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Evento na Embrapa Solos celebra o Dia Mundial do Solo

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Foto: Fernando Gregio

Fernando Gregio - Público que participou do evento conheceu o espaço físico com modernas estantes deslizantes que abrigará a nova soloteca da Embrapa Solos, que deve ser entregue oficialmente no final de 2024.

Público que participou do evento conheceu o espaço físico com modernas estantes deslizantes que abrigará a nova soloteca da Embrapa Solos, que deve ser entregue oficialmente no final de 2024.

A Embrapa Solos (RJ) comemorou o Dia Mundial do Solo, nesta terça-feira (5/12), com palestras e discussões sobre a importância desse recurso natural para o bem-estar e a segurança alimentar e nutricional da população. O centro de pesquisa também apresentou o espaço físico com modernas estantes deslizantes que abrigará a sua nova soloteca, com capacidade para arquivar 50 mil amostras de solos – saiba mais no box ao fim da matéria.

“Solo e água: fontes de vida” foi o mote que a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) escolheu este ano para a data celebrada em todo o mundo.

“A sobrevivência do nosso planeta depende dessa ligação solo-água. É da água dos solos que as plantas conseguem retirar os nutrientes e garantir a produção de alimentos, fibras e energia, além dos serviços ecossistêmicos, nos protegendo contra as mudanças climáticas. Precisamos conhecer e compreender os solos e promover a preservação e a conservação do solo e da água”, salientou Maria de Lourdes Mendonça Santos Brefin, chefe geral da Embrapa Solos, que participou da elaboração do relatório publicado pela FAO, em 2015, que apontava que 33% dos solos do mundo apresentavam algum tipo de degradação.

A instituição de um dia internacional para celebrar o solo foi recomendado pela União internacional de Ciência do Solo (IUSS, na sigla em inglês) em 2002.

Solos e segurança alimentar

Segurança alimentar foi o tema principal das palestras do pesquisador Daniel Pérez, da Embrapa Solos, que fez uma correlação do tema com a defesa e a segurança nacional, e de Francine Xavier, diretora do Instituto Comida do Amanhã, que discutiu sobre segurança alimentar e políticas municipais no âmbito do projeto LUPPA, que tem a missão de apoiar cidades no alcance de sistemas alimentares saudáveis.

Daniel Pérez iniciou sua fala sobre defesa e segurança alimentar citando Sócrates: “ninguém é qualificado o bastante para ser um agente público se não conhecer bastante sobre trigo”. Ou seja, a união entre alimentação e segurança vem desde a antiguidade.

Ele lembrou algumas consequências da agricultura. “As grandes civilizações surgiram em vales fluviais férteis por uma boa razão: para construir e manter um exército você precisa de duas coisas – um excedente de indivíduos jovens para usar como guerreiros e um excedente de comida para alimentá-los”.

Atualmente, a política nacional de defesa brasileira tem como seus principais objetivos: garantir a soberania, o patrimônio nacional e a integridade territorial; contribuir para a estabilidade regional; contribuir para a manutenção da paz e da segurança internacionais e intensificar o Brasil no concerto das nações e sua maior inserção em processos decisórios internacionais, de onde se conclui que segurança alimentar é segurança nacional.

“Fome e má nutrição afetam a saúde das pessoas e colocam em risco a fundação econômica de sociedades inteiras. A segurança alimentar é um importante princípio da segurança nacional. Precisamos inovar a produção de alimentos, implementar políticas de apoio, proteger o interesse dos produtores rurais no seu trabalho e aumentar a produção de comida”, frisou Pérez.

O pesquisador lembrou também do “agroterrorismo” e do aumento de biotecnologias que podem permitir sofisticados ataques biológicos. Ou até mesmo a possibilidade de um “cyber-ataque” impactar o fornecimento de bens, comida e energia, com consequências severas. “Vale lembrar a importância do agronegócio para o Brasil, responsável por mais de 50% do PIB do sistema agroindustrial. Dados de 2022 apontam o saldo comercial do agro em mais de 142 bilhões de dólares”, apontou.

Daniel Pérez mencionou também os riscos das “tempestades perfeitas”, como a que afetou a região do chamado chifre da África recentemente. "Covid-19, gafanhotos e fortes chuvas. Desastres naturais causam mais de 100 bilhões de dólares de perdas para a agricultura anualmente. Essas perdas causam a migração de mais de 70 milhões de pessoas”, lembrou. O pesquisador finalizou sua palestra com a posição do Departamento de Estado dos EUA sobre a importância dos solos: “nunca alcançaremos a segurança alimentar sem solos férteis”.

Já Francine Xavier discorreu sobre solo e água no centro da mesa: segurança alimentar e políticas municipais no LUPPA, projeto cujas áreas temáticas estão divididas entre comida e cidades, comida e clima e comida e cultura. “Dietas saudáveis, regeneração dos serviços ecossistêmicos e bem-estar animal devem ser vistos de forma orgânica e articulada, não como compartimentos distintos que têm pouca conexão entre si”, disse.

O LUPPA é uma plataforma colaborativa e um programa contínuo de aprendizagem, para apoiar e facilitar que cidades promovam políticas alimentares com abordagem sistêmica, de forma intersetorial, coerente e participativa, que produz cadernos e mapas.

Também acontecem colaborações internacionais entre as cidades, como a que uniu Curitiba (PR), Maricá (RJ), Recife (PE), Rio Branco (AC) e Santarém (PA) com as europeias Barcelona, Valencia, Milão, Turim, Ghent e Bruxelas, levando o LUPPA a ter reconhecimento internacional como exemplo de laboratório de política pública alimentar urbana inovador com impacto na alavancagem da transformação dos sistemas alimentares.

Segundo Francine, política alimentar é garantir alimentação escolar saudável e atenta à bio-sociodiversidade, compra pública de alimentos de produção local e sustentável e fomento à geração de renda com atividades de produção e distribuição de alimentos.

O LUPPA também busca a valorização da agricultura urbana e periurbana, que possuem potencial significativo para contribuir com os objetivos sociais, econômicos e ecológicos do desenvolvimento urbano sustentável. As experiências das cidades LUPPA, de acordo com a diretora, apontam para o sequestro de carbono nos municípios, promoção de educação alimentar e nutricional, geração de renda e produção de alimentos sustentáveis e saudáveis, entre outros.

Novas instalações da soloteca da Embrapa Solos

Batizada de Soloteca Humberto Gonçalves dos Santos, em homenagem a um dos maiores cientistas do solo do Brasil, falecido em 2018 e que trabalhou na Embrapa Solos por mais de 40 anos, o novo espaço tem capacidade para arquivar 50 mil amostras de solos acondicionadas em potes plásticos e distribuídas em modernas estantes deslizantes recém-instaladas. Esta foi a primeira etapa da reformulação da soloteca, que deve ser entregue oficialmente no final de 2024.

Atualmente a Embrapa Solos possui cerca de 4 mil perfis de solos de referência, que correspondem a aproximadamente 20 mil amostras catalogados e registradas, coletados desde a década de 1970 por meio de Reuniões de Classificação e Correlação de Solos (RCC) e outras missões de campo.

Esse material, que foi fundamental para maior conhecimento dos solos do território brasileiro e para a elaboração do Sistema Brasileiro de Classificação de Solos (SiBCS), está sendo reorganizado em novos potes plásticos e gradualmente transferido para as novas instalações da soloteca. As próximas etapas de reformulação incluem a integração das amostras catalogadas a outras bases de dados existentes.

A consulta dessas amostras por pesquisadores da Embrapa e instituições parceiras, quando a nova soloteca estiver disponível, fomentará projetos e novos métodos com foco na química verde, a partir dos resultados analíticos e características morfológicas vinculados a cada perfil da coleção, contribuindo para a execução do PronaSolos, um programa de Estado que mobilizará nas próximas décadas centenas de especialistas para investigação, documentação, aquisição de novos dados, inventário e interpretação dos dados de solos brasileiros. A reformulação da soloteca da Embrapa Solos conta com investimentos do Projeto PronaSolos MCTI/Finep, via Fundo Nacional Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT), no âmbito do CT-Agro.

A soloteca também será contemplada nos próximos meses com um inventário digital para controle pleno das amostras por meio de um sistema informatizado de gestão, facilitando sua rápida identificação e localização. Será elaborado, ainda, um manual que estabelecerá regras de gestão, seleção de amostras para estocagem e descarte, catalogação e política de uso.

 

Livro infantil

O livro “Soil and Water – Sources of Life in an Enchanted Kingdom”, escrito por Lygia de Oliveira, Jully Retzlaf e Claudio Capeche, pesquisador da Embrapa Solos, ilustrado pela artista plástica Milena Pagliacci e diagramado pelo designer Alexandre Cotta de Mello, analista da Embrapa Solos, concorreu ao prêmio mundial de livros infantis promovido pela FAO em comemoração ao Dia Mundial do Solo. A publicação está disponível na página do órgão internacional – baixe aqui.

A artista Milena Pagliacci participou do evento Dia Mundial do Solo desenhando em tempo real o mapa mental do encontro. Confira o resultado:

 

Fernando Gregio (MTb 42.280/SP)
Embrapa Solos

Contatos para a imprensa

Carlos Dias (20.395 MTb RJ)
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Serviço de Atendimento ao Cidadão (SAC)
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