Nos dias 17 e 23 de agosto, duas casas legislativas baianas homenagearam a Embrapa por seus 50 anos dedicados ao desenvolvimento e à sustentabilidade da agropecuária brasileira: a Assembleia Legislativa da Bahia (Alba) e a Câmara de Vereadores de Cruz das Almas, município que abriga há 48 anos a Embrapa Mandioca e Fruticultura, única unidade da Embrapa na Bahia. A sessão especial na Alba, proposta pelo deputado estadual Eduardo Salles, reuniu gestores, empregados da ativa e aposentados, colaboradores, parceiros institucionais e do setor produtivo, representantes e autoridades de órgãos de governo, parlamentares, agentes de ciência e tecnologia, entre outros. A cerimônia foi realizada com transmissão ao vivo pelo canal da TV Alba no YouTube. Em sua fala de abertura, Salles enumerou exemplos que evidenciam o papel de destaque da Embrapa no desenvolvimento da agropecuária nacional. "Na Bahia, por exemplo, um estado grandioso, havia milhões de hectares de terras do Cerrado tidas como estéreis. A Embrapa veio com toda a força e garra, com seus pesquisadores e funcionários de modo geral, e promoveu uma transformação do Cerrado, da região do Matopiba [Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia], um dos maiores celeiros de produção de alimentos, de grãos, de algodão, de frutas do Brasil e do mundo. O Vale do São Francisco, hoje referência no mundo na produção de frutas, tem, sem dúvida, a digital da Embrapa. O Cerrado tem a digital da Embrapa. Quando falamos da mandioca, única cultura presente nos 417 municípios da Bahia, sem dúvida temos o trabalho desses funcionários que têm dedicado a vida à Embrapa", pontuou o deputado. Em seguida, Salles fez uma homenagem ao pesquisador Orlando Passos por sua contribuição para o crescimento e sustentabilidade da citricultura brasileira. Com 87 anos, Passos, que foi chefe-geral da Embrapa Mandioca e Fruticultura de 1990 a 1995, é o mais antigo empregado em atividade dessa Unidade, tendo sido testemunha da criação da Empresa. Francisco Laranjeira, chefe-geral da Embrapa Mandioca e Fruticultura, representando a presidente da Embrapa, Silvia Massruhá, iniciou seu pronunciamento agradecendo aos empregados de modo geral e aos diversos parceiros. "Todo esse histórico de conquistas não teria sido possível sem as incontáveis alianças com as instituições que compõem o sistema nacional de pesquisa agropecuária, diversas delas representadas nessa sessão, como universidades, institutos e empresas estaduais de pesquisa, fundações de apoio, agências de defesa agropecuária, de extensão, essas responsáveis diretas por levar nossas tecnologias aos produtores, grandes propulsores do desenvolvimento agrícola e da segurança alimentar do nosso País", afirmou Laranjeira. Depois ele fez um apanhado da trajetória da Embrapa nesses 50 anos, marcada, como salientou, por uma notável evolução do Brasil no cenário mundial, que se tornou um dos principais expoentes globais na produção de alimentos. “Entre essas conquistas, estão os sistemas de produção para uso de solo do Cerrado, iniciativa que desencadeou uma revolução nesse bioma, já que solos considerados inférteis tornaram-se altamente produtivos. Foram essas inovações que permitiram, por exemplo, a revolução agrícola do Oeste da Bahia. A adoção de fixação biológica de nitrogênio causou impacto semelhante ao revolucionar a cultura da soja, gerando economia na casa de milhões de dólares pela eliminação da necessidade de fertilizantes nitrogenados. A implementação do Zoneamento Agrícola de Risco Climático e a disseminação da integração lavoura-pecuária-floresta também desempenham papel de destaque, ampliando a produtividade, diminuindo os riscos e garantindo a sustentabilidade da atividade agropecuária e do meio ambiente", exemplificou Laranjeira. E acrescentou: "quem diria há 50 anos que a Bahia produziria uvas de mesa e vinhos de qualidade? Também na Bahia temos o desenvolvimento de tecnologias de apoio à exportação de mamão no Extremo Sul e de manga no Vale do São Francisco." Após relacionar importantes conquistas do passado, o chefe-geral também lançou um olhar sobre o presente. "Temos o desenvolvimento de variedades de mandioca adaptadas mais produtivas e mais resistentes a doenças para o Sudoeste, Baixo Sul e Recôncavo da Bahia; promoção da citricultura no Recôncavo, Litoral Norte e Chapada Diamantina; apoio ao desenvolvimento da abacaxicultura no Piemonte do Paraguaçu; sistemas orgânicos de produção de frutas na Chapada; apoio a projetos de inclusão socioprodutiva no Baixo Sul; entre outras", salientou. E para os próximos 50 anos, Laranjeira reforçou que a Empresa vai continuar desempenhando seu papel na promoção do desenvolvimento sustentável da agropecuária brasileira. "A Embrapa trabalha para a nossa terra e nossa gente. É com essa missão renovada que a Embrapa embarca na jornada para os próximos 50 anos, pronta para transformar desafios em oportunidades, sustentabilidade em realidade, conhecimento em progresso", completou. Osni Cardoso, secretário estadual de Desenvolvimento Rural, representou o governador Jerônimo Rodrigues na cerimônia. "Todo dia eu percebo a digital da história da Embrapa entre os trabalhadores e trabalhadoras da agricultura familiar e da agricultura de modo geral do estado da Bahia", disse. Orlando Silva, diretor regional do Nordeste do Sindicato Nacional dos Trabalhadores de Pesquisa e Desenvolvimento Agropecuário (Sinpaf), também fez pronunciamento. Estavam presentes ainda os representantes nacional e local (seção Cruz das Almas) do Sindicato, Marcus Vinicius Sidoruk Vidal e Helder Carvalho, respectivamente. A mesa da sessão solene contou também com representantes da Secretaria de Agricultura do Estado da Bahia, Superintendência Federal de Agricultura, Defensoria Pública Estado da Bahia, Prefeitura de Cruz das Almas, Federação das Indústrias do Estado da Bahia (Fieb), Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), Banco do Nordeste, Caixa Econômica Federal, Agência de Fomento do Estado da Bahia (Desenbahia), Associação Comercial da Bahia, Departamento de Trânsito do Estado da Bahia (Detran-BA) e Agência Estadual de Defesa Agropecuária (Adab). O evento contou com ampla cobertura da TV Bahia, filiada da Rede Globo, do jornal A Tarde e da TV Alba. Homenagem da Câmara de Vereadores de Cruz das Almas No dia 23, foi a vez de a Câmara de Vereadores de Cruz das Almas homenagear a Embrapa por seus 50 anos. O município do recôncavo baiano abriga, desde 1975, a única das 43 Unidades Descentralizadas da Embrapa no estado da Bahia. Proposta pelos vereadores Osvaldo da Paz, Pedro Melo, Pablo Rezende, Ricardo Pinheiro e Carlos Trindade, a sessão solene reuniu empregados, colaboradores, parceiros institucionais, parceiros do setor produtivo, imprensa e autoridades locais. “Cruz das Almas é um dos poucos municípios fora de regiões metropolitanas que sedia uma Unidade da Embrapa. É também a menor cidade com presença física da Embrapa. A essa honra, Cruz das Almas respondeu sempre à altura, com apoio e participação em nossas atividades. Seus moradores sempre foram parte ativa e inspiração para nossas pesquisas", afirmou Laranjeira, que foi o orador da sessão, na abertura de seu pronunciamento. Daí ele enumerou uma série de realizações. "Desde os tempos do IAL [Instituto Agronômico do Leste] e do Ipeal [Instituto de Pesquisa e Experimentação Agropecuária do Leste], instituições que antecederam à Embrapa Mandioca e Fruticultura, Cruz das Almas tem deixado sua marca e contribuição na agricultura brasileira. Foi da Embrapa de Cruz das Almas que surgiram as ideias para sistemas orgânicos de produção de frutas na Chapada Diamantina. Foi a pesquisa realizada em Cruz que apoiou a bananicultura nacional e disponibilizou variedades resistentes a pragas. Foi daqui que surgiram ideias para apoiar a inclusão socioprodutiva no Baixo Sul e tecnologias aplicáveis aos diversos polos de irrigação. Foi em Cruz das Almas que foi criada a base para proteção da citricultura baiana contra sua doença mais devastadora, e é também de Cruz que sairão as primeiras variedades resistentes à maior ameaça à bananicultura do Brasil", exemplificou. O evento contou com a participação do secretário de Agricultura do município, Marcio Rebouças, que representou o prefeito de Cruz das Almas, Ednaldo Ribeiro; do vice-prefeito André Eloy; do vice-reitor da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB), Fábio Josué Souza dos Santos, representado a reitora Georgina dos Santos; do professor Rodrigo Freitas Bittencourt, diretor da Escola de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade Federal da Bahia (Ufba), representando o reitor Paulo Cesar Miguez; do gerente-regional do Sebrae de Santo Antônio de Jesus, Carlos Henrique Oliveira; do presidente da seção sindical de Cruz das Almas do Sinpaf, Helder Carvalho, entre outras autoridades e parceiros institucionais. Exposição de tecnologias e degustação de produtos No hall das duas casas legislativas, foram divulgadas, por meio de painéis, diversas tecnologias desenvolvidas pela Unidade de pesquisa baiana, como as bananas BRS Terra-Anã e BRS Princesa, o sistema de produção de mandioca para o semiárido, System Approach para mamão, mandiocas para mesa e indústria, abacaxi BRS Imperial, sistemas orgânicos de produção, Zoneamento Agrícola de Risco Climático (Zarc) para a cultura dos citros, lima-ácida Tahiti CNPMF 01 e Rede de multiplicação e transferência de materiais propagativos de mandioca com qualidade genética e fitossanitária (Reniva). Houve degustação de abacaxi, banana e mamão desidratados, banana e aipim chips e geleias de abacaxi, acerola e maracujá — tecnologias desenvolvidas e produzidas no Laboratório de Ciência e Tecnologia de Alimentos. O evento na Alba contou também com beijus e pães com fécula de mandioca produzidos, respectivamente, pelos parceiros Beiju Dois Irmãos e Parati Delicatessen.