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Instituições compartilham experiências de adoção do GeoNode para implantação de IDEs

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Foto: Print de tela: primeiro dia de evento

Print de tela: primeiro dia de evento - Gestores das instituições organizadoras do evento destacam a importância da liberação dos dados geoespaciais para a sociedade

Gestores das instituições organizadoras do evento destacam a importância da liberação dos dados geoespaciais para a sociedade

Diferentes instituições nacionais relataram suas experiências no uso do GeoNode para a criação de suas Infraestruturas de Dados Espaciais (IDEs) e debateram a criação de uma comunidade de apoio a usuários e desenvolvedores da plataforma durante encontro virtual, transmitido nos dias 17 e 18 de março, no canal da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) no Youtube. O evento também abriu espaço para apresentar e discutir serviços e algumas das atualizações da tecnologia.

Presente no mercado desde 2010, o GeoNode passou por várias atualizações e hoje oferece condições favoráveis para a criação de IDEs. Por ser um software livre e de código aberto, ele pode ser expandido, modificado e integrado a outras plataformas. Essa flexibilidade e a sua disponibilidade gratuita no mercado são diferenciais levados em consideração para a sua escolha. 

No início da década passada, a Embrapa comprou a ideia de criar a sua IDE sobre a plataforma. A empresa explorou a flexibilidade e a capacidade de integração da tecnologia a outros softwares. Como explica o analista Davi Custódio (Embrapa Territorial), para poder organizar e compartilhar os metadados produzidos pelos centros de pesquisa da Embrapa, dentro do GeoNode foi utilizado também o Geonetwork (outro software livre, especializado em gerenciar metadados geoespaciais). Uma estrutura do Geonetwork serviu para agregar os metadados provenientes de todos os centros de pesquisa; outra, para centralizar os metadados que seriam publicados na Infraestrutura Nacional de Dados Espaciais (INDE).

Davi ressalta que a adoção do GeoNode para implatantar a IDE foi uma decisão acertada. “O GeoNode tem evoluído muito ao longo dos últimos dez anos; tem se mostrado uma ótima alternativa, mesmo se comparada com outras opções de software proprietário disponíveis no mercado. Consequentemente, a IDE da Embrapa ainda pode evoluir muito acompanhando o amadurecimento da plataforma”, reflete o analista.

O chefe-geral da Embrapa Territorial, Gustavo Spadotti, acrescenta que, para além da gestão interna dos dados geoespaciais da empresa e de sua liberação para toda a comunidade, a plataforma da IDE da Embrapa também é utilizada como ferramenta corporativa para entrega de produtos e serviços.

A adoção dos softwares livres para a estruturação de IDEs não é obrigatória. No entanto, é uma tendência, como observa Rafael March, coordenador de Geomática do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). “Acompanhando a evolução do mercado, tenho a convicção que as instituições do setor público que vêm investindo no desenvolvimento de soluções fundadas em software livre e de código aberto estão no caminho certo. E mais: considero esse movimento irreversível”, acredita. Ele espera que o GeoNode possa se tornar um fator impulsionador das IDEs no Brasil. 

Centralização dos dados

Instituída pelo Decreto 6.666/08, a Infraestrutura Nacional de Dados Espaciais (INDE) veio para centralizar o ambiente onde o usuário poderia ter acesso aos dados geoespaciais e à geoinformação. A norma determina que todas as instituições públicas produtoras de dados geoespaciais precisam criar as suas IDEs e conectá-las à INDE. Segundo o IBGE, atualmente, ao tronco da INDE estão conectadas 72 instituições, das quais 32 com nó próprio. 

Também participaram do primeiro dia de discussão: Edgar Shizato (chefe do Departamento de Informações Institucionais do Serviço Geológico do Brasil - CPRM); Marcus Fuckner (coordenador de Conjuntura e Gestão da Informação da Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico - ANA); Hesley Py (coordenador de projetos na Agência Nacional de Petróleo - ANP e antigo coordenador dos comitês de Planejamento e de Implantação da INDE); Rafael Lopes da Silva (tecnologista em Informação Geográfica e Estatística da Fundação do IBGE) e Rogério Borba (gerente do Diretório Brasileiro de Dados GeoEspaciais da INDE).

Experiências

No segundo dia do evento (18 de março), especialistas em geoprocessamento de oito instituições que utilizam o software GeoNode relataram a implantação de suas IDEs, os desafios enfrentados no desenvolvimento e os atuais. Apenas em duas instituições (Ministério Público do Paraná e Serviço Geográfico do Exército), a ferramenta está restritra para acesso interno dos empregados, por meio da intranet. A maioria das IDEs ainda não é conectada à INDE.

O Catálogo de Mapas da Companhia de Planejamento do Distrito Federal (Codeplan-DF) está disponível na versão 2.4 do GeoNode desde seu lançamento em 2016. Foi criado com o objetivo de publicização dos dados e mapas desenvolvidos pela instituição e para a transparência da informação. Os recursos espaciais disponibilizados são webservices, ETL e o catálogo de metadados. De acordo com Patrícia Silva, os principais desafios estão relacionados a manutenção e atualização do sistema. “Como temos uma equipe pequena e com alta rotatividade de estagiários temos dificuldade para fazer manutenção. E fica impossível a atualização sem a reestruturação do projeto”, comenta.

A criação da Mapoteca Nacional Digital sobre Recursos Hídricos para atender o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos (SINGREH) é um anseio da Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA). O especialista Alexandre Amorim mostrou o protótipo da Mapoteca, que é componente da INDE sobre Recursos Hídricos. Ainda sem data definida para lançamento, a INDE tem o objetivo de catalogar, integrar e harmonizar dados geoespaciais produzidos e geridos pelo conjunto de órgãos e colegiados participantes do SINGREH.

A Infraestrutura de Dados Geoespaciais do Ministério Público do Paraná (GEOMP) é um dos exemplos de ferramenta acessada apenas internamente. Lançado em novembro de 2021, o GEOMP disponibiliza camadas (vetoriais), webmapas e catálogo de metadados. O usuário também pode acessar tutorial com informações sobre a utilização do sistema e seção de ajuda. “Criamos também informativos para explicar ao usuário o que é uma informação geográfica e porque é importante ao Ministério Público ter uma IDE”, complementa Maurielle da Silva. Entre as dificuldades, ela cita a pouca flexibilidade do pacote para adição de novas funcionalidades e a política interna da instituição ainda incipiente para tratamento de informações geoespaciais.

As outras experiências compartilhadas foram do Instituto Jones dos Santos Neves, Serviço Geográfico do Exército, FUNDECC, Companhia de Água e Esgoto da Paraíba e Instituto de Geociências da Universidade de Brasília. 

Desenvolvimento e versão GeoNode

O tema da palestra do geólogo Carlos Mota, do Serviço Geológico do Brasil (CPRM), foi “GeoNode para desenvolvedores Django”. Mota frisou, no início da sua palestra, que o GeoNode é uma suíte de tecnologias, sendo uma aplicação Django. Na opinião dele, não é necessário um desenvolvedor de GeoNode, mas sim um desenvolvedor Django. “Montar uma aplicação em Django é muito rápido, é extremamente versátil, possui diversos módulos e suporta quantidade grande de banco de dados”, resume. Outras vantagens do uso do Django, segundo ele, são a personalização de site, de recursos e de metadados. 

Os palestrantes Alessio Fabiani e Giovanni Allegri, representantes da GeoSolutions, explicaram o processo de desenvolvimento do GeoNode e as últimas novidades da plataforma (GeoNode 4.0), que a tornaram mais intuitiva e eficiente. Dentre algumas dessas mudanças, constam a maior facilidade para a customização de uma área de trabalho para visualização de dados e a portabilidade da plataforma no celular. 

Fabiani e Allegri enfatizaram também a facilidade na catalogação e edição de metadados, a divisão em perfis de usuários e a edição do conteúdo em camadas diferenciadas; funcionalidades as quais facilitam o trabalho em conjunto. Outros elementos apresentados foram a possibilidade de criação de mapas temáticos e a exportação dos dados pelos usuários.

Comunidades

Na mesa-redonda, Sidney Goveia e Fernando Quadro abordaram, respectivamente, as trajetórias da formação das comunidades do QGIS e do Geoserver. A comunidade do QGIS teve início com a criação de uma lista de discussão por e-mail, que após seu crescimento se tornou o primeiro grupo formal de usuários do QGIS. “O segundo grupo surgiu em Portugal e hoje existem grupos em quase todos os países, dando suporte com eficiência”, afirma Goveia.

A comunidade do Geoserver começou em 2007 e aos poucos foi mudando o ambiente de troca de informações e soluções de dúvidas. Atualmente, o  principal meio é em grupo de whatsapp. Fernando Quadro percebeu que o usuário está buscando soluções para seus questionamentos de forma mais rápida e por isso está recorrendo aos meios on-line. 

A escolha do canal de comunicação para interação dos membros da comunidade do GeoNode foi discutida no final do evento. Os prós e contras de alguns canais, principalmente as redes sociais, foram debatidos. Para a analista Daniela Maciel (Embrapa Territorial), o assunto ainda deverá ser amadurecido e, provavelmente, não terá como opção um único canal. “O principal é que atingimos o objetivo de chamar as pessoas com afinidades e problemas comuns para juntos pensarmos. Já podemos dizer que temos uma comunidade GeoNode e vamos organizá-la”, declara.

 

Assista ao primeiro dia e ao segundo dia do evento.

 

Alan Rodrigues (MTb 2625/CE)
Embrapa Territorial

Contatos para a imprensa

Liliane Castelões (16.613 MTb/RJ)
Embrapa Territorial

Mais informações sobre o tema
Serviço de Atendimento ao Cidadão (SAC)
www.embrapa.br/fale-conosco/sac/