16/08/23 |   Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação

Pesquisadores apontam os caminhos para a agricultura conservacionista

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Foto: Rodrigo Alva

Rodrigo Alva - Público do II SIP

Público do II SIP

A agricultura conservacionista e regenerativa está no linguajar de vários meios da sociedade, seja formal ou informalmente. Algumas vezes, o conceito dessa agricultura se perde em significados diferentes do que esta se propõe. 

Com o propósito de clarear a visão sobre agricultura conservacionista, agricultura sustentável, agricultura regenerativa e outros termos nesta mesma linha, o pesquisador José Eloir Denardin, da Embrapa Trigo, promoveu a reflexão dos participantes do II Simpósio de Sistemas Intensivos de Produção (II SIP), em Campo Grande, MS, no primeiro dia de evento, 15 de agosto. "O objetivo é promover uma reflexão sobre a linguagem como a maior invenção humana e sua associação à geração e à adoção de tecnologas na agricultura", iniciou Denardin.

O pesquisador explicou que a linguagem pode modificar e atrapalhar as interpretações das tecnologias. "A linguagem é a essencia da ciência. Requer isenção de dubiedades". Segundo ele, a descrição exata da ciência realizada por meio de artigo-científico "é criterio primordial para conceder credibilidade científica" para que ela possa ser reproduzida da forma correta. 

Denardin enfatizou que o conceito maior, que abarca todos os outros, é o da agricultura conservacionista, que possui três premissas: o agricultor deve cultivar plantas em benefício do solo; a água deve ser retida onde ela cai; e nenhum sistema é melhor do que quem o gerencia e ou maneja. "Agricultura conservacionista é praticada com os preceitos do conservacionismo estudados, convertidos em tecnologias, prescritos e apregoados pela conservação do solo".

De acordo com o pesquisador, o conservacionismo possui regras que são convertidas em tecnologias. O Sistema Plantio Direto, a agricultura regenerativa e a agricultura sustentável são uma parte da agricultura conservacionista. A tecnologia é informação, mas o manejo precisa de formação para interpretar a informação. "Manejo é a arte de operar os instrumentos das tecnologias. Capacitar é dar poder para decidir", disse Denardin. 

Dentro dos conceitos, o pesquisador atentou para o conservacionismo, que é de âmbito maior e possui como premissas preservar (não admite interferência antrópicas), manter (correção e ajuste de suas deficiências sem reduzir ou comprometer suas potencialidades) e regenerar (reabilita os elementos da biosfera ou dos recursos naturais).

Em dados apresentados, ele mostrou que a agricultura atual, no Brasil, ocupa 52,2 milhões de hectares, sendo que 27 milhões são considerados conservacionistas. 

O professor Luís Carlos Ferreira de Souza, da Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD), ministrou a palestra "Sistema Plantio Direto: agricultura sustentável, agricultura regenerativa: diferenças e vantagens." Abordou também os conceitos de agricultura sustentável e agricultura regenerativa. "Dentro desses principios é que o grau de tecnologia e de comprometimento de empresas devem estar calcados. Até 2030, temos que atender às políticas públicas do carbono zero, e não é fácil", alertou.

Ele afirmou que as definições do Sistema Plantio Direto (ausência de revolvimento do solo, rotação de culturas e manutenção da palhada) são claras, "todo mundo sabe, mas muitas vezes não são realizadas. A melhoria do solo não é imediata, tem que ter investimento, mas é necessário diversificar o sistema", disse Souza. 

A produção de palha e matéria orgânica do solo em consórcio é bem maior do que em cultivos solteiros.  A produtividade da soja semeada sobre milho solteiro é menor que nos consórcios. "Quanto mais palha, maior a produtividade da cultura. Isso se repetiu em vários anos de experimento [experimento de 14 anos, em culturas de outono-inverno, que faz rotação no verão com soja e milho, além de parcelas em pousio no inverno]", pontuou o professor. 

O pesquisador Cândido Novais, do Grupo Scheffer, falou sobre a importância de "Regenerar a vida na terra". Para ele, a agricultura regenerativa é a esperança de recuperação de algo que já vinha sendo feito e não estava tão bem; é o conjunto de ferramentas que busca melhorar a qualidade da saúde do solo. 

Novais contou que o Grupo estava preocupado com a saúde do solo e a questão econômica do sistema. "A Schffer trabalha com soja, algodão e milho. Montamos estudos de caso e também buscamos alguém que estivesse adotando a agricultura regenerativa em larga escala - fizemos benchmark com Leontino Balbo que trabalha com cana orgânica em larga escala", explicou. Além disso, a empresa contratou consultoria especializada, investiu em equipe, em produtos biológicos e laboratórios, tudo em prol da cultura regenerativa.

A empresa começou com uma área de 480 hectares e atualmente possuem 14 mil hectares certificados neste sistema de produção. Desafio: tornar todas as áreas em regenerativas até 2030. Para isso, entre as práticas utilizadas estão redução no uso de químicos, uso de produtos biológicos e preservação de área nativa, solo coberto com palhada. Para se ter uma ideia, o pesquisador contou que conseguiram reduzir em mais de 40% o uso de químicos na soja assim como no algodão.

"A análise de biodiversidde é maior nas áreas de agricultura regenerativa do que nas convencionais e até mesmo nas de reserva natural do Cerrado. Há um maior número de espécies de microrganismos, melhoria na microfauna e mesofauna e também benefícios adicionais como o retorno de inimigos naturais que antes não eram vistos no cultivo convencional, tanto na soja quanto no algodão".

 

Unidades da Embrapa - Presentes neste primeiro dia, fazem parte da equipe Embrapa: Agropecuária Oeste, Agricultura Digital, Algodão, Arroz e Feijão, Gado de Corte, Soja, Solos, Territorial e Trigo.


SIP 2023 - O Simpósio tem apoio da Ampasul, Aprosoja, Sistema Famasul, Senar-MS, Uems, Governo de Mato Grosso do Sul (Semadesc), Sistema OCB/MS e Agoro Carbon Alliance, com patrocínio da  Bayer, CHD´s Brasil, Sicredi, Rede ILPF e Syngenta.


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