A Embrapa Pecuária Sul (Bagé, RS), em parceria com a Embrapa Gado de Corte (Campo Grande, MS), está iniciando o processo de instalação de uma Unidade de Referência Tecnológica (URT) da marca-conceito Carbono Nativo no Rio Grande do Sul. A marca valoriza sistemas pecuários que preservem árvores nativas em parte da propriedade. A URT será instalada na Fazenda Tupi, município de Nova Prata, bioma Mata Atlântica, local com a predominância de araucárias. “A marca Carbono Nativo prevê a utilização de árvores nativas em áreas de pastagens para neutralizar ou mitigar as emissões de gases de efeito estufa e, com isso, valorizar as propriedades pecuárias que possuam esses sistemas. A ideia é estabelecer um diferencial nessa produção, valorizando a biodiversidade, com a presença de árvores nativas. A ideia também é vincular ao bem-estar animal, proporcionando sombra ao gado bovino”, explicou o pesquisador da Embrapa Gado de Corte, Rodiney de Arruda Mauro. Conforme Cristina Genro, pesquisadora da Embrapa Pecuária Sul, responsável técnica pelo projeto no RS, a URT será avaliada quanto a capacidade de mitigação dos gases de efeito estufa, a partir da manutenção dos componentes florestais nativos em área de pecuária. “O objetivo é validar o modelo de produção para uso da marca conceito Carbono Nativo e, além disso, levantar dados sobre a sustentabilidade desta forma de produção, de forma a estabelecer a propriedade como uma referência para outros estabelecimentos que tenham interesse em adotar o conceito”, destacou Cristina. Com a futura validação da marca-conceito, a ideia é que existam mecanismos para a valorização dos pecuaristas que produzam dentro destes modelos. Os dados levantados na URT também podem subsidiar políticas públicas locais que identifiquem o valor de produções com neutralização ou minimização da emissão de metano. Selo Carbono Nativo A Embrapa, apoiando as ações governamentais brasileiras, criou em 2019 a “Plataforma Pecuária Baixo Carbono Certificada”, cujo objetivo é reunir marcas-conceito que agem como selos de garantia para a comercialização da carne bovina e seus derivados. Nesta plataforma está incluída a “Carne Carbono Neutro” (CCN), cuja certificação é focada na neutralização do carbono em sistemas com a presença de árvores plantadas (ILPF), e a “Carne Baixo Carbono” (CBC), elaborada para certificar carne produzida em sistemas de integração lavoura-pecuária (ILP) ou em pastagens bem manejadas, sem a presença de árvores. Na mesma plataforma encaixa-se a marca-conceito “Carbono Nativo”, cujo objetivo é certificar a carne produzida em pastagens arborizadas com árvores nativas, nas quais o carbono foi mitigado/neutralizado por meio da conservação destes componentes florestais. Reunião em Bagé Com o objetivo de iniciar o processo de instalação da URT, os pesquisadores Rodiney de Araújo Mauro e Marta Pereira, da Embrapa Gado de Corte, estiveram em Bagé, no início de dezembro, para conversar com a equipe técnica da Embrapa Pecuária Sul. A equipe também visitou a Fazenda Tupi, no município de Nova Prata (foto abaixo). Projeto A instalação da URT integra o projeto Avaliação de tecnologias com potencial de mitigar gases de efeito estufa nos campos e florestas nativas e cultivadas do Rio Grande do Sul, aprovado recentemente através de financiamento da Secretaria Estadual de Meio Ambiente do RS. O trabalho vai implementar um centro de referência no monitoramento dos gases de efeito estufa da pecuária gaúcha, com a avaliação de diversos fatores, como a emissão de reprodutores bovinos nas Provas de Emissão de Gases, e a validação de protocolos de produção de carne com baixa emissão ou neutralização da emissão de metano.