A secretária de Agricultura, Carla Dantas, e representantes das superintendências da Secretaria de Agricultura e Pecuária de Alagoas (Seagri) reuniram-se na última sexta-feira (14) com a chefia e parte da equipe técnica da Embrapa Alimentos e Territórios. O principal objetivo foi conhecer as ações e os projetos desenvolvidos pelo centro de pesquisa localizado em Maceió, no intuito de promover maior aproximação, fortalecer e estabelecer novas parcerias entre os órgãos. Para João Flávio Veloso, chefe-geral da Embrapa Alimentos e Territórios, a reunião foi uma oportunidade de estreitar o relacionamento com a equipe da Seagri para traçar estratégias em conjunto, em especial sobre políticas públicas aplicadas ao desenvolvimento econômico, social e de combate à fome no estado. “É muito importante e necessária essa proximidade com a Seagri, de forma a buscarmos sinergia nos nossos projetos e atividades”, enfatizou. Ricardo Elesbão, chefe de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação (PD&I), fez um panorama da atuação da Embrapa no Brasil, que completou 50 anos em 2023 e apresentou os trabalhos coordenados pela Embrapa Alimentos e Territórios, criada em 2018. Os trabalhos estão alinhados à produção agroalimentar em contextos socioculturais, bioalimentares e de consumo e atendem a vários dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, em especial aos de combate à fome e de redução da pobreza rural e das desigualdades. Entre os desafios de pesquisa que norteiam a atuação do centro está a prospecção da biodiversidade brasileira e dos territórios alimentares, materializando produtos e processos. Assim, o foco não está apenas na produção e na produtividade, mas vai além, considerando os alimentos a partir de aspectos de saúde e nutrição, da identidade territorial, do potencial gastronômico, turístico, e de inclusão social, produtiva e econômica. Carla Dantas pontuou que a expertise da Embrapa no desenvolvimento de pesquisas voltadas à agropecuária é de extrema importância para o País. "Em Alagoas, a proposta inovadora da Empresa de pensar a produção de alimentos não só pelo impacto econômico, mas principalmente pelo impacto social de combate à fome tem tudo a ver com a linha de gestão que seguimos”, afirmou a secretária. “Ter a Embrapa e seu time de pesquisadores como parceiros nos dá mais possibilidade de trabalhar em conjunto e com uma agricultura muito mais humana. E é sempre bom aprender com eles sobre novas técnicas e entender mais sobre a valorização regional daquilo que produzimos", ressaltou. O conhecimento da cultura alimentar e da biodiversidade passa também pelo conhecimento antropológico e etnobotânico, de acordo com Elesbão. Com essa visão inovadora da ciência, a Embrapa Alimentos e Territórios busca valorizar os produtos alimentares brasileiros, gerar conhecimento do patrimônio alimentar, disponibilizar tecnologias de produtos e processos alimentares, além de promover o desenvolvimento sustentável dos territórios, a inclusão socioprodutiva e o aumento de emprego e renda. As linhas de pesquisa da Unidade incluem antropologia e sociologia da alimentação, certificações e selos de qualidade e origem, circuitos de produção e consumo de produtos alimentares, sistemas agroalimentares diferenciados, biodiversidade e patrimônio alimentar, agregação de valor, gastronomia e turismo rural, e nutrição e saúde. O centro atua também no apoio à formulação de políticas públicas para apoio à geração de renda e à superação da insegurança alimentar. “A Embrapa apoia o desenvolvimento de Alagoas através da geração de estratégias de valorização de produtos agroalimentares, estreitando a conexão das cadeias produtivas agropecuárias com o turismo, que demanda alimentos de qualidade, diversidade e tipicidade”, disse Elesbão. Os projetos, realizados em parceria com outros centros de pesquisa e instituições públicas e privadas, estão focados no desenvolvimento territorial no Alto Sertão e Agreste, turismo rural, agroecologia, agricultura familiar, apicultura, uso de produtos da biodiversidade na alimentação escolar saudável, sistemas alimentares circulares urbanos, capacitação de boleiras, entre outras ações com agricultores familiares. A Empresa aportou, nos últimos dois anos, cerca de R$ 34 milhões em recursos humanos e projetos de pesquisa. A bancada parlamentar do estado também tem apoiado a instalação da Unidade, com aporte de recursos destinados à aquisição de equipamentos, veículos e à infraestrutura. Em 2023, cerca de R$ 28,5 milhões recebidos por meio de emenda parlamentar serão usados na construção da sede, em terreno doado pelo governo estadual, localizado no distrito maceioense de Ipioca, onde funcionava a Cia. de Fiação e Tecidos Norte Alagoas. O chefe de PD&I ainda ressaltou que a Embrapa Alimentos e Territórios também pode colaborar com a Seagri no sentido de fazer uma articulação com outros centros de pesquisa da Empresa que trabalham com temas de interesse da Secretaria. No caso de trabalhos relacionados a outras temáticas, como leite e pecuária, por exemplo, que fazem parte dos programas conduzidos pela Seagri, a Unidade pode colocar as equipes em contato, facilitando e apoiando o desenvolvimento de ações conjuntas.