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Programa da Embrapa para melhoramento de pessegueiro é apresentado em evento mundial

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Foto: Francisco Lima

Francisco Lima - A pesquisadora abordou o histórico do pessegueiro no Brasil e na região de Pelotas.

A pesquisadora abordou o histórico do pessegueiro no Brasil e na região de Pelotas.

Durante a programação da 15º Conferência Mundial de Frutas Processadas de Caroço (Cancon), na tarde do dia 30 de outubro, a pesquisadora Maria do Carmo Raseira abordou o histórico e os principais resultados do Programa de Melhoramento Genético de Pessegueiro mantido pela Embrapa Clima Temperado (RS). O evento foi realizado pela primeira vez no Brasil, de 30 de outubro a 1º de novembro, tendo sido sediado pela Embrapa, em Pelotas.

Segundo Maria do Carmo, ao longo de 60 anos de atividades, o Programa foi responsável por lançar cerca de 130 cultivares, que representam hoje 100% dos materiais cultivados para processamento e 70% das cultivares de mesa no Brasil. O trabalho também ajudou a melhorar os índices de produtividade e a aumentar o período de safra, que passou de 15 para cem dias. “Não existe a variedade perfeita, mas seguimos tentando obter materiais melhores do que se tem”, afirmou.

Durante a palestra, a pesquisadora abordou brevemente a introdução do pessegueiro no Brasil e, mais especificamente, na região de Pelotas, que em 1880 já abrigava cerca de cem mil plantas. Em seguida, falou sobre o histórico de produção e sobre o início do Programa de Melhoramento em Pelotas, em 1963, com foco na fruta tipo indústria. Ela ainda relembrou que a região chegou a abrigar cerca de cem indústrias de pêssego, mas que hoje, com 11, a capacidade de produção é maior.

Maria também falou das dificuldades para a produção de pêssego na região, principalmente em função do clima, classificado com temperado, que não é ideal para o cultivo em função do inverno ameno. Nesse contexto, justificou o alto número de variedades disponíveis aos produtores e à indústria: garantir opções para que não ocorra frustração de safra em anos de adversidades.

Sobre o melhoramento das variedades, além de comentar o histórico e as etapas locais, abordou os objetivos do trabalho, destacando, principalmente, a redução da necessidade de frio das plantas, de maneira a tropicalizar a produção. Além disso, comentou as características que se esperam de uma planta, reforçando a necessidade de plasticidade, ou seja, de adaptação às condições locais e à mudança climática. 

Por fim, apresentou as principais cultivares lançadas pelo Programa de Melhoramento, bem como suas características. Foram mencionados os materiais Eldorado (1989), Esmeralda (1987), Jade (1987), Maciel (1992), Granada (1995), BRS Bonão (2007), BRS Libra (2009),  mbar (2009), BRS Citrino (2016) e BRS Jaspe (2018). 

 

Abertura do evento e atividades paralelas

O ato de abertura da Cancon ocorreu no dia 30 pela manhã e contou com a presença de Paulo Crochemore, presidente do Sindicato das Indústrias de Doces e Conservas Alimentícias de Pelotas (Sindocopel), entidade promotora do evento; de Astrid Schunemann, representante da Secretaria de Desenvolvimento Econômico do Rio Grande do Sul,  do vice-prefeito Idemar Barz, de Pelotas,  da reitora Isabela Andrade, da Universidade Federal de Pelotas (UFPel) e do chefe-geral Roberto Pedroso de Oliveira, da Embrapa Clima Temperado.

Em sua fala, Pedroso deu as boas vindas aos presentes, contextualizou a estrutura e o papel da Embrapa no País e destacou o trabalho de pesquisa com pessegueiro realizado pela Unidade e pela UFPel. Também comentou a expectativa com relação à realização da Cancon, adiada em função da pandemia. “A realização desse evento é um sonho para nós”, afirmou.  

Na terça-feira (31), após manhã de apresentações, as delegações participaram de almoço no Restaurante Casa Grupelli, na Colônia de Pelotas, onde também houve momento de falas de autoridades. O chefe-adjunto de Pesquisa e Desenvolvimento da Unidade, Gustavo Heiden, mencionou a tradição regional ligada à cultura do pêssego, usando como exemplo a própria história familiar de uso da fruta para elaboração de passas. “O pêssego é muito mais do que uma fruta para nós. Aqui no Sul do Brasil é parte da nossa identidade”, disse. 

Ele também reforçou o papel da pesquisa da Embrapa para aumento da janela de produção, principalmente pela disponibilização de variedades pela pesquisa, e da indústria de alimentos ao desenvolver e aperfeiçoar técnicas de processamento que nos permitem saborear conservas, passas, geleias e outros produtos desenvolvidos a partir do pêssego o ano todo. “Em nome da Embrapa Clima Temperado, eu gostaria de dizer que contem conosco pelos próximos 60 anos e além. Se depender de nós, o pêssego vai ter o seu lugar na história, como sempre teve: uma cadeia produtiva forte do campo à indústria, que gera muito emprego e renda”, finalizou. 

Na quarta-feira, o grupo realizou visita à Indústria de Conservas Oderich.

 

Sobre a Cancon

Realizado a cada dois anos, o evento reuniu delegações de produtores e embaladores de frutas, fabricantes de máquinas e equipamentos e representantes da indústria da África do Sul, Argentina, Chile, China, Espanha, Estados Unidos, Grécia e Itália, além do Brasil. Ao longo da programação, cada delegação foi responsável por apresentar dados do setor produtivo em seus respectivos países. As apresentações eram mediadas por debates para troca de informações e experiências sobre produção, industrialização e mercado. A próxima edição do evento, a Cancon 16, em 2025, será realizada na China - país com maior volume mundial de produção de pêssego.

Francisco Lima (13696 DRT/RS)
Embrapa Clima Temperado

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Mais informações sobre o tema
Serviço de Atendimento ao Cidadão (SAC)
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