24/02/24 |   Comunicação

Embrapa Pantanal completa 49 anos de atividades no bioma Pantaneiro

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Foto: Raquel Brunelli d´Avila

Raquel Brunelli d´Avila - 49 anos pesquisando o Pantanal

49 anos pesquisando o Pantanal

No dia 24 de fevereiro, a Embrapa Pantanal, unidade de pesquisa da Embrapa em Corumbá, celebra mais um ano de atividades na região. Dos 50 anos de existência da Embrapa no Brasil, a unidade pantaneira é responsável por diversas pesquisas científicas que vêm sendo realizadas ao longo destes 49 anos, contribuindo com o desenvolvimento sustentável da Planície Pantaneira e do Planalto no seu entorno. Seu principal foco de atuação é a geração de soluções tecnológicas voltadas para o desenvolvimento regional sustentável, considerando as três dimensões – ambiental, econômica e social.  

A Unidade também subsidia a formulação de políticas públicas voltadas para a produção agropecuária sustentável, considerando a conservação ambiental e a valorização dos serviços prestados pelos ecossistemas pantaneiros. Os principais sgrupos de interesse atendidos pela Embrapa Pantanal são os produtores rurais, empresariais ou familiares, e entidades públicas ou privadas cujas atividades sejam desenvolvidas no Pantanal e/ou no seu entorno.

Segundo Suzana Salis, chefe geral da Unidade, atualmente os principais temas de pesquisa da Embrapa Pantanal são: agricultura familiar, produção pecuária sustentável, pesca e aquicultura e inovações em bioeconomia. São realizados, também, avaliação e monitoramento de impactos ambientais, socioeconômicos e sobre a saúde única em sistemas de produção agropecuários decorrentes das mudanças climáticas e da alteração do uso da terra, bem como identificação e valoração de serviços ecossistêmicos. Desenvolvidas tecnologias para o uso sustentável dos recursos hídricos, do solo e da biodiversidade além de tecnologias para a automação e digitalização de processos agropecuários e de monitoramento ambiental.

“O principal desafio da missão da Embrapa Pantanal dentro do bioma é inovar e desenvolver tecnologias que atendam a produção conciliando estes desenvolvimentos a conservação ambiental, e que a unidade vem conseguindo atender ao longo destes 49 anos de existência”, explicou Suzana.

 

O inicio

A Embrapa Pantanal teve seu início como uma Unidade de Execução de Pesquisa de Âmbito Estadual de Corumbá – UEPAE, instalada na Cidade de Corumbá/Mato Grosso do Sul no dia 24 de fevereiro de 1975.  Com a missão de pesquisar formas de produção, desenvolver tecnologias e inovações para as atividades realizadas no bioma Pantaneiro, direcionadas principalmente a pecuária bovina, investigando temas como manejo sanitário, reprodutivo e nutricional em bovinos de corte, assim como pastagens nativas e cultivadas.

Segundo o pesquisador José Aníbal Comastri Filho, que trabalhou desde o início da UEPAE e até os dias de hoje, a demanda de criação de uma instituição de pesquisa na região pantaneira se deu, entre outros fatores, por constantes reivindicações de fazendeiros devido à falta de informações científicas sobre a região e sobre as práticas de pecuária adequadas, pois a carência de informações sobre manejo, lotação, pastagens  e invernadas vinham comprometendo a  produção e rendimento da criação de gado realizada tradicionalmente na região.

 

De UEPAE para CPAP – Embrapa Pantanal

Em 1984 a UEPAE foi transformada no Centro de Pesquisa Agropecuária do Pantanal “CPAP”, uma unidade ecorregional - a Embrapa Pantanal, como a conhecemos hoje. Ou seja, uma unidade que atua em um bioma peculiar, no caso o Pantanal. A partir dessa época, foi promovida a expansão do programa de pesquisa, com novas contratações, formando uma equipe multidisciplinar que passou a levantar informações sobre outras áreas como clima, solo, fauna, flora, pesca e impactos ambientais.

O pesquisador explica, que a partir de 1994, várias tecnologias foram disponibilizadas para melhorar o desempenho dos sistemas de produção do Pantanal, principalmente da fase de cria permitindo a comercialização de bezerros de qualidade e a recria e a seleção de novilhas de reposição para os rebanhos da região. Com isso a região do Pantanal passou a ser caracterizada como sendo um grande berçário primando pela produção de bezerros de qualidade, até os dias de hoje.

 

Passado, presente e futuro conectados

Fernando Fernandes, chefe de Pesquisa & Desenvolvimento da unidade, explica que, na área de pecuária, o pacote tecnológico desenvolvido para o bioma Pantanal conta com calendário sanitário, estação de monta, desmama precoce, inseminação artificial em tempo fixo (IATF), sêmen refrigerado, suplementação alimentar, entre outras técnicas que já eram realizadas na pecuária do cerrado e do planalto, mas que no Pantanal não haviam sido avaliadas antes da  Embrapa ser instalada na região. “Os resultados das pesquisas dessas práticas de manejo geradas foram utilizados como suporte a algumas políticas públicas, tais como: Fundo Constitucional do Centro Oeste (FCO) – programa de retenção de matrizes e manejo e recuperação de pastagens”, detalha o pesquisador. 

“Após a criação da Unidade foi enfatizado o foco em pesquisas em recursos naturais e diversos pesquisadores foram contratados para atuar nesta área. Esses profissionais iniciaram um levantamento de uma série de informações relativas a biodiversidade, biologia básica de espécies ameaçadas ou não, levantamento das pastagens nativas e da vegetação em geral entre outros aspectos, que resultaram em inúmeras publicações relata Fernandes.

Fernando destaca que, no ordenamento de pesca do estado de Mato Grosso do Sul, é visível a contribuição da Embrapa Pantanal. “Os trabalhos de biologia básica das espécies nativas de peixes, potencial de captura e, estoques pesqueiros das principais espécies comercializadas, uso de petrechos de pesca entre outras pesquisas, todas iniciadas no final da década de 1980, subsidiaram a política de gestão da pesca: o período de defeso é fruto de informações técnicas levantadas pela unidade. Dentre as principais recomendações para o controle da pesca na região do Pantanal destacamos o Sistema de Controle de Pesca de Mato Grosso do Sul – SCPESCA/MS, implantado desde 1994”.

Entre as contribuições para a agricultura familiar, estão a transição para a produção agroecológica que vem impulsionando o processo para a produção com certificação orgânica. Além disso as pesquisas desenvolvidas com o mel do Pantanal e capacitações oferecidas formaram um grande número de apicultores, que atualmente desenvolvem esta atividade como fonte de renda e subsidiaram informações técnicas para o protocolo de identificação geográfica (IG) do mel do Pantanal. A apicultura, é inclusive, uma das alternativas para agregar produção de renda em fazendas tradicionais de pecuária na região, um produto da bioeconomia.

“Todas essas informações geradas, tanto as de recursos naturais como as de pecuária, vêm facilitando para que a unidade atue no subsídio de informações para construção de políticas públicas – que é o caso da legislação estadual para restauração das formações campestres do Pantanal, aprovada em 2021 no estado de Mato Grosso", explica Fernandes.

O pesquisador relata que atualmente o carro chefe da unidade é a ferramenta Fazenda Sustentável Pantaneira - FPS, fruto de mais de 20 anos de estudos sistematizados na busca de indicadores ambientais, socioculturais e econômicos para avaliação da sustentabilidade das fazendas da região. A ferramenta permite um diagnóstico da sustentabilidade, por meio de indicadores práticos, dos sistemas produtivos da pecuária de corte local nas propriedades que auxilia o produtor nas tomadas de decisão em relação às boas práticas para melhor a eficiência na produção, conservação do ambiente e bem-estar social.

“Observamos que o mercado nacional e internacional vem cada vez mais buscando produtos rastreáveis, certificados e produzidos com sustentabilidade. Desenvolver tecnologias como a FPS, que auxilie o produtor a atingir essas metas, é de suma importância para a produção agropecuária do Brasil agora, e para o futuro e são essas tecnologias que a Embrapa Pantanal vai continuar visando desenvolver e pesquisar para entregar a sociedade”, conclui o chefe de P&D.

A Embrapa Pantanal com uma política de comunicação para a transferência de conhecimentos, tecnologia e processos à sociedade, seja por meio de publicações técnico-científicas em periódicos indexados, nacionais e estrangeiros, além de livros técnicos. Disponibiliza também publicações das séries Embrapa on-line, com livre acesso via Internet, além de constante relacionamento com a imprensa nacional e internacional por meio de produção de matérias para divulgação de ações e resultados obtidos. Constantemente, juntamente com parceiros, promove dias de campo, seminários, workshops, entre outros eventos voltados para a sociedade em geral.  

 

Raquel Brunelli D´avila (DRT 113/MS)
Embrapa Pantanal

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