15/03/24 |   Agroecologia e produção orgânica

Seminário de programa de mestrado da UFRRJ aborda inovação social na agricultura orgânica

Informe múltiplos e-mails separados por vírgula.

A Embrapa Agrobiologia (Seropédica, RJ) sediou, no último dia 12, o VII Seminário de Integração do Programa de Pós-Graduação em Agricultura Orgânica (PPGAO) da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro. Com um corpo docente que envolve diversos pesquisadores da Embrapa Agrobiologia, o PPGAO dá início a mais uma turma de pós-graduandos e, neste evento de integração, trouxe como temática para discussão a inovação social na agroecologia e na agricultura orgânica.

O evento contou com a participação do agrônomo Rogério Dias, presidente do Instituto Brasil Orgânico; do sociólogo Antônio Gomes Barbosa, membro da Associação Semiárido Brasileiro; e da professora Flaviane Canavesi, da Universidade de Brasília (UnB), com mediação do pesquisador Mauro Vianello Pinto, da Embrapa Agrobiologia. A chefe-geral da Embrapa Agrobiologia, integrante do portfólio de Inovação Social da Embrapa, abriu o evento dando as boas-vindas aos presentes e destacando a importância do tema para alavancar a agricultura familiar e permitir melhores condições de renda e trabalho.

Rogério Dias deu início às discussões trazendo um panorama da agricultura orgânica e familiar no Brasil, lembrando o crescimento exponencial da população e o esvaziamento do campo, o que traz imensos desafios para a agricultura de base orgânica provar-se eficaz e capaz de gerar alimentos sustentáveis e garantir a segurança alimentar. “O planeta está com cada vez mais gente, e cada vez mais gente sem produzir. Esse é o nosso grande desafio. Temos pontos que nos norteiam na agricultura orgânica, mas precisamos aumentar a produção. O que temos de avanço em equipamentos para a agricultura familiar?”, questiona, apontando a necessidade de fazer chegar a inovação no campo.

Paradoxalmente, ele sustenta que o simples aumento da produção não será suficiente para sanar a fome no mundo: “O modelo convencional prova que, apesar de aumentar a capacidade de produção, continuamos com fome no mundo. É preciso que a inovação social seja incorporada nos processos da sociedade, em seu dia a dia. Um exemplo interessante de inovação social na agricultura orgânica são os Sistemas Participativos de Garantia, que garantem a qualidade e certificam os produtores”, cita.

Antonio Barbosa, em participação virtual, deu continuidade ao raciocínio de Rogério, também criticando a chamada revolução verde – que aumentou a produtividade agrícola consideravelmente entre as décadas de 1960 e 1970, a partir da incorporação de tecnologias no meio agrícola, da expansão da fronteira agrícola e do aumento de uso de fertilizantes e agrotóxicos. Ele lembrou o importante papel de multiplicadores que os agricultores exercem e também de experimentadores de inovações e tecnologias. “As pessoas não querem receber assistência; elas querem e necessitam participar”, apontou.

Ele citou o sistema de cisternas de placas como uma importante tecnologia social desenvolvida e experimentada localmente por agricultores familiares há mais de 20 anos. Trata-se de um reservatório cilíndrico construído próximo à residência da família, com capacidade de armazenar até 16 mil litros de água da chuva captada do telhado e suficientes para suprir o consumo de cinco pessoas por até oito meses. “No Semiárido nordestino a seca é um problema secular e seríssimo. Era um problema sem solução, que provocava imensas migrações, até que um agricultor criou esse sistema, barato, simples, de baixo impacto ambiental e fácil construção”, destacou, salientando a importância do incentivo e da escuta às inovações camponesas.

Para encerrar as apresentações antes do debate com os presentes, a professora Flaviane Canavesi falou um pouco sobre as experiências com agroecologia e agricultura orgânica na Universidade de Brasília e na realidade do Cerrado brasileiro, marcado principalmente pelas monoculturas de soja, cana-de-açúcar e milho. “Iniciamos com um núcleo de agroecologia aqui em 2017 nessa realidade desafiadora, pensando em como avançar na produção familiar e no acesso a mercados. Tínhamos várias experiências com sistemas agroflorestais e acompanhamos estilos de vida do campo-cidade, de assentamentos rurais e da agricultura familiar”, informou.

“Mas tínhamos a necessidade de potencializar as invenções, desenvolver máquinas para trabalhar com essa realidade. E a cocriação de tecnologias a partir de parcerias e oficinas junto a agricultores foi o que possibilitou a inovação no processo, melhorando a renda, valorizando o trabalho das mulheres, o fruto do trabalho e quebrando a visão de que inovação e tecnologia são só aquelas consumidas no mercado. Agricultores também são utilizadores e, por que não, desenvolvedores”, completou.

Sobre o PPGAO

O Programa de Pós-Graduação em Agricultura Orgânica da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro oferece o mestrado profissional em agricultura orgânica desde 2010, sendo o primeiro na temática no Brasil. O curso conta com a participação efetiva de pesquisadores da Embrapa e da Pesagro-Rio e é realizado presencialmente na Fazendinha Agroecológica Km 47.

Liliane Bello (MTb 01766/GO)
Embrapa Agrobiologia

Contatos para a imprensa

Mais informações sobre o tema
Serviço de Atendimento ao Cidadão (SAC)
www.embrapa.br/fale-conosco/sac/

Encontre mais notícias sobre:

sipafazendinha