19/10/21 |   Agricultura familiar

Audiência pública debate as Rotas de Integração no Pará

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Foto: Ronaldo Rosa

Ronaldo Rosa - Transporte do açaí no Marajó

Transporte do açaí no Marajó

A implementação das Rotas de Integração Nacional no Pará foi tema de audiência pública realizada na Câmara dos Deputados no dia 13 de outubro. Com participação do chefe-geral da Embrapa Amazônia Oriental, Walkymário Lemos, a reunião foi requisitada e conduzida pela deputada Vivi Reis (PSOL-PA) no âmbito da Comissão de Integração Nacional, Desenvolvimento Regional e da Amazônia.

Das dez Rotas em execução nas diferentes regiões do País, o Pará participa de três: Rota do MelRota do Açaí e Rota do Cacau. Mas, para Walkymário Lemos, o estado tem grande potencial para atuar também na Rota do Pescado e na Rota da Biodiversidade. “Temos instituições locais com técnicos e pesquisadores que têm competência estabelecida para contribuir de forma concreta com essas rotas e com o desenvolvimento sustentável da região”, afirmou o gestor.

As Rotas de Integração Nacional, iniciativas do Ministério do Desenvolvimento Regional, são redes de arranjos produtivos locais associadas a cadeias estratégicas em diferentes regiões do Brasil, que têm por objetivo promover ações públicas e privadas para estimular a inovação, competitividade e sustentabilidade de produtores e empreendimentos locais. Existem dez rotas estabelecidas: Biodiversidade, Economia Circular, Fruticultura, Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC), Açaí, Cacau, Cordeiro, Leite e Pescado.

O chefe-geral relatou que as 43 UDs da Embrapa contribuem com pesquisa, inovação e conhecimento para fortalecer as Rotas de Integração. No caso do Pará, ele disse que açaí, cacau e mel são cadeias estratégicas, tanto na agricultura familiar quanto empresarial e nas cooperativas e agroindústrias.

“A Amazônia padece do mal de não ter produtos da agricultura familiar em escala, e a Embrapa pode ser o elo da ciência para contribuir com essas rotas, gerando mais produtividade, qualidade, competitividade e sustentabilidade a esse segmento”, afirmou.  

De acordo com o gestor, o grande desafio na Rota do Açaí é aumentar a produtividade com sustentabilidade, seja para sistemas extrativos ou sistemas irrigados. “E a Embrapa já disponibilizou tecnologias e boas práticas para ultrapassar essa barreira”, afirmou Walkymário Lemos.

Ele citou a atuação de uma rede de instituições e associações locais no arquipélago do Marajó, por meio do projeto Bem Diverso (Embrapa/PNUD). “A tecnologia do Manejo de Mínimo Impacto de Açaizais Nativos preconiza o aumento da produtividade, a conservação dos açaizais nativos e o aumento da renda das populações ribeirinhas”, disse o gestor.

Já em relação ao sistema de produção do açaí em terra firme, a Embrapa Amazônia Oriental lançou duas variedades de açaizeiro para terra firme e, mais recentemente, um curso on-line na vitrine de capacitação virtual e-Campo sobre essa temática. “O objetivo é ampliar a oferta desse fruto no mercado, gerando mais renda para quem planta, quem beneficia e quem comercializa”, destacou Lemos.

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O chefe-geral ressaltou também a participação da instituição em outras duas rotas: Mel e Cacau. Sobre o mel, ele relatou que a região tem grande diversidade de abelhas nativas e maior janela de floradas, mas o produto ainda tem baixa rastreabilidade. "Buscar um mel com o selo amazônico e que mantém nossas florestas de pé é o nosso grande desafio”.

Sobre o cacau, Lemos afirmou que, assim como o açaí, é uma cultura estratégica e consolidada no Pará. Ele ressaltou a atuação do Núcleo de Pesquisa e Transferência de Tecnologias (NAPT) da Embrapa na região da Transamazônica, onde se localiza o polo cacaueiro do estado. Destacou também a atuação com os diversos parceiros na região que fazem parte da composição institucional da Rota do Cacau, em especial a Ceplac, com a qual a Embrapa implantou uma unidade mista de pesquisa e inovação.

Cadeia de valor

Uma maior integração entre essas três rotas no estado foi abordada pela coordenadora do Polo do Nordeste Paraense da Rota do Açaí, Rosa Maria Alexandre da Silva. “Existe uma interseção forte entre elas: as abelhas porque polinizam o açaí, e o cacau porque é um importante componente dos sistemas agroflorestais, as agroflorestas”, afirmou.

Rosa Maria destacou a inclusão de novos municípios na Rota do Açaí, que envolve três polos no Pará (Baixo Tocantins, Nordeste Paraense e Marajó). Ela citou projetos e ações na região e a formação de grupos de pesquisa e inovação para trabalhar com a cadeia. “Temos um projeto do Museu do Açaí, que vai trazer a história dos açaizais na região. E também ações para fortalecer o turismo e a cadeia de valor do açaí, mostrando a gastronomia a partir de uma rota turística”, disse.

Rastreabilidade

Tatiana Pará Monteiro de Freitas, coordenadora do Projeto Casa do Açaí - Comitê Nordeste Paraense da Rota do Açaí, defendeu o fortalecimento da educação no campo, o desenvolvimento de tecnologias sociais e maior acesso do pequeno produtor e do ribeirinho às tecnologias que tragam mais segurança, qualidade e rentabilidade às famílias.

A coordenadora também atentou para a necessidade de instituições estaduais lançarem editais específicos para as cadeias do açaí, cacau e mel. “Temos uma experiência interessante no centro Manejaí, no Marajó, com o Fundo Açaí. É necessário que essa experiência se estende a outras regiões do estado”, disse Tatiana.

Ela defendeu ainda a criação de um entreposto oficial no estado, que possa gerenciar todas as agroindústrias, contribuindo assim para a rastreabilidade do produto, que terão impacto na certificação e em um futuro selo de indicação geográfica do açaí.

Ampliação do crédito socioambiental

Para o consultor técnico Carlos Augusto Pantoja Ramos, da Federação dos Trabalhadores na Agricultura – Fetragri, é o componente da floresta que conseguiu gerar um pouco mais de justiça social, econômica e ambiental para as famílias paraenses.

Ele ressaltou a importância de se pensar e discutir políticas públicas mais abrangentes, “não dá para falar de açaí sem pensar em saneamento básico, educação, crédito, acesso aos meios de comunicação”, completou. Outra questão levantada pelo consultor é a ampliação do crédito socioambiental às famílias de assentamentos agroextrativistas.

“Um crédito socioambiental que traga junto a educação financeira das famílias, assim como um programa de garantia de preço mínimo para o produtor são fundamentais”, acredita Carlos Augusto. Para ele, a ciência já nos disse o custo dessa produção e quanto ela interfere na floresta, mas agora precisamos de uma categorização mais clara: “O açaí de várzea é floresta ou lavoura permanente?”. Para ele é preciso classificar melhor essa produção pois é partir disso que vão derivar novas políticas públicas.

Ana Laura Lima (MTb 1268/PA)
Embrapa Amazônia Oriental

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