13/09/23 |   Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação

Endoterapia vegetal é uma técnica promissora em desenvolvimento

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Foto: Journal Agriculture/MDPI

Journal Agriculture/MDPI - Aplicação do produto por endoterapia seguida de translocação do tronco para as folhas.

Aplicação do produto por endoterapia seguida de translocação do tronco para as folhas.

A endoterapia vegetal, técnica que consiste na aplicação de produtos diretamente no interior das plantas, é relativamente nova no Brasil. Por isso, ainda não há legislação para recomendação aos produtores e não há registros de produtos para a técnica no país, e com o desenvolvimento de novas tecnologias e o aumento do conhecimento sobre ela, deve se tornar cada vez mais popular e acessível aos agricultores.

As pesquisas com essa técnica ainda estão em andamento, principalmente em áreas experimentais. Tem ganhado destaque no setor agrícola devido à sua eficácia no controle de pragas e no manejo, resultando uma maior longevidade das árvores, e um aumento da produção/produtividade para as frutíferas.

Conforme pesquisa feita  pela pós-doutoranda da Embrapa Meio Ambiente Jordana Ferreira, no artigo Vegetative Endotherapy - Advances, Perspectives and Challenges, publicado no Journal Agriculture da MDPI, estudos realizados no Brasil e no mundo mostram que esta técnica vem avançando e tem apresentado resultados satisfatórios. Alguns países europeus, como a Espanha e a Itália, além dos Estados Unidos, lideram as pesquisas relacionadas à técnica e já incluem produtos comerciais registrados para algumas culturas. Nos Estados Unidos estudos envolvendo doenças em citros, como o greening ou HLB, são financiados pelos produtores apenas se forem realizados por endoterapia, pois a pulverização foliar não é considerada eficaz no controle da doença, além de não ser ambientalmente segura.

Para Ferreira, é importante buscar a sua regularização, de modo que possam ser recomendadas as dosagens e intervalos de aplicação. Também é essencial evitar o uso da técnica com a abertura dos troncos/estipes de forma inadequada, sem controle e critério das dosagens, intervalos de aplicação e produtos/formulações não recomendados para a cultura.

“No Brasil, alguns pequenos produtores de coco estão aplicando produtos sem nenhum critério, usando a técnica inadequadamente, com produtos que não são recomendados, e que podem levar à morte da planta com a necrose dos feixes e áreas afetados. Isso é bastante preocupante, pois pode levar a técnica ao descrédito antes de ser adequadamente apresentada aos produtores, com a forma correta de aplicação, formulações apropriadas, ajustes de dosagens e intervalos”, alerta a pesquisadora.

A técnica já promoveu efetivamente o aumento da vida útil das plantas e sua produção/produtividade e vem sendo empregada principalmente no controle de doenças e pragas, assim como na nutrição de plantas perenes. Entretanto, no Brasil, a falta de incentivo aos produtores dificulta o avanço da técnica. Estudos que avançaram foram financiados por agências de fomentos de pesquisa ligadas às universidades e centros de pesquisa.

Relevância 

Essa técnica apresenta várias vantagens em relação aos tratamentos convencionais, como a redução da contaminação ambiental, a minimização de riscos para a saúde humana e a fauna auxiliar, a segurança aprimorada para o aplicador e a capacidade de atingir o alvo desejado com menores perdas.

Pode ser usada para controlar pragas, doenças e outros problemas fitossanitários em plantas perenes, como árvores decíduas, coníferas, urbanas, frutíferas, palmeiras e plantas ornamentais. Também pode ser usada para fornecer nutrientes e reguladores de crescimento às plantas.

A sua execução bem sucedida requer um conhecimento técnico profundo da fisiologia e morfologia das plantas. É importante determinar a estação mais adequada para a aplicação dos tratamentos, identificar produtos desenvolvidos para a técnica e a espécie de interesse, estabelecer intervalos de aplicação e avaliar os resíduos nos frutos.

Para a pesquisadora da Embrapa Meio Ambiente Sonia Queiroz, é uma tecnologia promissora com o potencial de revolucionar o controle de pragas e doenças em plantas perenes. “Um dos principais desafios é obter o reconhecimento oficial da técnica por parte das autoridades governamentais. É importante que sejam estabelecidas diretrizes para dosagens seguras e priorizados os produtos de menor impacto ambiental. Além disso, há a necessidade de desenvolver novas moléculas com o uso de nanotecnologias, com vistas a assegurar a segurança alimentar, em caso de plantas frutíferas”, acredita Queiroz.

Cristina Tordin (MTb 28.499/SP)
Embrapa Meio Ambiente

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