05/04/24 |   Agricultura de Baixo Carbono

Pesquisas são tema de reunião do Comitê Gestor Estadual do Plano ABC+RS em Bagé

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Foto: Gustavo Silva

Gustavo Silva -

Pesquisas conduzidas pela Embrapa Pecuária Sul sobre mitigação de emissões de gases do efeito estufa e experiências em integração lavoura-pecuária-floresta foram apresentadas nesta quinta-feira (4/4), em Bagé, durante reunião do Comitê Gestor Estadual do Plano ABC+RS.

"O objetivo é trazer aqui o que todas as entidades que compõem o Comitê Gestor estão fazendo sobre a área do Plano ABC+RS. Neste momento específico, vamos conhecer o que os pesquisadores da Embrapa vêm desenvolvendo dentro desta temática”, explicou o coordenador estadual do ABC+RS, Jackson Brilhante.

A pesquisadora Cristina Genro apresentou as ações desenvolvidas pela Embrapa Pecuária Sul na área de monitoramento de gases de efeito estufa em bovinos. A Embrapa se organizou em uma rede de pesquisa sobre a dinâmica de gases do efeito estufa na pecuária brasileira – rede PECUS, composta pelas unidades da empresa de pesquisa e colaboradores, divididos pelos seis biomas brasileiros.

“Temos três protocolos experimentais rodando no bioma Pampa, um na Embrapa em Bagé e os outros dois na estação experimental da UFRGS em Eldorado do Sul”, informou Cristina.

Foram apresentados resultados de duas pesquisas, realizadas de 2012 a 2016: a dinâmica de gases de efeito estufa em sistemas de produção pecuária do Bioma Pampa; e a caracterização do ambiente e da carne produzida nos Campos Sulinos, com utilização sustentável da pastagem natural.

“Quanto mais eficiente for um sistema pastoril, menor será a intensidade da emissão de metano. A produtividade está atrelada à baixa emissão de metano”, destacou a pesquisadora. Nos dois projetos de pesquisa, também foram apresentadas ferramentas que visem reduzir as emissões de carbono e aumentar o acúmulo de carbono no solo.

A redução de 30% nas emissões de metano é uma das metas acordadas durante a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas realizada em 2021 (COP26), uma vez que este gás é o que tem impacto mais rápido sobre o aquecimento global. “No Brasil, a maior fonte de emissão de metano é a agropecuária, respondendo por 76% das emissões nacionais. E, das emissões na agropecuária, 90% vêm da fermentação entérica dos bovinos, de seu processo normal de digestão”, enumera Cristina.

Em 2023, a Embrapa conseguiu financiamento, por meio da Fapergs, para um projeto de pesquisa que avalie tecnologias com potencial de mitigar gases de efeito estufa nos campos e nas florestas nativas e cultivadas do Estado. O projeto está trabalhando em quatro aspectos diferentes.

O primeiro subprojeto é monitorar a emissão de metano entérico de reprodutores bovinos de corte de alto mérito genético. Em convênio com associações de criadores de bovinos de corte, touros reprodutores são levados à Embrapa para prova de avaliação da eficiência alimentar. “Assim, vamos caracterizar os animais que têm maior ganho com menor consumo, indicando os que têm intensidade de emissão menores que os outros, para melhoramento genético”, detalhou Cristina.

O segundo subprojeto quer estudar o potencial do farelo de bagaço de uva, um resíduo comum da vitivinicultura, como ingrediente na suplementação de bovinos de corte em pastejo. “É um resíduo de alta qualidade alimentar, e vamos avaliar se auxiliará na mitigação das emissões de metano e no controle de verminoses”, complementou.

Os demais subprojetos são para monitorar o potencial de mitigação de gases de efeito estufa em sistemas de integração lavoura-pecuária-floresta e para validar protocolos das certificações Carne Carbono Neutro (CCN), Carne Baixo Carbono (CBC) e Carbono Nativo (CN) em propriedades rurais do Rio Grande do Sul.

Integração Pecuária-Floresta

O pesquisador Helio Tonini apresentou as pesquisas realizadas pela Embrapa na área de integração Pecuária-Floresta, que vem desde 2005, com os ensaios com espécies forrageiras para uso em sistemas silvipastoris.  Em 2013, a fase 1 do Projeto Silvipastoril da Região da Campanha/RS implantou as primeiras Unidades de Referência Tecnológica (URTs) em áreas de três hectares, utilizando duas espécies de eucalipto em três tipos diferentes de espaçamento, com densidades de árvores por hectare que variavam em 625, 312 a 208, conforme o espaçamento. 

A fase 2 do projeto, conduzida de 2020 a 2022, realizou a coleta e monitoramento de parâmetros como custo e rendimento das operações de desbaste e desarma; crescimento e produção florestal; produção e composição florística do campo; deposição, composição química e teor de carbono da serrapilheira; luminosidade em relação ao espaçamento; e o espaçamento e seu resultado no solo.

Por meio de simulações produzidas por um software, as projeções apontam que os melhores resultados econômicos e de mitigação foram obtidos em regime de manejo com dois ou três desbastes, e a idade de rotação aconselhada ficou de 14 a 18 anos. “A estimativa é de que, durante a rotação, as árvores sequestram de 3,43 a 11,25 toneladas de CO2 por hectare a cada ano”, complementou Tonini.

A partir de 2021, houve a inserção de dez espécies florestais nativas no sistema de integração Lavoura-Pecuária-Floresta: açoita-cavalo, angico-vermelho, cabreúva, canafístula, cedro, guajuvira, louro-pardo, ipê roxo, tarumã e pau-ferro.

Integração lavoura-pecuária em terras altas

O pesquisador Naylor Perez apresentou alguns resultados de pesquisas relacionadas à integração do cultivo de soja, pastagens de inverno e pecuária na região da Campanha. Os trabalhos iniciaram em 2008, com a introdução da cultura da soja, como estratégia de controle do capim-annoni. “Após oito anos, nas áreas de pastagens em diferimento, tivemos o retorno da infestação de capim-annoni, quase igual à original; algumas já estão com resistência a herbicidas como o glifosato. Capim-annoni é uma herança do manejo inadequado do nosso campo nativo”, detalhou Perez.

A pesquisa avaliou a produção animal do sistema de integração e o desempenho de cultivares de soja, plantadas com irrigação por pivô central. Por meio de técnicas de agricultura de precisão, com informações sobre precipitação média anual e produtividade média de soja e azevém no local, a área do experimento foi mapeada conforme as zonas mais propícias para a instalação de lavouras de soja e pastagens. 

O pesquisador também mostrou dados referentes ao Mirapasto, método integrado de recuperação de pastagens elaborado pela Embrapa. A pastagem recuperada pelo Mirapasto conseguiu um saldo de 139 quilos de peso vivo por hectare, frente a 50 quilos por hectare obtidos em um campo infestado por capim-annoni.

A próxima reunião do Comitê Gestor, a ser realizada em maio, terá como pauta as pesquisas desenvolvidas pelo Departamento de Diagnóstico e Pesquisa Agropecuária da Secretaria da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação (DDPA/Seapi) no contexto do Plano ABC+RS.

Elaine Pinto
Secretaria de Agricultura do RS

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