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Produtor de Água no Pipiripau: Embrapa Cerrados e 13 instituições celebram novo acordo de cooperação técnica

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Foto: Breno Lobato

Breno Lobato - Solenidade na sede da Adasa reuniu representantes das instituições parceiras no projeto

Solenidade na sede da Adasa reuniu representantes das instituições parceiras no projeto

A continuidade do Projeto Produtor de Água no Pipiripau, no Distrito Federal, foi assegurada com a assinatura, na última terça-feira (7), do novo acordo de cooperação técnica pelas 14 instituições parceiras na iniciativa, entre elas a Embrapa Cerrados (DF). A solenidade foi realizada na sede da Agência Reguladora de Águas, Energia e Saneamento Básico do Distrito Federal (Adasa), em Brasília, e contou com representantes das entidades participantes e de autoridades.

Coordenado pela Adasa, o projeto busca incentivar e apoiar produtores rurais em ações de conservação de água e de solo na bacia hidrográfica do Ribeirão Pipiripau, que nasce em Goiás mas tem 90,3% de sua área no DF, abastecendo as regiões de Sobradinho e Planaltina, sobretudo com água para irrigação.

As práticas adotadas, como a adequação de estradas rurais, o controle de erosão e o manejo do solo para a melhoria da infiltração da água e da sua quantidade e qualidade em nascentes e cursos d’água, visam à sustentabilidade hídrica, favorecendo a disponibilidade de água na época de seca e garantindo o fornecimento para os usos múltiplos na bacia. Também são empreendidas ações de reflorestamento, com o plantio de mudas em áreas degradadas e o cercamento de nascentes e de Áreas de Preservação Permanente.

Além da Adasa e da Embrapa Cerrados, são parceiros do projeto a Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA); a Companhia de Saneamento Ambiental do Distrito Federal (Caesb); o Departamento de Estradas e Rodagem do Distrito Federal (DER/DF); a Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Distrito Federal (Emater-DF); o Instituto do Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos do Distrito Federal (Brasília Ambiental); a Rede Pede Planta; a Rede de Sementes do Cerrado; a Secretaria de Estado da Agricultura, Abastecimento e Desenvolvimento Rural do Distrito Federal; a Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Proteção Animal do Distrito Federal; a Superintendência do Desenvolvimento do Centro-Oeste (Sudeco); a Universidade de Brasília; e a The Nature Conservancy (TNC).

“O principal diferencial é a valorização dos produtores rurais, sua função social e ambiental como parceiros do projeto. Além de produzirem alimentos, eles produzem água”, apontou Wendel Lopes, coordenador de Apoio ao Sistema de Gerenciamento de Recursos Hídricos do Distrito Federal, que fez uma breve apresentação sobre o projeto.

Em 10 anos de atuação, o Produtor de Água no Pipiripau assinou 210 contratos com produtores da bacia e realizou o pagamento de mais de R$ 3 milhões pelos serviços ambientais prestados. Ao todo, o projeto já investiu mais de R$ 30 milhões em pessoal e recursos financeiros por meio dos parceiros, resultando na instalação de mais de 1,3 mil ha de terraços, na recuperação de 134 km de estradas e na construção de mais de 1,3 mil bacias de retenção. Além disso, foram reflorestados mais de 250 ha, com a produção e o plantio de mais de 400 mil mudas. Também foi realizado reflorestamento por meio das práticas de semeadura direta e agroflorestas. 

O projeto viabilizou, ainda, as obras de tubulação do Canal Santos Dumont, principal canal de irrigação da região do Pipiripau e que abastece 96 propriedades e mais de 100 famílias. Com a tubulação, o canal, que sofria perdas hídricas por infiltração e evaporação que representavam cerca de 50% do volume de água captado, passou a fornecer ao sistema de abastecimento público uma média de 100 L/s, o suficiente para abastecer mais de 40 mil pessoas. “É uma obra significante, que deu estabilidade hídrica à bacia”, comentou Lopes.

O Produtor de Água no Pipiripau obteve reconhecimento nacional e internacional, tendo recebido comitivas de 20 países e alcançado, em 2021, o segundo lugar no concurso Water ChangeMaker Awards, promovido pela Global Water Partnership (GWP), que recebeu 350 inscrições de 80 países. 

Chang Wilches, coordenador de Suporte à Inovação da Embrapa Cerrados, que representou o chefe geral Sebastião Pedro, afirmou que o projeto é importante para o desenvolvimento de modelos e soluções de inovação para o manejo racional de bacias hidrográficas, principalmente daquelas de grande relevância para o atendimento de demandas tanto da sociedade como ambientais. 

“Nessa lógica de modelagem, desenvolvemos uma série de projetos e soluções que podemos testar e validar no Pipiripau ou no Alto Rio Descoberto (outra bacia hidrográfica localizada no DF) para podermos desenvolvê-las em outras bacias hidrográficas que também têm grande importância na perspectiva da agricultura”, disse. Ele ainda agradeceu à Fundação de Apoio à Pesquisa do Distrito Federal (FAP-DF) pelo apoio à implementação de projetos de pesquisa da Unidade no DF, como o “Restauração ecológica no contexto do Programa Produtor de Água do Alto Rio Descoberto visando à sustentabilidade de bacias hidrográficas”, liderado pela pesquisadora Fabiana Aquino, e “Co-construção de adequações sociotécnicas com base nas experiências do Programa Produtor de Água no Distrito Federal”, liderado pela pesquisadora Suênia Almeida.

A parceria entre o Estado e a população do DF foi destacada por Raimundo Ribeiro, diretor-presidente da Adasa, ao lembrar que os 210 contratos assinados no âmbito do projeto representam adesões voluntárias de produtores. “Para nós, é uma situação muito confortável de sermos instrumento dessa ação que busca valorizar um bem que hoje é o maior ativo do mundo, que é a água. Quero parabenizar não somente a nós, mas principalmente à sociedade pela disposição de ajudar os seus servidores a pensar como podemos otimizar o aproveitamento da água”, declarou. 

O diretor da ANA, Mauricio Abijaodi Vasconcellos, lembrou que o Programa Produtor de Água foi idealizado pelo órgão em 2001 e atualmente conta com 65 projetos ativos. “Costumo dizer que o Produtor Água não produz água. Na verdade, ele produz consciência quanto a um recurso essencial para nossa vida. Ao levarmos o programa para o produtor rural, levamos a consciência para a importância da manutenção das nossas nascentes, da recomposição das matas ciliares, da Área de Proteção Permanente. É o momento adequado para, olhando para o futuro, apontar para o que o programa tem a oferecer ao DF de forma geral”, afirmou.

Segundo Fernando Antonio Rodriguez, secretário de Agricultura e Desenvolvimento Rural do Distrito Federal, o Produtor de Água no Pipiripau coloca a agricultura em uma posição extremamente estratégica, já que o DF é atualmente a segunda pior Unidade da Federação em disponibilidade hídrica por habitante/ano, atrás apenas de Pernambuco. “Agricultura não se faz sem água. E como bem disse o Wendel (Lopes), nós fazemos alimento e somos também capazes de fazer água. Proteger mananciais é muito mais que colocar uma floresta: é saber traduzir o processamento da água da chuva que infiltra no solo e chega aos aquíferos. Esse é o grande desafio e estamos empenhados nessa luta com a participação de todos”, disse. 

Antônio Gutemberg, secretário do Meio Ambiente e Proteção Animal do Distrito Federal, lembrou que o Bioma Cerrado, berço de oito das 12 regiões hidrográficas brasileiras, é considerado a caixa d’água do País, e que sem uma agricultura de baixa emissão de carbono não é possível avançar. “É ilusório produzir commodities degradando o ambiente, essa conta não fecha. Este acordo de cooperação técnica mostra o exercício da transversalidade entre as instituições. Com a união governamental em parceria com a sociedade, através dos produtores rurais, estamos de fato promovendo o desenvolvimento sustentável”, concluiu.

Também participaram da cerimônia o diretor de Regulação e Meio Ambiente da Caesb, Haroldo Toti; o diretor-geral DER/DF, Fauzi Nacfur Júnior; o presidente da Emater-DF, Cleison Duval; o presidente do Brasília Ambiental, Rôney Nemer; o diretor de Planejamento e Avaliação da Sudeco, Renato Jorge Ribeiro; o professor Ricardo Gaspar, da Universidade de Brasília; o diretor-presidente da Rede Pede Planta, Erli Ferreira Gomes; e a vice-presidente da Rede de Sementes do Cerrado, Anabele Gomes.

Breno Lobato (MTb 9417-MG)
Embrapa Cerrados

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