12/04/24 |   Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação  Produção vegetal

Simpósio promove o debate sobre a produção de alimentos na Amazônia

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Foto: Ana Laura Lima

Ana Laura Lima -

A produção de alimentos na Amazônia sob a ótica da sustentabilidade ambiental e da inovação esteve no centro do debate do I Simpósio Amazônia Viva, que aconteceu de 10 a 12 de abril, em Belém-PA. O evento, promovido pela Universidade Federal do Pará, contou com a participação de instituições de pequisa, entre elas a Embrapa Amazônia Oriental, empreendedores locais, representantes de comunidades tradicionais e gestores públicos.

Na região que concentra a maior biodiversidade do planeta, debater a produção de alimentos requer a conexão dos atores e instituições que participam dessa cadeia, como a indústria, os centros de pesquisa e as comunidades da floresta, de acordo com o presidente do Simpósio, Gustavo de Araújo Pereira, pesquisador e professor da Faculdade de Engenharia de Alimentos da UFPA. “Quando a gente fala de alimentação a gente fala de muita coisa, inclusive de cultura. Então o objetivo da primeira edição desse simpósio é tentar conectar as pessoas que estão envolvidas em todas as etapas da cadeia de produção de alimentos na Amazônia”, afirmou o pesquisador.

Entre os temas debatidos durante o evento, estavam os caminhos para a sustentabilidade da produção no Pará e na Amazônia, que reuniu em uma mesa de discussão gestores da Embrapa, Fundação Amazônia de Amparo a Estudos e Pesquisas (Faespa) e do Parque de Ciência e Tecnologia Guamá (PCT Guamá). Fábio Barbieri, chefe-adjunto de Pesquisa e Desenvolvimento da Embrapa Amazônia Oriental, apontou três grandes passos nessa direção: melhoria nos sistemas produtivos da Amazônia; agregação de valor aos produtos da sociobiodiversidade; e políticas públicas.

“Tecnologias para melhorar a produtividade dos sistemas agrícolas na região são fundamentais. É preciso fazer a transição de sistemas de baixa produtividade e alto impacto ambiental para sistemas mais eficientes, descarbonizantes e que valorizem as comunidades locais”, afirmou o chefe de pesquisa.

Barbieri citou os Sistemas Agroflorestais (SAFs) do município de Tomé-Açu, na região Nordeste do Pará, com exemplo de produção eficiente do ponto de vista econômico e ambiental. “A diversidade de culturas que o sistema envolve faz com que o produtor tenha renda desde do início da implantação até atingir a cultura principal”, pontuou.

Barrinhas alimentícias com produtos da biodiversidade amazônica. Foto: Ronaldo Rosa.

 

Agregação de valor a produtos da sociobiodiversidade

De tudo o que é processado pela agroindústria brasileira em termos de vegetais, apenas 3% são de plantas nativas, como afirma o pesquisador e professor Gustavo Pereira, da UFPA. “A gente explora pouco nossa biodiversidade do ponto de vista industrial e comercial. Fora isso, o que se comercializa tem baixo valor de mercado”, acrescentou. De acordo com o especialista, o quilo de uma planta nativa da região amazônica é comercializado em média a R$ 2,50 no País.

“A academia e o setor tecnológico precisam pavimentar a estrada para levar esse conhecimento até as comunidades para que deixem de ser meramente entregadores de plantas, frutas, sementes e passem a comercializar um produto com maior valor agregado”, pontou.

Para Marcel Botelho, diretor-presidente da Fapespa, o investimento na ciência produzida na Amazônia é imprescindível. “Não há como chegar ao desenvolvimento sem tecnologia, sem pesquisa, sem inovação”, afirmou.

Ele ressaltou ainda o aumento do aporte de recursos estaduais para pesquisa nos últimos anos no estado do Pará e a necessidade de melhorar e fortalecer as estruturas para a produção científica na região. “Precisamos inverter o fluxo: invés de exportar pesquisadores da Amazônia para outros estados, temos que fixar esses talentos aqui”, atestou Botelho.

Já Milkson Campelo, gerente da Coordenação de Prospecção, Transferência e Tecnologia de Negócios da Fundação Guam, destacou a conexão entre os atores e instituições como o elemento-chave do ecossistema de inovação. O PCT Guamá reúne atualmente 11 laboratórios de Pesquisa e Desenvolvimento, 40 empresas residentes, 19 empresas associadas e diversas instituições de apoio à inovação, como afirmou Campelo.

Fábio Barbieri, da Embrapa, ressaltou também políticas públicas para apoiar o financiamento de comunidades no uso de tecnologias de produção. “As tecnologias não podem ficar restritas às instituições e aos produtores mais capitalizados que têm acesso a elas”, destacou. Ele finalizou reforçando a necessidade de maior atuação do poder público, mais integração e menos competição no ambiente institucional e mais comunicação sobre a importância da ciência para a sociedade.

Ana Laura Lima (MTb 1268/PA)
Embrapa Amazônia Oriental

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