De 7 a 9 de dezembro, em São Luís, o Governo do Maranhão, por iniciativa da Secretaria da Agricultura Familiar (SAF), realizou a 1ª Feira Maranhense da Agricultura Familiar (Femaf). A Embrapa participou com palestras técnicas, rodas de conversa, exposição de produtos alimentícios do babaçu desenvolvidos em parceira com quebradeiras de coco, mostra presencial e virtual de tecnologias e o laboratório móvel de fertilidade dos solos – o Fertmóvel. O evento pioneiro teve como objetivo fortalecer a agricultura familiar, destacando inovações tecnológicas e iniciativas dos produtores rurais, além de evidenciar as riquezas e potencialidades territoriais que impulsionam a melhoria socioeconômica dos agricultores familiares e a sustentabilidade da produção no Maranhão. "A presença da Embrapa no evento mostra a atuação da Empresa no atendimento aos produtores de todos os portes, incluindo agroextrativistas. No Maranhão, a agricultura familiar é uma força e conta com o importante apoio da pesquisa agropecuária, em interação com os produtores, o setor público e a sociedade civil", destacou Marco Bomfim, chefe-geral da Embrapa Cocais. Vitrine de realidade virtual Uma das atrações da Embrapa Cocais foi a vitrine de tecnologias para a agricultura familiar em realidade virtual, como o Sisteminha, os alimentos com babaçu e a Roça Sustentável. Marilene Nascimento, aposentada, vivenciou a experiência imersiva e achou bastante real e didática. "No ambiente de realidade virtual, eu vivenciei como as tecnologias são e seus impactos. Foi muito explicativo e interessante". Vivian Régia, estudante de Direito, considerou que a apresentação de tecnologias por meio da realidade virtual inovadora. "Superou as minhas expectativas. Além das tecnologias em si, todas importantes e de belos resultados sociais, econômicos e ambientais, a forma de apresentação pela realidade virtual mostra que a Embrapa tem expertise para além da sua área fim". O Sisteminha é uma tecnologia sustentável de produção de alimentos em pequenos espaços e um exemplo inovador de como a piscicultura intensiva pode ser o núcleo de um sistema integrado de produção agrícola, especialmente adaptado para pequenas propriedades. A tecnologia permite que famílias de baixa renda ou em situação de pobreza conquistem a soberania alimentar e nutricional em menos de sete meses. Recentemente, o Sisteminha foi aprimorado para fomentar o empreendedorismo social de famílias. Os alimentos com babaçu foram desenvolvidos por meio da união entre conhecimento tradicional e científico. O resultado são novas formulações para alimentos já produzidos pelas quebradeiras de coco e novos produtos alimentícios à base do babaçu. O objetivo é agregar valor ao produto da palmeira e ao trabalho das comunidades quilombolas e das famílias agroextrativistas que trabalham e geram renda com o babaçu. Assim, foram desenvolvidas novas formulações para o biscoito e o gelado de babaçu e novos produtos alimentícios, como a bebida tipo leite, o análogo de queijo, o tipo hambúrguer e a farinha da amêndoa. O Consórcio Rotacionado para Inovação na Agricultura familiar, o CRIAF, também conhecido por Roça Sustentável, diversifica a produção e otimiza a produtividade da mandioca, arroz, milho, feijão e outras culturas da agricultura familiar. É um conjunto de tecnologias que organiza cultivos em fileiras para não haver competição por nutrientes, água, luz e espaço e faz a rotação das culturas. Essas práticas agrícolas aliadas ao uso de defensivos na dose e hora certa intensificam a eficiência do uso da terra, o controle de pragas, doenças e ervas daninhas e ainda recupera áreas degradadas. A reconfiguração do “roçado” também permite mais fertilidade ao solo e nutrição às plantas. O resultado é o aumento em até cinco vezes da produtividade da mandioca e em 50% a produtividade do arroz e do milho. A tecnologia preserva a biodiversidade porque evita prática de derruba e queima e o desmatamento de novas áreas. O retorno social é mais renda, segurança alimentar, saúde e qualidade de vida da comunidade, contribuindo para o desenvolvimento regional. Mais tecnologias A ferramenta para quebra do coco babaçu, desenvolvida pela Embrapa Cocais e em fase de validação, pôde ser conhecida pelos visitantes no estande da Unidade. O protótipo foi construído em parceria com as quebradeiras. A ferramenta de quebra do coco é parte de uma estação de trabalho, de uso individual, acionado manualmente e de baixo custo. A inovação não descaracteriza a essência artesanal do extrativismo e possibilita o processamento e aproveitamento integral do coco. A tecnologia da Embrapa Solos e parceiros, o Fertmóvel, que facilita o acesso de produtores rurais a análises de solos de suas propriedades, foi outra atração. O laboratório é equipado para entregar uma análise de solo completa de fertilidade de rotina (pH, alumínio e alumínio + hidrogênio, cálcio/magnésio, sódio/potássio e fósforo) ao cliente num prazo máximo de 15 dias, com emissão de laudos técnicos com a recomendação de adubação e calagem de áreas produtivas dos agricultores. Palestras Especialistas da Embrapa realizaram palestras no Espaço Conhecimento que abarcaram temas variados relacionados à agricultura familiar: Manejo e conservação do solo em áreas de cultivos agrícola (pesquisador João Henrique Zonta, da Embrapa Algodão); Produção e conservação de sementes de uso próprio (analista e supervisor de transferência de tecnologia da Embrapa Cocais, João Batista Zonta); Desafios e oportunidades para a agricultura familiar na produção de pequenos ruminantes (pesquisador e chefe-geral da Embrapa Cocais, Marco Bomfim); A importância da transferência de tecnologia na agricultura familiar (pesquisador José de Ribamar Veloso, da Embrapa Cocais); Alternativas para diversificação da agricultura familiar de base agroecológica (analista Carlos Eugênio Vitoriano, da Embrapa Cocais) e Sistema de produção de hortaliças em pequenos espaços” (técnico José Beserra Júnior, da Embrapa Cocais). Houve também Roda de conversa "Design de redes de transformação social" com o designer, pesquisador e professor do curso de Designer da Universidade Federal do Maranhão - UFMA, Delano Rodrigues, e a coordenadora-geral da Feira MA Preta, Ana Rosa Silva Vodunsi Agonjaí, do Ilê Ashé Sogbó. A Roda de conversa teve a coordenação do chefe-adjunto de administração da Embrapa Cocais, Allyson Veras. E ainda o painel ”Inovação, tecnologia e negócios de impacto social com o babaçu”, coordenado pela pesquisadora e chefe-adjunta de transferência de tecnologia da Embrapa Cocais, Guilhermina Cayres. Também teve a participação de Rosélia Licar, da comunidade quilombola Pedrinhas Clube de Mães, e do gerente de parcerias da Diretoria de Negócios, Rodolfo Osório de Oliveira. O representante da Diretoria Executiva conversou com as quebradeiras de coco sobre a trajetória do trabalho com o coco babaçu e a agroindústria dos seus co-produtos e também outros parceiros de projetos da Embrapa Cocais. No dia seguinte ao término do evento, Rodolfo Osório foi até o município de Itapecuru-mirim-MA acompanhado de gestores da Embrapa Cocais para conhecer as comunidades de Pedrinhas Clube de Mães e Vinagre com as quais a Unidade da Embrapa no Maranhão realiza projetos de inovação social. Assinatura da Carta da Agricultura Urbana e Periurbana Durante a Oficina regional de promoção das ações de agricultura urbana e periurbana, o analista de transferência de tecnologia Carlos Vitoriano realizou apresentação sobre “Implantação de hortas comunitárias e pedagógicas na região metropolitana de São Luís” e a coordenadora-geral da Secretaria Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional do Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome – MDS, Kellane Fuscaldi, apresentou o Programa Nacional de Agricultura Urbana e Periurbana. Na ocasião, a Embrapa Cocais, Secretaria de Agricultura familiar - SAF, Secretaria de Estado do Desenvolvimento Social - Sedes e instituições parceiras assinaram a Carta da Agricultura Urbana e Periurbana, que institui o Programa Nacional de Agricultura Urbana e Periurbana e o Grupo de Trabalho do Programa Nacional de Agricultura Urbana e Periurbana. O objetivo é promover a segurança alimentar e nutricional e assegurar o direito humano à alimentação adequada no País e o uso sustentável dos recursos naturais associado à oferta e ao consumo de alimentos saudáveis. Entre as propostas, fortalecer cadeias produtivas locais e regionais, fomentando a produção, comercialização e o consumo e ações e práticas sustentáveis, proteção e conservação da biodiversidade, recuperação de áreas degradadas e manejo integrado das áreas verdes e produtivas, gestão dos resíduos orgânicos e ações estratégicas para adaptação das cidades aos efeitos das mudanças climáticas; promover a intersetorialidade e a gestão descentralizada e participativa e ações de capacitação e aperfeiçoamento da gestão da agricultura urbana e periurbana, inclusive com o envolvimento da juventude e das mulheres na agricultura urbana e periurbana; implantar Sistemas Agroalimentares de Segurança Alimentar e Nutricional e formar lideranças políticas da agricultura urbana e periurbana. Concurso da melhor farinha Durante a Feira Maranhense da Agricultura Familiar, a Embrapa Cocais participou do 1º Concurso da Melhor Farinha D'água do Maranhão. O pesquisador José de Ribamar Costa Veloso fez parte do corpo de jurados composto por especialistas renomados nas áreas de agronomia, gastronomia e cultura popular e ainda órgãos estaduais especializados para avaliar as farinhas concorrentes. Foi vencedor o Povoado Tapuio, de Barreirinhas, que já recebeu o curso de boas práticas de fabricação de farinha da Embrapa. Os prêmios incluíram valores em dinheiro e troféus. Um dos objetivos da iniciativa é incentivar as técnicas tradicionais de fabricação artesanal do produto.