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Sistema de produção de pupunha e agroindústria do palmito mantém os impactos positivos no litoral do Paraná

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Entre as tecnologias da Embrapa Florestas presentes no Balanço Social da Embrapa está o sistema de produção de pupunha e agroindústria do palmito no litoral paranaense. Essa região tem fortes restrições para desenvolvimento da agricultura, por estar em uma área de preservação da Mata Atlântica. Várias práticas agrícolas e pecuárias foram introduzidas ao longo do tempo, mas poucas apresentaram bons resultados, devido a diversos motivos, como condições desfavoráveis de clima, solo, retorno econômico, entre outros.

A partir de pesquisas iniciadas no ano 2000, a pupunha tornou-se uma boa opção para a região, por adaptar-se às condições edafoclimáticas, além de rebrotar (perfilhamento) e continuar produzindo por mais de 15 anos, com colheitas anuais. O fato de o produto in natura não oxidar e a planta começar a produzir 18 meses após o plantio são outras vantagens importantes da espécie.

Adotado a partir de 2001, o sistema de produção de pupunha para palmito tem proporcionado impactos econômicos, ambientais e sociais positivos, gerando emprego e renda nas diversas etapas do setor produtivo agropecuário e agroindustrial.

O engenheiro agrônomo Emiliano Santarosa, da Embrapa Florestas, um dos responsáveis por conduzir a avaliação de impacto da Unidade, destaca que a área de cultivo da pupunheira cresceu muito no Brasil devido, principalmente, à transferência dos conhecimentos agronômicos desenvolvidos e transferidos pela pesquisa em parceria com a extensão rural e, ao potencial de produtividade e rebrota da espécie:

“A capacidade de perfilhamento da espécie, rápido crescimento e baixa incidência de pragas e doenças são características valorizadas pelos produtores de palmito, pois, além de dispensar novos plantios por um longo período de tempo, também apresenta boa produtividade, diluindo, dessa forma, os custos de implantação da cultura. Também, oferece a possibilidade de cortes e colheitas frequentes, fato que proporciona renda constante por meio de colheitas escalonadas, com maior estabilidade e segurança ao produtor, gerando impactos econômicos, sociais e ambientais positivos”.

No ano 2000, o número de mudas plantadas de pupunheira na região litorânea do Paraná, não chegava a 100 mil. No início de 2010, esse número era de mais de 2,5 milhões de mudas plantadas, equivalente a uma área de 500 ha. Atualmente, estimam-se 10 milhões de plantas de pupunha, cultivadas em uma área de 3.000 hectares, envolvendo mais de 1.000 agricultores no litoral do Paraná.

 

Impacto econômico

A metodologia usada na avaliação de impacto compara o uso de novos métodos ou tecnologias para o sistema de produção de pupunha em relação ao sistema de produção praticado anteriormente à introdução da inovação tecnológica. No caso do sistema de produção da pupunha cultivada para produção de palmito no Paraná, os trabalhos de pesquisa e desenvolvimento foram realizados com a intenção de substituir o modelo extrativista de palmito juçara, nativo da região, e de oferecer uma opção viável de aproveitamento de áreas abandonadas pela agricultura.

“O palmito pupunha apresentou-se como uma excelente alternativa para diversificação da produção e renda em relação ao palmito obtido de forma extrativista, gerando renda através do sistema de produção de pupunha de forma organizada junto aos produtores e agroindústrias, com boas práticas agrícolas e sustentáveis de produção. Neste trabalho destaca-se a parceria da pesquisa (Embrapa) e a extensão rural (IDR-Paraná) no desenvolvimento dos trabalhos junto a cadeia produtiva, além de políticas públicas Estaduais de fomento e desenvolvimento rural ”, explica Santarosa.

Segundo dados do IBGE, o Valor Bruto da Produção (VBP) passou de R$ 480 mil em 2001 para R$ 36,07 milhões, em 2022. Destaque para a produção de palmito pupunha, que cresceu em média 26% nos últimos anos.

Em 2022, os benefícios econômicos gerados pela tecnologia foram equivalentes a R$10.200.780,00. Esse valor refere-se à participação de 60% na geração da tecnologia atribuídos à Embrapa Florestas, devido ao desenvolvimento de pesquisas e tecnologias e à capacitação de técnicos e produtores (agentes multiplicadores).

Os outros 40% dos impactos são atribuídos aos parceiros institucionais do projeto que aportaram capital intelectual e humano para o desenvolvimento das pesquisas e/ou ações de extensão rural. São eles: Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná (IDR-PR); Embrapa Agroindústria de Alimentos; UFRJ; Ind. e Com. de Conservas Geiri, Antonina - PR; Embrapa Soja; Universidade Estadual de Maringá; Universidade Estadual de Ponta Grossa; Universidade Federal do Paraná;; IAPAR; Faculdades Espírita do Paraná; PUC-PR; EPAGRI; Fundação Municipal 25 de Julho - Joinvile, SC.; APTA/IAC; CATI; Pariquera-Açu, SP; Voight Alimentos Ltda.; Empresa Flora do Vale - Joinville/SC; Ind. e Com. de Conservas Alimentícias Vale do Ribeira - Registro/SP; Viveiro de mudas -Eldorado/SP; Associação dos Produtores de Pupunha do Vale do Ribeira; Associação Brasileira das Indústrias do Palmito Pupunha; além de produtores rurais.

 

Como é calculado o impacto econômico

O impacto é calculado com base no método do excedente econômico, que envolve análise do incremento de produtividade, redução de custos, agregação de valor, entre outros indicadores. Fatores como estimativas da área de adoção e consulta às empresas e produtores também são consideradas.

Os métodos utilizados para a avaliação econômica também envolvem indicadores em relação ao custo de pesquisa e geração da tecnologia e os seus benefícios econômicos no setor florestal, como exemplo o Índice Benefício Custo (B/C); Valor Presente Líquido (VPL) e Taxa Interna de Retorno (TIR).

A análise do Benefício/Custo apresenta um índice que indica quantas unidades de capital recebido como benefícios são obtidos para cada unidade de capital investido, neste caso na pesquisa. Conforme preconiza o método, são aceitos como viáveis economicamente todos os investimentos ou projetos que apresentarem relação B/C maior que um (1). No caso da pupunha para palmito, esse índice foi igual a 22,84, portanto, com relação benefício/custo positivo e retorno satisfatório.

O VPL indica o valor da produção em termos atuais, considerando uma determinada taxa de juros. É classificado como viável economicamente todo investimento ou projeto que apresente VPL maior ou igual a zero. Para todas as simulações de percentual (de 4 a 18%) os valores foram positivos, assinalando que a tecnologia apresenta um retorno importante ao setor produtivo em relação aos custos de geração pela pesquisa.

A TIR indica uma taxa de desconto que iguala os fluxos de entradas com os fluxos de saídas de um investimento. Para essa tecnologia, a TIR foi de 62,33%, ressaltando que estes indicadores são calculados utilizando os custos de geração da tecnologia e os seus benefícios econômicos no setor.

 

Impacto ambiental

As técnicas de produção e manejo aplicadas ao sistema de produção da pupunha para palmito no Paraná, transferidas aos produtores, preconizam o uso de tecnologias ambientalmente corretas e economicamente viáveis. O planejamento do sistema de produção leva em consideração o manejo, ajustado de acordo com as características de cada propriedade e com o uso de práticas conservacionistas e sustentáveis, além de considerar fatores de gestão da propriedade rural referente à adequação ambiental.

A análise de impacto mostrou que, ambientalmente, destacam-se os indicadores de "qualidade do solo", devido ao manejo aplicado que contribui para cobertura e conservação de solo, incremento de matéria orgânica, cultivo perene e restos de colheita que retornam ao sistema; "mudança no uso da terra", que pode ser avaliado pela alta produtividade, estoque de carbono, biodiversidade e menor pressão sobre áreas não agrícolas (oferta de palmito de áreas de produção), entre outros; e "uso de insumos agrícolas", devido a menor exigência em manejo e rusticidade da cultura da pupunheira em relação a outras atividades agrícolas mais intensivas.

 

 

Impacto social

A aplicação direta dos sistemas de produção de pupunha na agricultura familiar proporciona renda e alternativa de atividades agropecuárias para os agricultores do litoral do Paraná, com efeitos positivos a longo prazo, por ser espécie perene e com colheitas escalonadas, sem necessidade de replantio. “Atualmente, mais de 3.000 ha são cultivados no Paraná e mais de 1000 famílias de agricultores utilizam a cultura como principal atividade agrícola e fonte de renda. Além dos beneficiados em toda cadeia produtiva, envolvendo atividades de processamento, agroindústrias, transporte e varejo, refletindo a importância social” comenta Santarosa.

Em relação ao impacto social, os indicadores “geração de renda”, “valor da propriedade” e “relacionamento institucional” merecem destaque na avaliação da tecnologia. O alto rendimento por unidade de área permite a adoção dessa tecnologia com viabilidade econômica, mesmo para pequenos produtores, com características típicas de agricultura familiar.

O indicador “geração de renda” é favorecido pela existência de demanda por parte das agroindústrias de palmito e de um mercado crescente proporcionam maior segurança de comercialização do produto. Nas principais regiões consumidoras do país, o consumo do palmito de pupunha cultivado no mercado nacional aumentou de 19,5% para 24%. Na região Sul do Brasil, o consumo de palmito cultivado, principalmente de pupunha, aumentou 78%.

“Quanto ao indicador ”valor da propriedade", percebemos o impacto positivo nas benfeitorias, na conservação dos recursos naturais, na organização e gestão das propriedades", afirma Santarosa. “Além disso, as propriedades com cultivo de pupunha são mais valorizadas, devido ao potencial econômico da atividade e longevidade das plantas, com experiências de 20 a 25 anos de cultivo em touceiras, sem a necessidade de replantio e que variam de acordo com o manejo utilizado”, complementa.

No relacionamento institucional, destaca-se o acesso dos produtores a capacitações e conhecimentos através das ações conjuntas de extensão rural (IDR-Paraná) e pesquisa (Embrapa), em parceria com prefeituras municipais, sindicatos e associações de produtores.

 

OBS: Existem diversos critérios e indicadores sociais que não constam nesta tabela. Para verificação de todos os critérios avaliados deve-se acessar o relatório completo no Portal.

 

Resultados da avaliação nas dimensões econômica, social e ambiental

Pelos resultados da avaliação de impacto, nas três dimensões os efeitos foram positivos da tecnologia. Os impactos sociais resultaram em índice social médio de 5,6. O índice de impacto econômico foi igual a 8,0 e o índice de impacto ambiental igual a 5,1.

 

Índices parciais de Impacto da solução tecnológica:

 

Índice Geral de Impacto da solução tecnológica:

O índice de impacto geral da tecnologia foi positivo, sendo igual a 5,9, podendo ser recomendada para novos produtores devido a seus benefícios socioambientais conforme método Ambitec.

 

Beneficiários

Os principais beneficiários da tecnologia são os produtores rurais que possuem plantios de pupunha destinados à produção de palmito e as agroindústrias de palmito que agora têm ao seu dispor matéria-prima de qualidade e com escala garantida a fim de atender às demandas do mercado. Consequentemente, os consumidores se beneficiam, adquirindo produtos de procedência conhecida, produzidos legalmente de forma sustentável e com preços acessíveis. Desta forma, os benefícios sociais e econômicos da atividade são refletidos e desencadeados em toda cadeia produtiva do palmito de pupunha.

 

Alinhamento com os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável da ONU

 

A análise preliminar da avaliação de impacto, sob a ótica da Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU), indica que os sistemas de produção com uso de pupunha podem contribuir significativamente para o alcance de metas listadas em, ao menos, sete Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS 2, 8, 9, 10, 12, 15, 17). O alinhamento às metas ODS sinalizam os esforços da UD, em parceria com diversas instituições, para o manejo de espécies florestais com práticas inclusivas e sustentáveis, visando o alcance de níveis de produtividade que subsidiem segurança alimentar e prosperidade, no campo e nas comunidades urbanas associadas.

Katia Pichelli (MTb 3.594/PR)
Embrapa Florestas

Contatos para a imprensa

Telefone: 41 3675-5638

Colaboração: Paula Saiz
Embrapa Florestas

Mais informações sobre o tema
Serviço de Atendimento ao Cidadão (SAC)
www.embrapa.br/fale-conosco/sac/

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