30/08/23 |

Evento discute estratégias para reduzir emissões da lavoura de arroz

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Foto: Francisco Lima

Francisco Lima - A pesquisadora enumerou algumas estratégias para mitigação dos GEE, destacando o papel do manejo da lâmina d’água para melhoria da performance das lavouras

A pesquisadora enumerou algumas estratégias para mitigação dos GEE, destacando o papel do manejo da lâmina d’água para melhoria da performance das lavouras

Na manhã desta quarta-feira (30), a pesquisadora Walkyria Scivittaro, da Embrapa Clima Temperado (RS), apresentou palestra sobre “Estratégias para a mitigação das emissões da lavoura de arroz”, no Seminário RS Carbon Free, promovido pelo Sindicato da Indústria de Laticínios do Estado do Rio Grande do Sul (Sindilat), . A atividade foi realizada na Casa da Indústria de Laticínios, no Parque de Exposições Assis Brasil, durante a 46ª Expointer, em Esteio (RS).

Durante dois dias, o evento reuniu representantes do setor produtivo para discutir o balanço de carbono da pecuária de leite, corte e produção de grãos e forrageiras. Na perspectiva de diversificação e integração agrícola, Walkyria abordou os desafios, as oportunidades e as opções para a lavoura do arroz sob o ponto de vista ambiental, bem como os aspectos econômicos e de segurança alimentar. 

De início, falou sobre a realidade da cultura orizícola, contextualizando os motivos que fazem a cultura ser tão visada nas discussões ambientais. Segundo dados da pesquisadora, o arroz alimenta mais de 50% da população mundial, com produção anual superior a 500 milhões de toneladas, ocupando uma área de 160 milhões de hectares (11% da área cultivada no mundo), contribuindo com cerca de 10% das emissões de Gases de Efeito Estufa (GEE) da agricultura.  

A pesquisadora afirma que esse impacto ambiental tem relação com a elevada produção, mas que vem evoluindo positivamente em termos de intensidade das emissões - a emissão de GEE por quilo de grãos produzidos -, dada a melhoria na eficiência produtiva. Nesse quesito, a lavoura de arroz brasileira se destaca entre as mais importantes do cereal no mundo, pela menor intensidade de emissão no Brasil.

Desde 1970, as emissões brasileiras têm se mantido constantes e representam, hoje, menos de 3% das emissões na agropecuária. No Rio Grande do Sul, mais especificamente, onde está 70% da produção nacional, houve um aumento de produção com estabilidade ou redução de área, ou seja, há aumento de produtividade com eficiência e menor intensidade de emissões.

 “A intensidade das emissões vem diminuindo nos últimos 30 anos. Já existe um grande avanço do setor, que precisa ser considerado e respeitado. Embora seja visada, a lavoura de arroz gaúcha já está na vanguarda de uma boa performance ambiental. Não quer dizer que não há tarefa para fazer”, explica.

 

Alternativas para mitigação

Na sequência, a pesquisadora enumerou algumas estratégias para mitigação dos GEE, destacando o papel do manejo da lâmina d’água para melhoria da performance das lavouras. Também pontuou como importantes o manejo do solo e dos resíduos culturais, o manejo dos fertilizantes, o uso de cultivares menos emissoras e a diversificação do sistema de produção, promovendo melhor ocupação do solo. “Não é só produzir arroz”, afirmou.

Walkyria ressalta que o objetivo é reduzir a emissão de GEE, mas mantendo patamares de produtividade e qualidade de grãos. A partir da adoção de medidas mais sustentáveis, também é possível conquistar novos mercados. “Precisamos pensar que o produtor é um empresário, então ele precisa ter condições de adotar essas medidas de mitigação”, reforça.

Segundo a palestra, sistemas de mitigação de emissões muito drásticos podem comprometer a produtividade, no caso do arroz irrigado. Por isso, o desafio da pesquisa é conciliar redução de emissões com manutenção de produtividade. Isso passa pela adaptação dos sistemas produtivos às condições, que já estão sob impacto da mudança climática, levando em consideração sistemas de irrigação e de manejo de solos distintos. 

O uso de cultivares mais adaptadas também ajuda a manter altas produtividades, reduzindo as emissões de metano das lavouras. O trabalho de melhoramento genético, que antes buscava produtividade e resistência, hoje também está pautado pela questão ambiental, levando em consideração não apenas a redução das emissões, mas a adaptação dos materiais a novos contextos climáticos.

A pesquisadora ainda apresentou alguns dados obtidos em sete anos de pesquisa em manejo do solo e da palha que demonstram os ganhos da lavoura do arroz do RS em termos mundiais. No caso do manejo dos solos, o preparo antecipado pode reduzir em 24% as emissões de metano das lavouras e em 21% do potencial de aquecimento global. E o uso de cultivares adaptadas pode reduzir em 60% as emissões, associado a práticas para economizar água.

Por fim, Walkiria reforçou a intenção de reduzir as emissões, mantendo volumes de produção. “Lavouras mais produtivas emitem menos do que lavouras com baixa produtividade”, afirmou. Ainda neste contexto, mostrou que lavouras de arroz em rotação com soja emitem 25% menos GEE do que lavouras sem rotação. “Rotação arroz-soja, que já é realidade no nosso sistema de produção, também demonstra uma vantagem nesse aspecto”, finalizou.

 

Outras palestras

O pesquisador da Embrapa Pecuária Sudeste (SP) Alexandre Berndt também apresentou estratégias para uma pecuária de baixo carbono. A programação ainda contou com a participação da secretária de Meio Ambiente e Infraestrutura do RS (Sema), Marjorie Kauffmann Sema; do coordenador do comitê gestor do Plano ABC+, da Secretaria de Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação (Seapi), Jackson Freitas Brilhante e São José; do diretor vice-presidente da Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul (Farsul), Domingo Velho Lopes; e do professor da Universidade Federal do Estado do Rio Grande do Sul (UFRGS), Cimélio Bayer. Todas as palestras estão disponíveis no site do Sindilat.

Francisco Lima (13696 DRT/RS)
Embrapa Clima Temperado

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Mais informações sobre o tema
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