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Impactos de florestas plantadas com espécies nativas e exóticas são discutidos por pesquisadores em painel temático da IUFRO AL-2023

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Foto: Marcelo Elias

Marcelo Elias - Painel 2 - IUFRO 2023

Painel 2 - IUFRO 2023

Eficiência das práticas florestais depende de contextos socioambientais específicos

Em meio às discussões sobre desmatamento e mudanças climáticas, a gestão sustentável das florestas tornou-se prioridade em âmbito global. Nas propriedades rurais, a constituição e manutenção de florestas plantadas, sejam elas compostas por espécies nativas ou exóticas, desempenha um papel fundamental para a conservação ambiental e para o desenvolvimento econômico.

À medida que proprietários de terras buscam equilibrar necessidades econômicas e conservação do meio ambiente, a pesquisa, com experimentação  de campo passa a ser fundamental, uma vez que a escolha das espécies a serem plantadas depende das especificidades e objetivos de cada região.  Reflexões sobre a temática fizeram parte da programação da Conferência IUFRO LA-2023, que contou com a participação de pesquisadores, técnicos e engenheiros, na maioria latino-americanos para o compartilhamento de projetos e experiências sobre o assunto.

No painel “As florestas plantadas com espécies nativas ou exóticas na propriedade rural”, moderado pelo prof. Afonso Figueiredo Filho, da Unicentro, foram apresentados panoramas sobre as realidades da sustentabilidade brasileira e chilena relacionadas à silvicultura, impulsos econômicos locais, impacto dos plantios na paisagem, e planos e programas de recuperação ambiental.

O programa de pesquisa e desenvolvimento (P&D) em silvicultura de espécie nativa apresentado pelo professor da Universidade Federal do Sul da Bahia (UFSB), Daniel Piotto, apontou os benefícios e os desafios relacionados ao tema     , no contexto do p     rograma pré-competitivo para o setor florestal brasileiro. De acordo com Piotto, a prática leva benefícios ao clima, à economia e às pessoas, por conservar a biodiversidade, reabilitar áreas degradadas, reflorestar e gerar renda. Porém, o pesquisador ressalta que a silvicultura      de nativas passa por desafios relevantes no país:

“O mercado brasileiro de madeira sólida é abastecido, principalmente, por fontes de madeiras ilegais. Além disso, há uma tendência de escassez e aumento de preços da madeira proveniente de florestas naturais nas próximas cinco décadas. É preciso implementar programas de reflorestamento com espécies nativas em lar     ga escala urgentemente, para que haja a melhoria nas práticas de produção e comercialização de madeira no país.”

O uso sustentável de florestas plantadas no Chile, como meio de fortalecimento da economia, foi defendido pelo diretor de pesquisa do Instituto F     orestal de Chile (INFOR), Juan Carlos Pinilla Suárez, que destacou a importância da biomassa na produção de energia e do manejo planejado para o desenvolvimento socioeconômico das comunidades locais. “Essas florestas fornecem matéria-prima essencial para indústrias, como a construção e fabricação de móveis, papel e celulose. A gestão e manutenção dessas plantações criam uma ampla base de empregos, desde o plantio e manejo das árvores até a colheita e o processamento da madeira, gerando renda em áreas rurais e contribuindo para o bem-estar econômico das regiões envolvidas”, afirma Suárez.

Por outro lado, a plantação de florestas com espécies exóticas pode afetar significativamente a biodiversidade e, ainda, resultar em problemas como a erosão e o esgotamento de recursos hídricos. O professor da Universidad Austral de Chile, Gastón Vergara Diaz, comentou, durante a palestra, os efeitos negativos da distribuição de espécies exóticas na paisagem chilena: “As extensas plantações de pinus e eucaliptos alteraram drasticamente a paisagem do sul do Chile. Essas árvores crescem rapidamente e formam fileiras uniformes, criando um cenário muito diferente do ambiente natural de florestas nativas. Isso afetou a identidade visual da região e a percepção estética da paisagem, além de ter causado impactos ambientais como a diminuição da biodiversidade e o gasto excessivo de água exigido no plantio, afetando a fauna e a flora nativas.”

Na última palestra do painel, a diretora do Departamento de Florestas da Secretaria de Biodiversidade e Florestas do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Fabíola Zerbini, destacou a importância do Plano Nacional de Recuperação da Vegetação Nativa (PLANAVEG) para a conservação ambiental, mitigação das mudanças climáticas e promoção do desenvolvimento sustentável no Brasil.

O trabalho de conscientização com as pessoas de cada região sobre a importância da recuperação das áreas degradadas foi citado como prioridade entre as ações desenvolvidas pelo PLANAVEG, já que a população precisa ter conhecimento de que as práticas de reflorestamento são fundamentais para a qualidade de vida, tanto em relação ao aproveitamento dos recursos naturais para o bem-estar pessoal, até os imprescindíveis benefícios econômicos para as comunidades. “O PLANAVEG tem o objetivo de contribuir com a economia brasileira por meio da geração de riqueza, postos de trabalho e renda, ampliação das discussões políticas públicas, incentivos financeiros e desenvolvimento de pesquisa e inovação para obtenção de resultados ambientais, sociais e econômicos assertivos”, concluiu Zerbini, complementando as diferentes perspectivas dos pesquisadores sobre os impactos das espécies nativas e exóticas na plantação de florestas.

 

 

Ana Reimann (Produção de texto)
Embrapa Florestas

Mais informações sobre o tema
Serviço de Atendimento ao Cidadão (SAC)
www.embrapa.br/fale-conosco/sac/

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