27/08/20 |   Agricultura familiar  Produção vegetal  Transferência de Tecnologia

Projeto para fortalecer cadeia da Macaúba no semiárido inicia nova fase

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Print da tela - Na foto, Simone Favaro (alto), Marco Pavarino (esq.) e Alexandre Alonso (dir.)

Na foto, Simone Favaro (alto), Marco Pavarino (esq.) e Alexandre Alonso (dir.)

A fim de fortalecer a cadeia produtiva da macaúba na agricultura familiar na região semiárida do Brasil, a Embrapa Agroenergia realizou, na manhã do dia 26 de agosto, uma reunião virtual de trabalho com representantes da Secretaria de Agricultura Familiar e Cooperativismo do Ministério da Agricultura (SAF/Mapa) e da Conab, Ematerce, IFCE, SDA/CE e IBGE. O objetivo foi definir as próximas ações do projeto “Fortalecimento da cadeia de produção de macaúba em contextos da região semiárida no Brasil 2020/2023”.

Simone Palma Favaro, coordenadora do projeto e pesquisadora da Embrapa Agroenergia, relatou que em fevereiro ou março de 2021, quando tiver início o ciclo das chuvas, será iniciado o plantio de macaúba em 10 unidades demonstrativas, com um hectare cada e em sistema de integração com outros cultivos, em áreas de agricultores familiares no município de Barbalha (CE), localizado na região do Cariri cearense. 

“Entramos na fase de sair do campo experimental para o campo de produção real, para onde iremos levar um pouco do que já construímos, para dentro da casa dos agricultores”, afirmou Simone. Segundo ela, antes da implantação das unidades, será feita a seleção de famílias com área disponível, espírito empreendedor e compromisso para acolherem o projeto. “Como contrapartida, a Embrapa irá ceder todos os insumos necessários e apoio técnico em todas as fases do cultivo”, diz Simone.

O cultivo será feito em sistemas de integração e solteiro, com genótipos autóctones e de outros locais. Os agricultores contarão com assistência técnica e avaliação de desempenhos agronômico e econômico. “Estas áreas, já fora do ambiente estritamente experimental, servirão de demonstração, disseminação e fonte de dados para aprimorar as tecnologias para a cultura”, relata a pesquisadora. 

Além da implantação e do acompanhamento de áreas de demonstração no cultivo da macaúba em propriedades privadas, o projeto prevê ainda o desenvolvimento de tecnologias agrícolas e de processos para o aproveitamento do fruto e valorização de seus coprodutos, o levantamento do potencial produtivo do extrativismo da macaúba, e a transferência das tecnologias e conhecimentos gerados.

Parceiros

A identificação e seleção de agricultores familiares com perfil adequado à execução do projeto será feita com o apoio de instituições que atuam no setor agrícola regional (Ematerce e IFCE). Também será selecionado um engenheiro agrônomo para dar assistência técnica e auxiliar os agricultores na coleta de dados. A metodologia mais adequada para a escolha dos participantes será definida em grupo de trabalho a ser criado com respresentantes dos órgãos e entidades parceiras e a parceria com os agricultores familiares será oficializada por instrumento contratual durante a vigência do projeto.

"A Emarterce se coloca à disposição para auxiliar nesse processo de seleção e também no acompanhamento da assistência técnica, pos temos décadas de atuação na região, trabalhando com agricultura familiar", disse o assessor estadual de oleaginosas do órgão, Valdir Silva. 

Do mesmo modo, o professor do IFCE/Campus Crato, Gauberto dos Santos, também colocou a institução à disposição para auxiliar no acompanhamento dos campos onde será plantada a macaúba. "Inclusive para logística de treinamento e capacitação dos envolvidos", disse Santos.

O projeto tem duração prevista de três anos e parceria com a SAF/Mapa e o CNPq. Na abertura da reunião, Marco Aurélio Pavarino, coordenador-geral de Extrativismo do Mapa, destaco o potencial produtivo da macaúba e a necessidade de alavancar a cadeia produtiva para beneficiar especialmente os pequenos produtores.

Segundo Pavarino, o projeto poderá servir de base para novas políticas e ações regionais, bem como para a área de pesquisa e extensão que são desenvolvidas por entidades estaduais e municipais. “Existe um nicho muito grande para potencializar a agricultura familiar trabalhando com a macaúba, em especial na questão de biocombustíveis e todo o seu potencial para fitocosméticos e fitoterápicos”, afirmou Pavarino.

Também presente à reunião, Alexandre Alonso, chefe-geral da Embrapa Agroenergia, elencou três fatores que justificam o investimento na macaúba: o fortalecimento da bioeconomia nacional, os investimentos da Embrapa na região semiárida do Nordeste e o foco em pequenos produtores e na agricultura familiar.

“A macaúba é uma espécie com potencial enorme, não somente para a produção de óleo mas para uma série de outros produtos baseados em biologia. Podemos explorar e identificar muitos usos relevantes”, disse. Alonso também agradeceu à parceria “sempre profícua” do Mapa. 

Histórico de projetos da Embrapa com macaúba

Desde 2014, a Embrapa Agroenergia desenvolve projetos com a macaúba no semiárido nordestino. A macaúba (Acrocomia spp.), também conhecida com bocaiúva ou macaíba, é uma espécie de palmeira nativa da América Tropical, disseminada em diversos biomas, inclusive em regiões semiáridas. A planta é considerada uma espécie “multipropósito”, pois produz alimentos para humanos e animais, biocombustíveis sólidos e líquidos e ainda auxilia na recuperação de áreas degradadas.

O primeiro projeto (2014) desenvolvido pela Embrapa visou a criação de modelos agroflorestais para produção integrada de energia e alimentos no Nordeste do Brasil e foi financiado pelo Fundo Internacional para o Desenvolvimento Agrícola (FDA).

Em 2017, um novo projeto criou um núcleo de excelência em melhoramento genético e biotecnologia de matérias-primas oleaginosas para a produção de bioenergia. Com o financiamento da Finep, foram instalados campos experimentais de macaúba nos municípios de Parnaíba (PI) e Barbalha (CE) para o estudo de sistemas de produção e desenvolvidas intervenções para o fortalecimento da atividade extrativista.

O atual projeto (2019) traz como novo componente a inovação social, a partir da implantaçao de cultivos em áreas de agricultores familiares que servirão de demonstração, disseminação e fonte de dados para aprimorar as tecnologias para a cultura da macaúba. Esta nova fase conta com a participação de outras seis unidades da Embrapa, além da Agroenergia: Meio Norte, Algodão, Recursos Genéticos e Biotecnologia, Arroz e Feijão, Territorial e Florestas.

Irene Santana (Mtb 11.354/DF)
Embrapa Agroenergia

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