12/07/23 |   Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação

Pesquisa agropecuária federal cria tecnologias para o Clima Temperado há 85 anos

Informe múltiplos e-mails separados por vírgula.

Foto: Paulo Lanzetta

Paulo Lanzetta - Sede da Embrapa Clima Temperado na cidade de Pelotas/RS

Sede da Embrapa Clima Temperado na cidade de Pelotas/RS

Em 2023, Embrapa e Embrapa Clima Temperado completam 50 e 30 anos, respectivamente, mas a pesquisa agropecuária na região teve início muito antes de 1973

No dia 1º de julho, a fusão entre duas estruturas anteriores e que deu origem à Embrapa Clima Temperado, com sede em Pelotas (RS), completou 30 anos. Porém, as atividades de pesquisa agropecuária da Unidade tiveram início na região em 1938, antes mesmo da criação da Embrapa, em 1973. Sendo um dos 42 centros de pesquisa da Embrapa no país, a Embrapa Clima Temperado tem sido responsável pela disponibilização de soluções tecnológicas de impacto a diversos setores produtivos.

Por ser um centro de pesquisa ecorregional, com abrangência na região de clima temperado, tem como foco o Rio Grande do Sul, Santa Catarina e a porção do Paraná ao sul do trópico de Capricórnio. Por isso, os resultados envolvem produtos, como variedades adaptadas a diferentes regiões e sistemas de produção do país, assim como tecnologias e inovações presentes no dia a dia dos brasileiros, divulgadas e documentadas em diferentes meios de comunicação e publicações técnico-científicas. 

“Todos os funcionários da Embrapa Clima Temperado possuem o sentimento de missão cumprida, afinal, historicamente, a Unidade vem trazendo contribuições importantes para a sociedade. O significativo é que os produtos das pesquisas estão em todos os lugares, das lavouras às feiras e supermercados, gerando empregos e renda e contribuindo para a segurança alimentar e ambiental do Brasil”, destaca o chefe-geral da Unidade, Roberto Pedroso de Oliveira.

 

Principais entregas à sociedade

Atualmente, as ações da Embrapa Clima Temperado estão estruturadas em cinco temas: Recursos Naturais, Grãos, Pecuária, Fruticultura, Hortaliças e Agroecologia e Produção Orgânica. A pesquisa tem como base a caracterização do que a natureza oferece (clima, solo, água e biodiversidade), portanto, desenvolve soluções voltadas ao uso sustentável dos recursos naturais

Como exemplo, o sistema sulco-camalhão, que otimiza o uso do solo e da água, e a Rota dos Butiazais, que alia conservação ambiental e geração de renda. Destacam-se também os zoneamentos que mapeiam solos e climas mais indicados para culturas como arroz, pêssego, noz-pecã e oliveira; e o Atlas Climático da Região Sul do Brasil, sendo que o monitoramento climático da região em tempo real é realizado desde 1888.

Os recursos genéticos são o componente da biodiversidade com uso atual ou potencial e envolvem coleções de plantas, animais e microrganismos, como fungos e bactérias. Esses materiais são conservados e pesquisados para desenvolvimento de novas variedades em programas de melhoramento genético ou de novos produtos, como os bioinsumos. 

Ao longo de sua trajetória, também disponibilizou 25 variedades de arroz irrigado que ajudaram a duplicar a produtividade das lavouras gaúchas. A BRS Pampa CL é, hoje, a segunda variedade mais semeada no Estado e o ativo que mais arrecada royalties à Embrapa no país.  Ainda na área de grãos, destacam-se o desenvolvimento do aplicativo PlanejArroz para apoio ao planejamento e à tomada de decisão sobre práticas de manejo e estimativa da produtividade do arroz irrigado; a recomendação de Boas Práticas Agropecuárias (BPAs) para Produção Integrada do Arroz (PIA) e de técnicas de Manejo Integrado de Pragas (MIP) em arroz e soja para redução de até 65% no uso de inseticidas; e a validação de uso de inoculação e de práticas de manejo para Fixação Biológica de Nitrogênio (FBN).

Entre os destaques voltados à pecuária estão o Planejamento Forrageiro, que indica alternativas à falta de oferta de pastagens no período de transição entre as estações, e o Laboratório de Qualidade do Leite - referência nacional no apoio a políticas públicas que atendem produtor e consumidor final. Além disso, a indicação de BPAs em Integração Lavoura-pecuária, tanto de leite, quanto na pecuária de corte, ajudou a melhorar a rentabilidade e a sustentabilidade dos sistemas de produção na região de clima temperado. 

Na fruticultura, um dos pontos fortes é o pêssego, expressivo na região de Pelotas. O melhoramento genético, realizado em Pelotas desde 1963, foi responsável pelo desenvolvimento de 100% das variedades utilizadas hoje pela indústria e de mais de 80% das variedades de pêssego de mesa. Ao todo, foram lançadas quase cem variedades de mesa e 45 para a indústria - dessas últimas, cerca de 20 ainda são cultivadas. 

Ainda nessa área, a Embrapa mantém o melhoramento genético de amora-preta desde 1978, tendo disponibilizado oito variedades ao setor. A Tupy, lançada em 1988, foi a mais cultivada no mundo por muitos anos, tendo revolucionado a produção no México. A Unidade também foi responsável pela introdução do mirtilo no país, na década de 1980, e pela introdução e recomendação de inúmeras variedades de citros, responsáveis pela recente expansão do setor. Mais recentemente, ainda se destacam pesquisas com oliveira e nogueira-pecã, também em expansão no Estado.

Entre as hortaliças, as pesquisas com morango, batata, batata-doce e cebola têm lançado novas variedades mais produtivas, saborosas e saudáveis. No caso do morango, desde 1960, a Embrapa lançou nove variedades, recomendou quatro estrangeiras e publicou centenas de recomendações, ferramentas de apoio ao setor e avanços do conhecimento sobre a cultura. 

Já com relação à batata, só nos últimos anos foram lançadas cinco variedades para atender diferentes necessidades do setor produtivo e dos consumidores. Da mesma forma, a pesquisa desenvolveu variedades de batatas-doce biofortificadas, como a  BRS Amélia, rica em provitamina A. Além disso, as pesquisas ainda indicaram formas de processamento da batata-doce para fabricação de etanol, avaliaram o uso das partes aéreas na alimentação animal e validaram um sistema de multiplicação de mudas que facilitou a vida do produtor. 

Por fim, as atividades voltadas à agroecologia e produção orgânica envolvem o resgate, conservação e promoção do cultivo de variedades crioulas; o desenvolvimento de práticas para sistemas de produção agroecológicos, como o húmus líquido e a compostagem laminar com uso de material orgânico; o desenvolvimento de variedades de batata, feijão, milho e cebola indicados para a produção orgânica; a validação de Sistemas AgroFlorestais (SAFs); e a indicação de técnicas de manejo da produção apícola.

 

Histórico da pesquisa agropecuária na região de Pelotas

A pesquisa agropecuária da Embrapa teve início na região em 1938, com a criação da Estação Experimental de Viticultura, Enologia e Frutas de Clima Temperado, no Distrito da Cascata, em Pelotas. Após, em 1943, surge o Instituto Agronômico do Sul (IAS), criado pelo Ministério da Agricultura, com abrangência sobre os três estados do Sul, também com sede em Pelotas. Em 1962, o IAS foi transformado em Instituto de Pesquisa e Experimentação Agropecuária do Sul (IPEAS). 

Com a criação da Embrapa, em 1973, essas estruturas dão origem a duas Unidades Experimentais de Pesquisa de âmbito Estadual (Uepae), denominadas Cascata e Pelotas. Posteriormente, essas estruturas são novamente transformadas e têm suas missões ampliadas: em 1983, a Uepae Cascata dá origem ao Centro Nacional de Pesquisa de Fruteiras de Clima Temperado (CNPFT) e a Uepae Pelotas dá origem, em 1985, ao Centro de Pesquisa Agropecuária de Terras Baixas de Clima Temperado (CPATB). 

A Embrapa Clima Temperado é resultado da fusão, em 1993, do CNPFT com o CPATB, marcada pela criação da sede da Unidade, no km 78 da BR-392. Nesse período, a Uepae Cascata é transformada em Estação Experimental Cascata (EEC), posteriormente assumindo protagonismo nas pesquisas com sistemas de produção de base ecológica e com foco nos públicos da agricultura familiar; e a Uepae Pelotas se torna Estação Experimental Terras Baixas (ETB), voltando seus esforços às pesquisas com grãos, forrageiras e pecuária leiteira, visando a integração Lavoura-Pecuária (ILP), .

Mais recentemente, em 2019, a Embrapa Clima Temperado ainda incorporou a Estação Experimental Canoinhas (EECAN), situada em Santa Catarina, que passou a atuar como hub de transferência de tecnologias (TT) e inovação na região. Por fim, em 2016, também passou a integrar uma Unidade Mista de Pesquisa e Transferência de Tecnologia (UMIPTT) em Francisco Beltrão (PR), junto à Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR) e ao Instituto Agronômico do Paraná (Iapar).

Cristiane Betemps (MTb 7418\RS) e Francisco Lima (13696 DRT/RS)T
Embrapa Clima Temperado

Contatos para a imprensa

Telefone: (53) 3275-8508

Mais informações sobre o tema
Serviço de Atendimento ao Cidadão (SAC)
www.embrapa.br/fale-conosco/sac/

Galeria de imagens