27/10/23 |   Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação  Transferência de Tecnologia

Dia de Campo do Leite leva mais de 600 produtores leiteiros, em especial jovens, para conhecer tecnologias para a atividade

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Foto: Francisco Lima

Francisco Lima - Neste ano, o evento contou com oito estações que abordavam diferentes temáticas.

Neste ano, o evento contou com oito estações que abordavam diferentes temáticas.

Um dia inteiro dedicado à gestão da propriedade leiteira foi o foco do 11º Dia de Campo Institucional do Leite, realizado em conjunto pela Embrapa Clima Temperado e a Emater/RS, nesta quinta-feira, dia 26, nas dependências da Estação Experimental Terras Baixas. A agenda contou com oito estações tecnológicas, 60 técnicos, bolsistas e pesquisadores envolvidos nas temáticas e mais de 12 caravanas de ônibus de produtores e jovens produtores rurais da Metade Sul do Estado, estimando um público de mais de 600 pessoas.

A pesquisadora Maira Zanela, coordenadora do evento, disse que cada estação tecnológica teve o objetivo de levar ao produtor como ele terá mais controle do seu negócio para que ele se torne mais eficiente na atividade leiteira. “Uma grande novidade neste ano, é a primeira vez que se apresenta uma estação de manejo do solo para sua preservação”, disse. Além deste tema, apresentou-se as atividades normais de rotina de produção de leite e destacou-se no Dia de Campo, as boas práticas agropecuárias para armazenagem do milho, os cursos do Centro de Treinamento de Agricultores de Canguçu (CETAC) e como acompanhar os indicadores zootécnicos financeiros.

“Esse ano, por causa do Programa Leite Seguro e o acompanhamento de 200 unidades de produção leiteira na região Sul do País, identificou-se que a gestão da propriedade não era realizada ou era muito deficiente, por isso, foi escolhido este tema”, explicou. Conforme ela,  o Dia de Campo vem contribuir com alternativas para superar as questões da crise do setor leiteiro, onde o produtor precisa ter mais eficiência no seu sistema de produção para poder produzir com menor custo e ter maior sustentabilidade.

Outro destaque no evento foi a atuação da Emater/RS, que esteve presente nesta edição com a participação de técnicos em todas as estações a fim de apresentar tecnologias que possam facilitar a atividade laboral pelo produtor leiteiro. Para Mara Saalfeld, presidente da instituição, o trabalho da empresa de extensão com a atividade leiteira é histórico, há 497 municípios, e destes, 411 planejam o trabalho com gado leiteiro, embora se enfrente uma crise no setor do leite. “Diminuímos o número de produtores, passando de 84 mil produtores em 2015 para 33 mil produtores, mas a produção e a produtividade do rebanho não diminuíram, assim como, o número de vacas em produção. O nosso propósito aqui, é mostrar como tem sido, em parceria com a Embrapa, levar aos produtores tecnologias que façam com que eles tenham um melhor desempenho nas suas propriedades”, disse.

Ela enfatizou a necessidade de dar condições ao produtor de incrementar sua renda e diminuir a penosidade da lida leiteira, buscando melhoria de vida e  permanência do jovem no campo. Saalfeld destacou ainda a presença do CETAC, que está disponível com oferta de capacitação para este público, especialmente. A Emater colocou à disposição uma vitrine digital de publicações, via uso de QR codes.

O evento contou com espaços de atendimento e de exposição de produtos por parceiros como o Sicredi, UFPel, Coopar, Associação de Criadores de Jersey, Afubra, agroindústria familiar Sítio Dona Luiza e o produtor rural Waldoir Sousa com mudas de Capim-elefante BRS Kurumi.

Oito estações tecnológicas 

O evento iniciou às 9h, com a recepção às caravanas de produtores e, logo a seguir, os grupos foram divididos em quatro grandes grupos, os quais assistiram ao longo do dia as falas nas diferentes oito estações apresentadas de maneira simultânea. O evento se encerrou às 16h.  

Na estação cultivares de forrageiras, os pesquisadores Renato Fontaneli, da   Embrapa Trigo (RS), Gustavo da Silva, da Embrapa Pecuária Sul (RS), e Fernanda   Bortolini, da Embrapa Clima Temperado (RS), abordaram as cultivares de forrageiras   desenvolvidas pela Embrapa e suas características, como o azevém BRS Estações e     BRS Integração, o trigo BRS Pastoreio e o trevo-vesiculoso BRS Piquete. Os   pesquisadores ainda demonstraram que é possível produzir alimentos durante o   inverno para o gado leiteiro. 

A estação dois tratou da importância de fazer o planejamento forrageiro para garantir uma nutrição adequada ao rebanho leiteiro em período de escassez de pastagens e forrageiras, garantindo uma condição corporal satisfatória dos animais, apresentada pelo analista Sergio Bender e o extensionista Adão Batista. Eles indicaram as opções de forrageiras da vitrine da Embrapa. Na mesma estação também foi apresentado o tema, considerado destaque do dia de campo, que foi o manejo e conservação do solo e água, com o pesquisador Adilson Bamberg e o professor da UFPel, Eduardo Suzuki.

“Garantindo a conservação das plantas de cobertura do solo, vamos, não somente, conservar o solo e a água, mas uma quantidade suficiente de matéria seca e comida para os animais. É fundamental que o solo tenha cobertura vegetal por mais tempo possível para que quando chegarem as chuvas, se faça o armazenamento necessário, fazendo que se infiltre com mais facilidade a água, e assim, quando nas situações houver a falta de chuva, a água seja reservada no próprio solo, e se tenha uma oferta de forragem para o gado leiteiro a fim de obter maior produtividade”, explicou o pesquisador Adilson Bamberg.

Para o professor Suzuki a relação entre solo e forrageiras é diretamente proporcional: se há um solo bem tratado e cuidado, haverá forrageiras de alta qualidade para consumo dos animais. Ele demonstrou aos produtores como evitar o processo de compactação do solo, um dos problemas que ocasiona déficit de produção animal. “Uma das estratégias é entrar com os animais quando estiver menos úmido”, ensinou Suzuki.

A temática da nutrição dos bovinos leiteiros foi discutida na estação três, com o  pesquisador Jorge Schafhauser e o extensionista Hector Dias. Jorge apresentou as  condições das fezes dos animais, que dependem de uma alimentação nutritiva. Já  Hector, mostrou que a qualidade do leite depende de um pasto com nutrientes,  afetando diretamente na eficiência da produção. Além disso, os pesquisadores citaram  o milho, o farelo de soja e o trigo como alimentos nutritivos para o rebanho.

 

Na estação de Cria e Recria de animais e do manejo reprodutivo dos bovinos leiteiros foram mostrados os cuidados básicos que têm sido negligenciados pelos produtores e que têm impactado nos resultados finais na eficiência de produtividade leiteira da propriedade. “Nem todos os produtores têm prestado atenção no cuidado de detalhes importantes na recria. Mostramos os procedimentos adequados de identificação dos animais e sua necessidade, fazendo o controle de nascimento e o controle do desenvolvimento do animal, pois a recria tem um custo muito alto dentro do sistema e ter os controles facilita no alcance de resultados econômicos satisfatórios”, disse o analista Álcio Azambuja. O assunto também foi abordado pela extensionista Roberta Medina. Já a pesquisadora Lígia Pegoraro e o extensionista Marcelo de Souza trouxeram em evidência como gerenciar indicadores para eficiência reprodutiva e realizar sua melhor interpretação  como as taxas de observação de cio, de não retorno ao cio, o período de serviço e as taxas de concepção e de prenhez. 

 Os pesquisadores Waldyr Stumpf e Darcy Bitencourt mostraram formas de gerenciar a   propriedade na quinta estação tecnológica Indicadores Zootécnicos e gestão   financeira. Para iniciar esse processo, os pesquisadores listaram alguns passos   como, conhecer a propriedade, solo, qualidade da água e os animais. Além disso,   fazer o monitoramento da vida e produção das vacas e do fluxo de caixa, através de   uma ficha que foi disponibilizada no material técnico do evento. 

 Um dos benefícios dessa gestão financeira e o controle da unidade produtora é   auxiliar nas decisões sobre o gado leiteiro da propriedade. “Isso tudo reflete na renda do produtor, afinal de contas é necessário ter um resultado financeiro positivo para se manter e para isso o produtor precisa ter o domínio sobre as informações do estabelecimento rural leiteiro”, explicou o pesquisador Waldyr Stumpf. 

A sexta estação fez referência ao cardápio de cursos de qualificação do CETAC, com cerca de 13 opções de temas para formação profissional, mostrados pelo extensionista Reginaldo Clasen Maciel e quais os critérios para os jovens se inscreverem nos treinamentos. Na sequência, os extensionistas Geverson Lessa dos Santos e Jeferson trataram alguns pontos sobre a importância de boas práticas no armazenamento do milho, uma dificuldade vivida pelos produtores de leite, que tem relação direta com a nutrição dos animais, e consequentemente, com sua produtividade. Também foi abordado como realizar a secagem e armazenagem de maneira geral de grãos. 

 Na estação com a temática mastite e a resistência aos antimicrobianos, o analista   de transferência de tecnologia da Embrapa Gado de Leite (MG) Rogério Dereti e a   veterinária da Emater/RS Andreia da Silveira Lucas abordaram a prevenção e   tratamento da mastite nos animais. Andreia apresentou formas de prevenção à   infecção, como a higiene, limpeza e o cuidado para não alimentar as vacas no local de   ordenha. Dereti mostrou a importância de utilizar os antimicrobianos da forma correta,   a fim de evitar a resistência das bactérias. Além disso, abordou um passo a passo de   como realizar o tratamento nos animais infectados e destacou como um manejo   positivo na propriedade, realizar análise do leite. 

E a última estação foi voltada a apresentação e conhecimento do Laboratório de Qualidade do Leite. A pesquisadora aposentada Maria Edi Ribeiro se fez presente no evento e  contribuiu com  um histórico do Laboratório, desde a formação do rebanho experimental da Embrapa. Nas dependências do Laboratório, a pesquisadora Rosângela Barbosa mostrou a importância do produtor encaminhar amostras para realização de análises de qualidade do leite. “Esta prática de encaminhamento de análises da qualidade do leite produzido na propriedade ajuda os produtores a fazerem uma seleção dos animais, uma seleção de descarte dos animais, e a realização do controle leiteiro”, lembrou Barbosa. Segundo ela, as análises de leite para cada propriedade podem ser feitas mensalmente. O Laboratório trabalha junto com o Ministério da Agricultura para analisar e aprovar produtos que irão ganhar novos mercados de exportação, ampliando o escopo das análises, o que permite possíveis produtos sejam descartados ou ainda após análises que sejam aproveitados e não dispensados.

As análises de qualidade do leite do Laboratório da Embrapa estão disponíveis tanto para produtor como para laticínios, após quase quatro anos de interrupção das análises em função da pandemia do Covid-19.

Estiveram presentes na Abertura Oficial do 11º Dia de Campo  do Leite o chefe-geral da Embrapa Clima Temperado, Roberto Pedroso de Oliveira, a vice-reitora da UFPel, Úrsula Rosa da Silva, a presidente da Emater/RS, Mara Saalfeld, o presidente da Coopar, Nildo Rutz,o Secretário de Desenvolvimento Rural e Econômico de Capão do Leão, Danilo Leite, e a coordenadora do evento, pesquisadora Maira Zanella.

Cristiane Betemps com apoio de Andressa Lacerda (MTb7418/RS)
Embrapa Clima Temperado

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