26/01/24 |

Manejo florestal em microbacias para a criação de paisagens resilientes é tema de palestra na IUFRO 2023

Informe múltiplos e-mails separados por vírgula.

Foto: Valterci Santos

Valterci Santos -

Gestão hídrica para redução de impactos ambientais deve ser prioridade no país

 

O manejo florestal sustentável em microbacias, incluindo a regulação do fluxo hídrico, corredores ecológicos e indicadores da biodiversidade, foi tema do terceiro painel do Congresso IUFRO 2023 América Latina. O painel foi moderado pela professora Sybelle Barreira, da Universidade Federal de Goiás (UFG).

As paisagens resilientes, principalmente em relação à água, foram tema central da apresentação de Silvio Ferraz, da ESALQ, que destacou o estudo complexo em relação à vegetação nativa e a importância da otimização de pesquisas científicas no contexto do manejo de florestas nativas. “A interação entre florestas e recursos hídricos é uma das áreas mais críticas para o manejo florestal, que desempenha papel vital na regulação dos fluxos da água em microbacias. Pensar apenas em produtividade é um grande risco: nesse momento, é preciso encontrar meios de criar paisagens resilientes acompanhadas pelas transições florestais e pesquisar amplamente a utilização inteligente da água”, afirmou. Apesar da relevância, a redução da emissão ou captura de carbono não devem ser as únicas preocupações relacionadas ao manejo de paisagens. Programas relacionados a recursos hídricos devem ser prioridade no trabalho conjunto de pesquisadores, engenheiros florestais e população, que precisam ter conhecimento sobre a importância da gestão ambiental nas paisagens. “A gestão hídrica é indispensável, por exemplo, para os estudos sobre as mudanças do clima. A constante medição da vazão e outros parâmetros em rios continua sendo a ação mais assertiva para o mapeamento das necessidades hídricas de diferentes regiões brasileiras”, destaca. Ferraz salientou que a equipe de pesquisa precisa levantar questões para analisar a utilização da água no plantio e as condições de cada área ocupada por bacias. “Primeiramente, é preciso analisar as regiões fazendo perguntas básicas: onde estão os plantios? Há disponibilidade hídrica na região? A água está bem distribuída na comunidade? Pode ser armazenada corretamente? A partir dessas respostas, é possível criar estratégias para o manejo das paisagens”, analisou.

Com o tema “Ferramentas para a gestão hídrica resiliente às mudanças climáticas nos principais biomas brasileiros”, Marcos Airton de Sousa Freitas, da Agência Nacional das Águas, alertou para o problema de escassez hídrica em regiões brasileiras onde a demanda é maior do que a suportada. Destacou o nordeste brasileiro como a área mais atingida e uma perspectiva pessimista em relação ao futuro próximo, lembrando das mudanças na região sul do país, com alternâncias entre períodos de seca e enchentes. “É indispensável que a gestão de crise seja substituída pelo trabalho de risco, ou seja, o incentivo a pesquisas é indispensável para a criação de estratégias de prevenção de impactos futuros. São necessários recursos para a realização de ações e sistemas de informações relacionados ao saneamento básico, drenagem urbana, resíduos sólidos e segurança hídrica das regiões certamente afetadas. No Nordeste, por exemplo, a redução da água chegará em cerca de 40%, ou seja, é preciso adiantar o trabalho na região”, conclui.

Yhasmin Paiva Rody, do setor de Tecnologia e Inovação da Suzano Papel e Celulose, destacou o trabalho sustentável da empresa relacionado à inovação tecnológica. “Nossos  laboratórios de pesquisa no Brasil, Israel e China, nos colocam na vanguarda do setor de biotecnologia. Além disso, temos um total de 1,3 milhão de hectares de áreas florestais, dos quais 570 mil são cobertos por florestas plantadas, destinadas a áreas de preservação. Estamos em constante evolução, impulsionados pela inovação e pelo crescimento responsável”, finalizou. No cenário das indústrias de celulose e papel no Brasil, o conceito de mosaico florestal envolve técnicas em que há a alternância de cultivos de eucalipto com áreas de mata nativa. Quando observadas de cima, essas áreas apresentam um padrão peculiar que lembra mosaicos, por isso, o nome dado a essas áreas de preservação do meio ambiente.  A empresa tem identificado o que denomina de Áreas de Alto Valor de Conservação (AAVCs). São áreas que possuem valores considerados excepcionais ou críticos para diversidade de espécies, manutenção de ecossistemas ameaçados, promoção de serviços ambientais e valores das comunidades.  Formando extensos corredores ecológicos, que propiciam a conectividade da paisagem entre elementos da fauna e flora, empresa passou de 22 mil hectares para 53 mil hectares de AAVCs e, ao todo, destina mais de 299 mil hectares de florestas para a conservação da biodiversidade.

Finalizando a manhã de apresentações, Gerson Uyuni Muriel, da Fundación para la Conservación del Bosque Seco Chiquitano, abordou o papel da entidade na restauração assistida em bosques afetados por incêndios na Bolívia. “A nossa missão é preservar esse ecossistema singular e restaurar as áreas que foram prejudicadas pelo fogo, com estratégias que envolvam a coleta criteriosa de sementes de espécies nativas, o cultivo de mudas e a restauração de áreas afetadas. Apostamos nas pesquisas científicas para avaliar a eficácia dessas práticas de restauração e mensuração de resultados”, afirmou. Muriel também ressaltou a importância da conscientização pública sobre as ameaças significativas aos ecossistemas naturais provenientes do incêndio florestal.  “Os incêndios têm o potencial de devastar vastas áreas de vegetação, causar danos irreparáveis à biodiversidade, prejudicar a qualidade do ar e impactar negativamente o clima global. Atuamos na preservação dos bosques secos em sinergia com a comunidade local, divulgando as políticas de prevenção de incêndios para a preservação dos ecossistemas essenciais”, finaliz

Ana Reimann (Produção de texto)
Embrapa Florestas

Mais informações sobre o tema
Serviço de Atendimento ao Cidadão (SAC)
www.embrapa.br/fale-conosco/sac/

Encontre mais notícias sobre:

iufro2023