (Embrapa Territorial) explicou como a ferramenta poderá contribuir para o mapeamento, quantificação e valoração dos serviços ambientais a partir dos dados levantados com as comunidades. Como explicou o pesquisador Cornélio Zolin (Embrapa Agrossilvipastoril), para a valoração e quantificação da água, por exemplo, serão observados os módulos de rendimento sazonal e as taxas de sedimentos e de nutrientes.

Outras palestras complementaram a programação do seminário. Os pesquisadores Marco Gomes (Embrapa Meio Ambiente) e Lauro Nogueira (Embrapa Territorial) abordaram, respectivamente, os parâmetros de qualidade e quantidade de água e o estoque e sequestro de Carbono em floresta e sistemas de produção agrícola. O uso e cobertura da terra foi apresentado pelo pesquisador Carlos Quartaroli (Embrapa Territorial), que esteve no município em maio, juntamente com outros integrantes do projeto, para um levantamento de campo.

O projeto prevê a realização de oficinas em comunidades do bioma Amazônia. Como informa o pesquisador Sérgio Tôsto, líder do projeto, a primeira etapa consiste no levantamento do uso e da cobertura dos territórios ocupados pelas comunidades de trabalho. A qualificação é realizada com o apoio de geotecnologias e com a verificação em campo. Paralelamente, a equipe da Embrapa promoverá capacitações com os produtores locais e agentes da extensão rural, sobre serviços ambientais. A etapa final será a definição, juntamente com técnicos e comunidade local, de métricas para valorar os serviços ecossistêmicos. Para auxiliar esta atividade, técnicos locais serão treinados no software InVEST – atividade programada setembro - juntamente com a coordenação de gerenciamento de bacias hidrográficas do rio do baixo Teles Pires.

O evento foi coordenado pelo pesquisador Lauro Charlet, da Embrapa Meio Ambiente, juntamente com Sérgio Tôsto, e recebeu o apoio da Prefeitura e de instituições locais. Também participaram os pesquisadores da Embrapa Territorial Angelo Mansur e Cristiaini Kano.

O projeto conta com a participação da Embrapa Territorial, Embrapa Meio Ambiente, Embrapa Cocais, Embrapa Agrossilvipastoril, Embrapa Florestas e das Unidades Descentralizadas do Norte do País.

Pagamento por serviços ambientais

Alta Floresta possui uma experiência por pagamento de serviços ambientais. Entre 2015-16, o programa Guardiões de Águas efetuou o pagamento para 72 famílias que regeneraram e isolaram as áreas de preservação permanente (APP’s) dentro de suas propriedades. As famílias receberam mudas, cercas e arames da Prefeitura. Aquelas que atenderam aos critérios do programa receberam R$ 240 por hectare de APP em sua propriedade. A iniciativa contou recursos do Fundo Amazônia. Os resultados foram apresentados durante o seminário pelo coordenador do projeto, José Alesando Rodrigues.

“Uma maneira de manter a reserva ou a floresta em pé seria o pagamento de serviços ambientais. Mantendo a renda Nenhuma propriedade vai viver sem ter renda”, disse o prefeito Asiel Araújo.

Uma das beneficiadas pelo programa foi a produtora ruaral, Geni Tulske Haeberlim, 63. Professora aposentada, ela possui uma propriedade de 100 hectares, equivalente a um módulo fiscal no Estado. A grande parte de suas terras é ocupada por pasto, com gado leiteiro e nelore. Geni recorda que a mata ciliar das três nascentes e do rio que corta sua propriedade não estavam em boas condições. Ela decidiu reflorestá-la e isolá-la com mudas, lascas e arames fornecidos pela Prefeitura no âmbito do programa. O resultado foi eficiente.

O projeto Guardiões de Águas integra do projeto Olhos D’água da Amazônia. Conheça mais aqui. )

Agricultura ganha espaço

Dados do IBGE apontam que mais de 50 mil pessoas vivem em Alta Floresta. De acordo com a Secretaria de Agricultura do Município, são mais de 3.500 propriedades rurais. O município compreende cerca de 956 mil hectares, dos quais, 356 mil são utilizados pela agropecuária, com 40 mil hectares dedicados para o cultivo de grãos (soja, milho e arroz).

A produção de soja de Alta Floresta representa 2% da produção da região Norte. Por sua vez, a pecuária municipal possui o terceiro maior rebanho do Estado. “É uma peculiaridade de Alta Floresta. A mesma pessoa exerce a pecuária e a agricultura. Grandes empresários têm consorciado as duas atividades: pecuária e agricultura, por questão de segurança econômica. Não querem abandonar a pecuária, que gera poucos riscos econômicos, e estão se aventurando para a agricultura”, informa Marcelo Fernando Souza, engenheiro agrônomo da Secretaria de Agricultura.

Alan Rodrigues (MTb JP/CE 2625)
Embrapa Territorial

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