O Atlas Escolar da Região Metropolitana de Campinas (GeoAtlas) foi o material de consulta que inspirou as pesquisas escolares apresentadas no VIII Fórum Estudantil de Pesquisa (FEP), evento realizado pela Secretaria de Educação de Campinas, nos dias 7 e 9 de novembro. Fruto de uma parceria entre a Embrapa Territorial e a Prefeitura de Campinas, o livro possui dois volumes e demonstra, de forma didática e ilustrada, como a agricultura impactou a construção do espaço e quais são as principais atividades agrícolas praticadas nas cidades da região. O VIII FEP envolveu a participação de cerca de quatro mil alunos, abrangendo 22 escolas do Ensino Fundamental e 46 do Ensino Infantil. Esses primeiros contatos dos alunos com o método científico e o estímulo para eles buscarem o conhecimento por meio da pesquisa é o objetivo do programa Pesquisa e Conhecimento na Escola (Pesco), uma das capacitações anuais oferecidas para os docentes municipais. Durante o ano, os 200 professores cursistas participam de formações com vistas a desenvolver uma pesquisa colaborativa com seus alunos, envolvendo a participação das crianças em todas as etapas, desde a escolha da pergunta norteadora até a apresentação do trabalho no FEP. Como ponto de partida, os professores cursistas do Pesco apresentam o GeoAtlas em sala e observam por qual tema abordado no livro os alunos demonstram mais interesse. A partir desse assunto, são percorridas as etapas da pesquisa, relacionando-as com as disciplinas letivas. A pesquisadora Cristina Criscuolo liderou a elaboração dos dois volumes do atlas e acompanha como o material vem sendo utilizado para o desenvolvimento das pesquisas. “Ele inspira os professores e alunos a formularem as perguntas que serão trabalhadas durante o ano nas escolas. Os diversos temas que o integram tratam de questões relacionadas à Região Metropolitana de Campinas, com ênfase na agricultura e sua importância para a sociedade”, reforça. Após a apresentação no FEP, os trabalhos são revisados pelos tutores do Pesco e entrarão na Pescoteca, um repositório digital criado pela Embrapa Territorial para congregar todas as pesquisas desenvolvidas no âmbito do programa. Essa parceria da Embrapa com a Prefeitura alinha-se com o Objetivo de Desenvolvimento Sustentável (ODS) 4, que preconiza ações para uma edução de qualidade. As experiências Uma das cursistas é Milene dos Santos, professora do 3º ano da Escola Municipal de Ensino Fundamental (EMEF) Júlio de Mesquita Filho. Ela conta que, ao apresentar o GeoAtlas em sala de aula, as crianças se interessaram pelas figuras das árvores da região. A partir desse interesse, Milene estimulou os alunos a pesquisar como as árvores ajudam a melhorar o clima da cidade. Desenvolvendo as atividades dessa pesquisa, ela trabalhou as disciplinas de ciências, geografia, matemática e português com as crianças. Uma delas é a aluna A.P, de 9 anos. Ela conta ter aprendido que as algas são as maiores geradoras de oxigênio do planeta ao pesquisar sobre a produção de oxigênio das árvores para a atmosfera. Ao longo dos meses, ela também foi aprendendo quais eram os locais mais bem arborizados da cidade, e pediu a sua mãe para visitar um deles: o Parque das Águas. Bons resultados Para o secretário de Educação, José Tadeu Jorge, despertar e canalizar a curiosidade latente na criança para a busca do conhecimento é um dos benefícios do Pesco. “Trabalhar o estímulo de pesquisa com o aluno fará com que ele se desenvolva muito melhor em todas as disciplinas. A reflexão sobre as questões aprendidas fará com que a criança se dedique mais às atividades escolares. Dessa forma, a eficiência dessa aprendizagem torna-se muito maior, e eles se tornarão alunos mais propensos a buscarem uma formação de qualidade e, com isso, mudarem suas vidas”, afirma. Ana Lúcia Picoli, coordenadora do Ensino Fundamental do Pesco, ressalta que todas as pesquisas apresentadas são colaborativas, com participação efetiva dos alunos, desde a escolha do tema até esse momento final de socialização dos trabalhos. “O Pesco foi crescendo em qualidade. As pesquisas estão ficando cada vez mais afinadas com o que buscamos. Os alunos sabem falar sobre o que pesquisaram. Vemos que eles realmente participaram da pesquisa”, coloca. Uma das qualidades da pesquisa trabalhadas com as crianças no Pesco é a relevância da autoria, como explica Karina Fernandes, coordenadora do Ensino Infantil. Ela considera importante que as crianças entrem em contato com o conhecimento, não apenas para reproduzir, mas para se entenderem como produtores de conhecimento. “Quanto mais próximo da realidade da escola, das questões que perpassam o cotidiano da escola, mais interessante e significativo será o trabalho”, finaliza. Estande da Embrapa A Embrapa Territorial também participou do evento com um estande. Os alunos que visitaram o espaço puderam jogar passatempos lúdicos, colorir, fazer origami, e ganhar sementes de flores atrativas para as abelhas. Compuseram a equipe de atendimento: os pesquisadores André Furtado, Cristina Criscuolo, Celina Takemura, Cristiaini Kano e Cristina Rodrigues; e os analistas Alexandre Rita da Conceição, Bibiana Almeida, Edlene Garçon, Helena Molinari, Jaudete Daltio e Vera Viana. José Gilberto Jardine, chefe-adjunto de Transferência de Tecnologia, compôs a mesa de abertura do evento, junto com outras autoridades da Prefeitura e estudantes representando os alunos. “Estamos negociando a renovação do termo de cooperação com a Prefeitura. Nossa intenção é continuarmos com essa parceria tão exitosa”, afirmou.