16/06/23 |   Comunicação

‘Feira de saberes’ integra conhecimentos locais e científicos no Baixo São Francisco em SE

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Foto: Paulo Mota

Paulo Mota - Pesquisador Carlos Alberto exibe peixe de água doce a estudantes

Pesquisador Carlos Alberto exibe peixe de água doce a estudantes

Dança maculelê, ancestralidade, representatividade, pescaria junina, desenhos, artesanato, equidade de gênero e cor conectaram-se com conhecimentos científicos sobre peixes, satélites, propagação de plantas, recursos vegetais nativos e conservação do meio ambiente.

Essas conexões permearam as duas primeiras edições da Feira Saberes, Culturas e Ciências no Baixo São Francisco, realizadas na Escola Municipal Thomaz Bispo e na Escola Municipal Senhora Santana, nos dias 31 de maio e 1º de junho, respectivamente, ambas localizadas em Pacatuba, no território do Baixo São Francisco Sergipano.

Cerca de 200 pessoas, entre estudantes, artesãs, professoras e professores, gestoras escolares, pesquisadores, analistas e técnicos ampliaram seus olhares com o objetivo de horizontalizar e aproximar as diferentes formas de construção do conhecimento.

“Peixe bebe água”? “Peixe faz xixi”? Com essas perguntas o pesquisador da Embrapa Tabuleiros Costeiros Carlos Alberto da Silva  - Cadal fazia com que todas as pessoas que visitassem a estação temática ‘Meu peixe visto de perto’ franzissem a testa de curiosidade pelas respostas. Visitantes dessa estação puderam conhecer com detalhes as partes do corpo dos peixes e as funções de cada uma delas por meio de figuras e peixes vivos e frescos, além de aprenderem que peixes de água doce, a exemplo do tambaqui, não bebem água e peixes marinhos, como a carapeba, bebem água do mar.  

Na estação temática ‘Meu mundo visto de cima’, sob a orientação do pesquisador da Embrapa Tabuleiros Costeiros Fábio Torresan, as visitantes localizaram suas comunidades, partindo da figura do Planeta Terra, continentes e países, passando por imagens de satélites do município de Pacatuba e entorno, até identificarem pontos de referências, como escolas, igrejas, praças e suas residências. Plantações de coqueiro, lagoas, estradas, viveiros de peixes ajudaram as alunas a reconhecerem os seus territórios. 

Os ‘Saberes da taboa’ foram apresentados por quem mais entende desta espécie na região, as mulheres artesãs que utilizam a palha da taboa para confecção de bolsas, palhas, chapéus, esteiras e objetos de decoração. Elas contaram desde os perigos de coletar a taboa em lagoas com cobras e outros animais que causam risco à vida humana, à satisfação de ver sua arte expressa em produtos, cuja venda representa importante fonte de renda familiar. 

A analista da Embrapa Tabuleiros Costeiros Sonise Medeiros apresentou curiosidades sobre a taboa, como seu nome científico (Typha domingensis Pers), a valorização dos produtos artesanais fora do estado de Sergipe e os usos para alimentação humana e animal, adotados por comunidades de outras regiões do Brasil. Na Escola Municipal Thomas Bispo, Sonise contou com a participação das criativas professoras Mayara de Oliveira e Rosiene Lisboa, que contaram a história da taboa desde quando a espécie foi relatada pela primeira vez na literatura até os dias de hoje.

‘Agricultura Familiar e meio ambiente’ foram abordados de uma maneira bastante lúdica. O coordenador de Educação Ambiental da Secretaria do Meio Ambiente de São Cristóvão Manuel Messias Santos Junior demonstrou a importância da cobertura vegetal para a proteção dos solos de uma maneira prática. 

Foram reaproveitados três vasos plásticos de produto de limpeza. No primeiro vaso, havia apenas solo, totalmente sem plantas; no segundo vaso, solo coberto com poucas plantas; e, no terceiro vaso, solo coberto com muitas plantas. Manuel, utilizando um regador também feito com recipiente reaproveitado, aguava os vasos e coletava o líquido que escorria de cada um deles. No primeiro vaso, a água colhida continha muito solo; no segundo vaso, a água continha um pouco menos de solo; e, no terceiro vaso, a água colhida era límpida, pois o solo estava totalmente protegido pelas plantas. 

Já o técnico da Embrapa Tabuleiros Costeiros Paulo Mota convidava as visitantes a conhecerem formas alternativas de reprodução de plantas, sobretudo aquelas tradicionalmente utilizadas pelas mães e pais das alunas, em especial, sobre a propagação de mudas de mangabeira, jenipapeiro e coqueiro in vitro, por métodos de laboratório.  

‘Cantinho da Diversidade’ foi o espaço onde a analista da Embrapa Tabuleiros Costeiros Raquel Fernandes e os representantes do Movimento Estadual dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) em Sergipe, Rafael Guia, químico, coordenador de Almoxarifado da Companhia de Saneamento de Sergipe (Deso), e Brendha Gonçalves, engenheira ambiental, conectaram cada estação temática aos ODS. Tiveram destaque os ODS 2 – Fome Zero e Agricultura Sustentável; ODS 4 – Educação de Qualidade; ODS 5 – Igualdade de Gênero; ODS 14 – Vida na Água; e ODS 15 – Vida terrestre. 

“Nós do Movimento temos a missão de não deixar ninguém para trás, contribuindo com a formação de cada indivíduo, porque acreditamos que juntos somos invencíveis”, relata Brendha Gonçalves.  

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Feira Saberes, Culturas e Ciências no Baixo São Francisco

 

O líder João Mulungu, a professora Beatriz Nascimento e a biomédica Jaqueline Góes foram retratados como personalidades negras e nordestinas importantes para a luta pela vida no decorrer dos séculos. Atento às explicações, Aldean Ruan Monteiro dos Santos, 10 anos, aluno da Escola Municipal Thomas Bispo, disse: “Minha luta é aprender”. 

No ‘Cantinho da Diversidade’, as pessoas também puderam folhear páginas dos livros ilustrativos ‘Calu: uma menina cheia de histórias’ e ‘Aziza: a preciosa contadora de sonhos’, das autoras Cássia Valle e Luciana Palmeira, com personagens negras e protetoras do meio ambiente. 

Feira Saberes, Culturas e Ciências foi idealizada no âmbito do projeto ‘Diálogos entre conhecimentos locais e científicos para o desenvolvimento do Território do Baixo São Francisco’ (Diálogos no Baixo São Francisco), coordenado pela analista Raquel Fernandes, e financiado pela Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), por meio do edital SBPC vai à Escola

São parceiros do projeto a Comissão ODS da Embrapa Tabuleiros Costeiros, o Movimento Estadual ODS em Sergipe, a Rede de Recursos Genéticos Vegetais do Nordeste, a Prefeitura Municipal de Pacatuba e a Prefeitura Municipal de São Cristóvão. Além das parcerias institucionais, desde o planejamento até a execução das feiras, a equipe da Embrapa contou com o apoio da coordenadora da Escola Municipal Senhora Santana, Eliete da Silva, e da diretora da Escola Municipal Thomas Bispo, Marineide de Oliveira. 

“Acredito que mais ações similares a esta deveriam ocorrer, de maneira a integrá-las com outros saberes, oportunizando um novo ciclo de aprendizagem”, relata Rafael Guia. 

Nessa perspectiva, a equipe já está planejando a próxima edição da Feira Saberes, Culturas e Ciências, prevista para acontecer em agosto, em uma escola municipal do Baixo São Francisco.

Edição Saulo Coelho (MTb/SE 1065)
Embrapa Tabuleiros Costeiros

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Mais informações sobre o tema
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