27/08/19 |   Gestão ambiental e territorial

Sistema de Inteligência Territorial subsidia ações no Semiárido nordestino

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Foto: Divulgação

Divulgação - Regiões foram selecionadas de acordo com critérios como a renda dos agricultores

Regiões foram selecionadas de acordo com critérios como a renda dos agricultores

Um Sistema de Inteligência, Gestão e Monitoramento Territorial Estratégico (SITE) organizará, com base no conhecimento científico, informações georreferenciadas da região do Semiárido nordestino. Os dados incluirão aspectos dos quadros natural, agrícola, agrário, de infraestrutura e socioeconômico. Um dos resultados esperados será a associação de tecnologias disponíveis a demandas específicas que forem identificadas.

Lançado oficialmente na sexta-feira (23) (veja quadro abaixo), o projeto tem previsão de duração de 12 meses e está a cargo da Embrapa Territorial (SP). O Sistema será empregado para subsidiar a elaboração de políticas públicas e privadas voltadas à região. Um dos objetivos é promover o desenvolvimento sustentável da agropecuária no Semiárido.

O SITE estará disponível ao público com ferramentas de análise e apoiará imediatamente as ações das diversas secretarias do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), prefeituras municipais, governos estaduais, instituições públicas e privadas no Semiárido nordestino.

O projeto contará com R$ 1,5 milhão em recursos aportados pelo Banco do Nordeste. A instituição financeira também utilizará o SITE para apoiar suas políticas públicas na região. As informações qualificadas no Sistema apoiarão uma das principais políticas do Mapa, o Plano de Ação para o Nordeste (AgroNordeste), a ser lançado em breve pelo governo federal. O plano tem como objetivo apoiar a organização das cadeias agropecuárias, ampliar e diversificar os canais de comercialização, além de aumentar a eficiência produtiva e o benefício social na região.

Integração das informações

O trabalho vai abordar oito microrregiões prioritárias com potencial de desenvolvimento agropecuário, identificadas preliminarmente por meio de métodos de inteligência territorial. Para cada uma delas, serão indicadas soluções tecnológicas e não tecnológicas disponíveis com foco no desenvolvimento territorial sustentável da agropecuária.

Para o chefe-geral da Embrapa Territorial, Evaristo de Miranda, com a estruturação do SITE será possível integrar e analisar todas as informações em uma única base de dados. “Apesar de o acervo de informações disponíveis sobre o Semiárido nordestino ser um dos maiores do País, os dados são temáticos e setoriais. O sistema, inédito, vai tratar de todas as informações de forma integrada e na perspectiva de análise territorial”, informa.

Na opinião de Miranda, o desenvolvimento da agricultura de sequeiro no Semiárido nordestino ainda é um grande desafio para o País, e o SITE será uma importante ferramenta para enfrentá-lo. “É preciso viabilizar soluções de pesquisa, desenvolvimento e inovação em inteligência para a sustentabilidade da agropecuária no bioma Caatinga”, declara.

A escolha das regiões prioritárias

As microrregiões pré-selecionadas envolvidas abrangem 106 municípios e representam 10% da área da Caatinga. Foi identificada uma microrregião por estado do Nordeste, exceto o Maranhão, onde a vegetação predominante é o Cerrado. As selecionadas são Euclides da Cunha (BA); Araripina (PE); Vale do Açu (RN); Baixo Jaguaribe (CE); Alto Médio Canindé (PI); Sergipana do Sertão do São Francisco (SE); Batalha (AL) e Cariri Oriental (PB). A área total reúne cerca de 143 mil estabelecimentos agropecuários. Para delimitá-la, a equipe da Embrapa analisou uma série de dados dos Censos Agropecuários de 2006 e 2017.

A renda dos agricultores foi um dos critérios adotados para a escolha das microrregiões prioritárias. Da totalidade de estabelecimentos, cerca de 16 mil são coordenados por produtores com renda de três a dez salários mínimos. Esse montante de imóveis representa 11% dos estabelecimentos em toda a área estudada.

Os produtores com renda entre três a dez salários mínimos são os que apresentam condições para adoção de soluções tecnológicas. Os produtores com renda inferior a três salários mínimos são dependentes de políticas públicas assistenciais.

“Os agricultores que estão produzindo e vivendo do mercado agrícola são os da faixa de renda entre três a dez salários mínimos. Mas isso não significa que os abaixo dessa faixa não serão influenciados pelo desenvolvimento de sistemas produtivos. Espera-se que haja uma sinergia entre os grupos e, para isso, é importante que as ações sejam integradas entre os ministérios”, observa Miranda.

Nos estudos preliminares, ao comparar os dados levantados no Censo Agropecuário de 2006 e 2017, a equipe da Embrapa Territorial observou um declínio de 30% na atividade agropecuária no Nordeste. No entanto, o número de estabelecimentos agropecuários, nas microrregiões selecionadas nos estudos, cresceu 11%. Agora, com o projeto aprovado em parceria com o Banco do Nordeste, serão elaborados diagnósticos aprofundados para cada uma das oito microrregiões prioritárias, com indicações de soluções tecnológicas e não tecnológicas para o desenvolvimento agropecuário.

 

Convênio assinado

O convênio entre o Mapa, o Banco do Nordeste e a Embrapa foi firmado, na última sexta-feira (23 de agosto), em Brasília (DF). O documento foi assinado pela ministra da Agricultura, Tereza Cristina; pelo presidente do Banco, Romildo Rolim; pelo presidente da Embrapa, Celso Moretti; e pelo chefe-geral da Embrapa Territorial, Evaristo de Miranda.

Na opinião da ministra Tereza Cristina, o plano corrobora com a missão do Ministério de atender todos os tipos de agricultura e reduzir a distância entre pequenos e grandes produtores. “É um programa de integração das cadeias produtivas que já existem no Nordeste, mas precisam ser incentivadas e viabilizadas. Que possamos trazer o Nordeste para aquele patamar que a gente quer de uma pequena agricultura sustentável, por que não empresarial?”, declara.

Para o presidente do Banco do Nordeste, Romildo Rolim, a parceria com a Embrapa fortalece a missão da instituição de promover o desenvolvimento regional, contribuindo para a competitividade das empresas e o bem-estar das famílias da região. “Um projeto como este carrega em si o DNA do que nos move como o banco de desenvolvimento do Nordeste. Portanto, acreditamos que esse investimento trará grande retorno social e econômico”, afirmou.

O diretor-geral do AgroNordeste, Danilo Forte, destacou o papel da Embrapa para identificar alternativas tecnológicas e áreas com potencial para absorver as propostas inovadoras para o desenvolvimento sustentável da região. A expectativa dele é que a partir do projeto, o Nordeste resgate o seu dinamismo.

Maior atuação da Embrapa

O presidente da Embrapa, Celso Moretti, ressalta a importância da inteligência territorial para fortalecer a atuação da Empresa na Região Nordeste. “Por meio desse recurso, é possível mapear e identificar a realidade regional e obter subsídios para a formulação de agendas em diversas dimensões, identificar demandas e propor iniciativas que atendam às necessidades locais. Com as informações dos bancos de dados numéricos, cartográficos e iconográficos, a pesquisa pode apoiar políticas públicas e atuar muito mais alinhada às metas do desenvolvimento regional”, declara.

Os estudos desenvolvidos pela equipe da Embrapa Territorial, de acordo com Moretti, tem mudado a visão sobre o agronegócio brasileiro. “Com dados e informações qualificadas tem sido mostrado, ao longo dos anos, que o agro brasileiro é competitivo, sustentável, seguro e saudável", declara o presidente da Embrapa, ao acrescentar que o trabalho para apoiar o desenvolvimento sustentável do Nordeste envolverá a participação de cerca de 20 centros de pesquisa.

Na apresentação do projeto do SITE, o chefe-geral da Embrapa Territorial, Evaristo de Miranda, chamou a atenção para a mudança da realidade nordestina. Embora, nos últimos 15 anos, tenha havido uma melhoria no padrão de vida dos moradores da Caatinga, ocorreu também uma redução na atividade agropecuária e aumento de dependência de programas externos. Para Miranda, os novos estudos apresentarão alternativas para maior desenvolvimento da região, a partir de estratégias passíveis de adoção para toda a área e outras concentradas nas de maior potencial de desenvolvimento.

“Uma série de indicações estará à disposição de prefeitos, secretários de agricultura e agentes de extensão rural. Eles poderão usar essas informações para melhor atendimento aos produtores. Por exemplo, fizemos um estudo com 74 produtos agropecuários, como são produzidos, como é a situação atual. Essa informação será útil para formular políticas para o desenvolvimento dos municípios. Também vamos apontar soluções não tecnológicas, como a necessidade de estruturar uma cooperativa ou de instalar uma indústria de processamento”, explica o chefe da Embrapa Territorial.

Foto: Robinson Cipriano

 

Liliane Castelões
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Colaboração: Robinson Cipriano (MTb 1727/88/DF)
Secretaria de Inteligência e Relações Estratégicas - Embrapa

Mais informações sobre o tema
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