Um grupo de 17 parlamentares e assessores da Comissão de Relações Exteriores do Parlamento Europeu esteve na Embrapa Cerrados (DF) na manhã do dia 22 de junho para conhecer um pouco da experiência brasileira em intensificação sustentável da agricultura com o uso dos sistemas de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF). A comitiva foi acompanhada pelo conselheiro para assuntos comerciais da Delegação da União Europeia no Brasil, Vicente Damian Taberner, e pelo pesquisador Paulo Galerani, da Assessoria de Relações Internacionais da Embrapa. Após as boas-vindas de Maria Emilia Alves, chefe-adjunta de P&D substituta, o pesquisador Marco Pessoa fez a apresentação institucional da Embrapa Cerrados. Ele destacou algumas das principais pesquisas e tecnologias desenvolvidas pela Unidade e parceiros que levaram à transformação dos solos ácidos e pobres da região em solos férteis, à tropicalização de cultivos como a soja e o trigo e dos sistemas de produção animal, e ao desenvolvimento de uma plataforma de práticas sustentáveis, transformando o Bioma Cerrado em importante produtor de alimentos, fibras e energia. Já na vitrine de ILPF da Unidade, o pesquisador Roberto Guimarães Jr. mostrou os principais benefícios dos sistemas de integração, que reúnem diferente componentes produtivos (agricultura, pecuária e floresta) na mesma área por meio de consórcio, rotação ou sucessão de cultivos, podendo ser utilizados em propriedades de diferentes tamanhos e em diferentes regiões e condições climáticas. Segundo estudo, os sistemas de integração, incluindo todas as modalidades, são utilizados em mais de 17,4 milhões de hectares no Brasil, sendo 83% dessa área ocupada com Integração Lavoura-Pecuária. Guimarães Jr. apresentou dados de pesquisas que mostram como a sinergia entre os componentes desses sistemas permite maior ganho de peso dos animais; maior produção de leite e de embriões (no caso do gado leiteiro) devido ao conforto térmico proporcionado pelas árvores; maior ciclagem de nutrientes no solo e aumento da eficiência do uso de fertilizantes; ganhos de produtividade nas lavouras de grãos; maior acúmulo de água e carbono no solo devido ao incremento da matéria orgânica; além da mitigação de gases de efeito estufa como óxido nitroso e metano, proporcionando um balanço de carbono mais positivo em relação aos monocultivos. Os parlamentares conheceram, ainda, um experimento com macaúba em área de pastagem de baixa produtividade, apresentado pela pesquisadora Karina Pulrolnik. As árvores foram plantadas em roda de competição (Roda de Nelder) com 24 raios concêntricos e em diferentes espaçamentos, com aplicação de diferentes níveis de adubação. O objetivo foi avaliar o crescimento das plantas em função da adubação e do espaçamento, bem como a produção de frutos. Além de produzir óleo, a macaúba pode ser usada em sistemas silvipastoris, associada a espécies forrageiras. Mais informações sobre o trabalho nesta publicação. Para Nacho Sánchez Amor, parlamentar proveniente de Extremadura, região agrícola do Oeste da Espanha, a visita à Unidade foi muito gratificante. “Aqui há um trabalho enorme feito pela Embrapa em prol de uma agricultura sustentável e produtiva. Creio que uma boa mensagem para a sociedade é que a sustentabilidade não é uma perda de renda ou de investimento. Há a possibilidade de fazer as coisas cientificamente e de modo que haja produção e geração de riqueza”, afirmou, elogiando as explicações dos pesquisadores. O parlamentar acredita que, com o uso de sistemas como os de ILPF, a agricultura brasileira sinaliza uma imagem positiva para a Europa. “É muito positiva porque está na linha da sustentabilidade, da redução do uso de fertilizantes químicos”, acrescentou. Vicente Damian Taberner ressaltou a importância da visita para os parlamentares europeus. “A agricultura e o meio ambiente são um fator bem importante no relacionamento entre a União Europeia e o Brasil. Neste momento, há uma discussão do acordo comercial e uma das questões é a climática. Então, para eles, compreender bem como funciona a agricultura brasileira e vir aqui à Embrapa é fundamental”, disse. Taberner se mostrou otimista com os bons resultados econômicos e de sustentabilidade que podem ser obtidos simultaneamente com os sistemas de ILPF. “Você consegue ser mais produtivo e contribuir para o meio ambiente, contribuindo para a redução das emissões de carbono. Os mercados de carbono na Europa já estão bem desenvolvidos, temos 20 anos de experiência com isso. Aqui no Brasil, os debates já começaram e esse mercado terá um futuro promissor, podendo até ser outra fonte de renda para os agricultores”, projetou. Além da visita à Embrapa Cerrados, os parlamentares europeus conheceram diversos órgãos governamentais do Brasil e do Chile entre os dias 18 e 23 de junho.