30/04/21 |   Convivência com a Seca

Troca de saberes começa a encher o balaio da Caatinga

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Foto: Milena Pagliacci

Milena Pagliacci - Mapa mental do primeiro dia, desenhado por Milena Pagliacci

Mapa mental do primeiro dia, desenhado por Milena Pagliacci

Em comemoração ao Dia Nacional da Caatinga, celebrado em 28 de abril, a Embrapa irá realizar, em seu canal no YouTube, uma série de quatro lives sobre o uso e o manejo sustentável do solo e da água desse bioma. Batizado de “Balaio dos Saberes da Caatinga - povos, solos e água”, o ciclo de rodas de conversa virtuais, voltado a agricultores, técnicos de desenvolvimento rural e demais interessados, teve início no próprio dia 28 com o tema “Caatinga: nossa floresta brasileira”. Já no dia 30 o tema foi “Tecnologias sociais de convivência com o Semiárido”.
 
A Caatinga corresponde a aproximadamente 70% do Nordeste e 11% do território nacional. É uma região diversificada, em paisagens e em tipos de vegetação.
 
“O objetivo do balaio é promover uma ampla troca de saberes e experiências sobre o manejo sustentável do bioma, discutindo também temas como inovação e tecnologias sociais de convivência com o semiárido, tipos de solos e manejos adequados, uso da pecuária, tecnologias para o tratamento de esgoto etc”, disse a chefe geral da Embrapa Solos, Petula Ponciano.
 
O chefe geral da Embrapa Caprinos e Ovinos (Sobral-CE), Marco Bomfim, também marcou presença. “A partir da harmonia das pessoas que vivem no local, da ciência, da compreensão do nosso papel nisso tudo começamos a avançar um pouco mais nessa complexidade. Foi onde surgiram, por exemplo, os sistemas integrados, de forma que o homem possa explorar esse bioma de maneira sustentável”. 
 
Uma das características marcantes do Semiárido é a escassez, irregularidade e concentração das chuvas em curto período. “Na estação seca a Caatinga é branca, tem tons esmaecidos, enquanto o verde domina na estação chuvosa”, conta Flávio Adriano Marques, pesquisador da Embrapa Solos UEP Recife. “Ela tem fisionomias diferentes tanto em termos geográficos como também em termos temporais”.
 
Até em função disso, existem diversas e variadas classes de solos na Região, desde pouco desenvolvidos e rasos até solos muito desenvolvidos. Em percentual de área dominam os neossolos, com 34,9%, seguidos pelos latossolos, com 21%.
 
A Caatinga não é importante somente para quem vive no Semiárido, ela é vital para todo o planeta porque só existe Caatinga no Brasil. Se o Estado brasileiro não cuidar bem deste bioma o empobrecimento do ponto de vista socioambiental não será somente nacional, mas de toda humanidade. “Quando falamos de caatinga não falamos apenas de florestas brancas, estamos falando de uma diversidade enorme de animais, por exemplo, que só existem nesse bioma e das 20 milhões de pessoas que moram e dependem desse bioma para viver e que cuidam dessa região para que ela continue viva”, esclarece Cícero Félix dos Sanyos, do Instituto Regional da Pequena Agropecuária Apropriada (IRPAA). 
 
E a pecuária na caatinga, a quantas anda? Quem responde é Francisco Éden Fernandes, da Embrapa Caprinos e Ovinos. “É vital a manutenção das espécies forrageiras importantes, o uso da forragem não pode ultrapassar 60% da produção anual e é necessário fazer a produção ótima sustentada dos rebanhos, o pastoreio múltiplo”.
 
Já as sementes crioulas e suas interações com as políticas públicas no Bioma foi o tema de Amaury Santos, da Embrapa Tabuleiros Costeiros (Aracaju-SE). “Há uma diversidade muito grande na caatinga, que é uma característica do pequeno produtor, a de ter vários cultivos, e nesse ponto também ele começou a selecionar suas variedades. As famílias têm a grande tradição de produzir, armazenar e conservar suas sementes em casa ao longo de gerações.”
 
Desmatamento, monocultivo, violência contra a mulher e degradação do solo foram alguns dos desafios que enfrentam as mulheres no Semiárido, trazidos pela jovem camponesa do Sertão do Pajeú, Tatiane Faustino.
 
A moderação do encontro virtual ficou a cargo do mediador criativo, Fabricio de Martino, enquanto a artista plástica, Milena Pagliacci, desenhou o mapa mental que ilustra a matéria.
 
Assista na íntegra aqui
 
No segundo dia 
 
No dia 30 o debate começou com o tema Inovação social no bioma Caatinga, com Cristhiane Amâncio, da Embrapa Agrobiologia (Seropédica-RJ). Ela lembrou algumas estratégias e políticas públicas adotadas pela Embrapa na Região, como a conservação dos recursos naturais, a produção sustentável e a fixação do homem no campo, entre outras.
 
Já as políticas públicas de acesso à água foram abordadas por Antônio Barbosa, da Articulação Semiárido Brasileiro (ASA). “O semiárido possui algumas fontes de água: o Rio São Francisco, 481 grandes açudes com capacidade de acumular 33.150 hectômetros cúbicos e as cisternas, essa é a água que temos no Semiárido. Precisamos entender, basicamente, como integrar todo esse recurso hídrico”. 
 
A live também trouxe um morador da Caatinga, Seu Dedé, do Sítio Bananeira, em São José da Tapera (AL). “Graças a Deus, tenho 12 anos de trabalho, sou uma referência na minha região, inclusive tenho que agradecer às duas barragens subterrâneas que construí no meu sítio”.
 
Falando em barragem subterrânea, uma das maiores autoridades brasileiras no assunto, a pesquisadora da Embrapa Solos UEP Recife, Maria Sonia Lopes da Silva, também esteve presente e deixou seu dedo de prosa. “A barragem subterrânea é uma tecnologia de captação e armazenamento da água de chuva para produção de alimentos e vem sendo adotada por agricultores do Semiárido brasileiro, contribuindo para a produção agropecuária familiar e minimizando os riscos da agricultura dependente de chuva”.
 
Já Impactos e desafios das tecnologias sociais no desenvolvimento do Semiárido brasileiro foi o assunto abordado por Alexandre Lima, Secretário de Desenvolvimento Rural e Agricultura Familiar do RN (SEDRAF). “Sou um militante nessa convivência com o Semiárido. Fui forjado na região onde aprendi muito trabalhando. O combate à seca é a negação da história de vida dos povos do Semiárido, começamos a construir em vários estados uma cultura contra-hegemônica que reafirma uma modelo de desenvolvimento que pauta a vida na Caatinga.”
 
Neste segundo dia a moderação ficou a cargo de Reginaldo Alves de Souza, engenheiro agrônomo e mestre em Gestão Ambiental
 
Assista na íntegra aqui
 
Veja a programação dos próximos dois balaios:
  
Balaio 3 - Reuso da água e saneamento rural - 04/05/2021 – 16h às 18h
Moderador: Daniel Weber - Embrapa Solos UEP Recife
1.   Reuso da água no meio rural
Salomão de Souza Medeiros - IFPB - 15 minutos
2.   Bioágua familiar - reuso da água para fins agrícolas
Roseli Freire de Melo - Embrapa Semiárido - 15 minutos
3.   As águas salobras e a biossalinidade como uma alternativa para agricultura camponesa
Gherman Leal - Embrapa Semiárido - 15 minutos
4.   Saneamento básico rural por meio de tecnologias para tratamento de esgoto e reuso agrícola do efluente tratado
Wilson Tadeu Lopes da Silva – Embrapa Instrumentação - 15 minutos
5.   Bem viver na Caatinga - Sara Constâncio, agricultora experimentadora do Assentamento São Domingos, no Seridó Oriental Paraibano - 20 minutos
6.   Enchendo o balaio de troca de saberes com público - 30 minutos
 
Balaio 4 - Uso e manejo sustentável do solo - 10/05/2021 - 16 às 18h
Moderador: Luís de França - Embrapa Solos UEP Recife
1.   Aplicação do zoneamento agroecológico em agroecossistemas de base familiar
José Coelho de Araújo Filho - Embrapa Solos UEP Recife - 20 minutos.
2.   Estratégias agroecológicas de avaliação da saúde do solo
Professor Simão Lindoso de Souza - UEPB - 20 minutos.
3.   Construção coletiva do conhecimento: bases para diálogo de saberes sobre solos    
João Roberto Correia - Embrapa Alimentos e Territórios - 20 minutos
4.   Bem viver na Caatinga - Agricultora Gerusa da Silva Marquês - Sítio Pedra d'Água, município de Massaranduba (PB) - 30 minutos
5.   Enchendo o balaio com diálogo de saberes - interação com o público - 20 minutos
 
Instituições envolvidas
Embrapa Solos – UEP Recife
Embrapa Caprinos e Ovinos (CE)
Embrapa Semiárido (PE)
Embrapa Tabuleiros Costeiros (SE)
Embrapa Instrumentação (SP)
Embrapa Agrobiologia (RJ)
Embrapa Alimentos e Território (AL)
Articulação Semiárido Brasileiro (ASA)
Instituto Regional da Pequena Agropecuária Apropriada (Irpaa)
Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE)
Universidade Estadual da Paraíba (UEPB)
Instituto Federal da Paraíba (IFPB)
Secretaria de Desenvolvimento Rural e Agricultura Familiar do RN (SEDRAF)
 

Carlos Dias (20.395 MTb RJ)
Embrapa Solos

Contatos para a imprensa

Telefone: (21) 2179-4578

Mais informações sobre o tema
Serviço de Atendimento ao Cidadão (SAC)
www.embrapa.br/fale-conosco/sac/

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