08/09/23 |   Mudanças climáticas

Estudo brasileiro fornece indicações para medições de gases de efeito estufa

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Foto: Magda Lima

Magda Lima - Parcela de arroz irrigado estudada.

Parcela de arroz irrigado estudada.

Fluxos de gases variam ao longo do dia em arrozais brasileiros

Um estudo realizado em arrozais irrigados, em Pindamonhangaba, no interior de São Paulo, mostrou que os fluxos de metano e de óxido nitroso variam de acordo com o horário do dia. Os arrozais irrigados por inundação são importantes fontes de gases de efeito estufa, principalmente de metano. A emissão de óxido nitroso ocorre também, porém em menor proporção sob estas condições.

Em geral, os fluxos médios de óxido nitroso em estádios da fase reprodutiva do arroz ocorreram entre as 21h e 1h, e por volta das 11h. Os fluxos médios no pousio foram observados por volta das 23h e das 11h. Os fluxos de metano nos estágios R2 (emborrachamento) e R5 (grão leitoso) ocorreram de modo relativamente constante ao longo do dia, permitindo amostragens em qualquer horário. No estágio R8 (grão maduro), na pós-colheita e no pousio os fluxos foram próximos a zero, com o solo já drenado.  

De acordo com a pesquisadora da Embrapa Meio Ambiente Magda Lima, os resultados mostram a importância de determinar o melhor horário para amostragem de gases em diferentes estágios de desenvolvimento do arroz e na pós-colheita e pousio, para evitar sub ou superestimativas dos fluxos médios, reduzindo as incertezas de estimativas de fluxos sazonais. Deve-se enfatizar que esses resultados são específicos para a área estudada e podem ser influenciados pelo tipo de solo, manejo do campo, clima, cultivar de arroz e condições ambientais.

Condições anaeróbias do solo geram metano

No Brasil, mais de 80% da produção de arroz é proveniente de zonas úmidas, onde o sistema básico de cultivo é a irrigação por inundação. As condições anaeróbias do solo neste tipo de manejo levam à geração de metano como produto da matéria orgânica em decomposição por microrganismos metanogênicos.

O óxido nitroso, por outro lado, em condições de anaerobiose, resulta do processo de desnitrificação. Contudo, a emissão de óxido nitroso a partir do arroz inundado pode ser menor do que em outros tipos de ecossistemas, uma vez que sob prolongada inundação do solo, o gás tende a ser reduzido a nitrogênio. As emissões de óxido nitroso foram maiores no pousio, mas também nos estágios de emborrachamento e de grão leitoso, quando as temperaturas do solo e da água estavam mais elevadas.

Dados sobre a variação diurna e noturna dos gases de efeito estufa em sistemas de produção de arroz são escassos no Brasil, sendo principalmente relacionados a fluxos de metano e a variedades específicas. Este estudo apresenta também, de forma inédita, dados sobre o padrão de emissão do óxido nitroso ao longo de 24 horas (dia e noite), sob condições de inundação. O estudo completo foi publicado na Revista Agronomia Colombiana.

Cristina Tordin (MTb 28.499/SP)
Embrapa Meio Ambiente

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