15/04/24 |   Comunicação  Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação

Embrapa lança jogo educativo Caatinga Viva em escola indígena Xukuru

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Divulgação - Embrapa Alimentos e Territórios lançou o jogo “Caatinga Viva” na Escola Intermediária Monsenhor Olímpio Torres

Embrapa Alimentos e Territórios lançou o jogo “Caatinga Viva” na Escola Intermediária Monsenhor Olímpio Torres

Nos dias 4 e 5 de abril, a Embrapa Alimentos e Territórios lançou o jogo “Caatinga Viva” na Escola Intermediária Monsenhor Olímpio Torres, uma escola indígena localizada na Aldeia Cimbres, município de Pesqueira, no agreste de Pernambuco. O jogo foi inspirado no prêmio Sistemas Agrícolas Tradicionais (SAT) do Semiárido, realizado no âmbito do Projeto Dom Helder Câmara (PDHC II), que reconheceu o povo Xucuru de Ororubá pela iniciativa “Cosmonucleação Regenerativa” proposta pelo coletivo Jupago Kreká.

O jogo Caatinga Viva propõe uma reflexão sobre os territórios onde os SATs estão inseridos, designados como Terra Indígena, Assentamento de Reforma Agrária, Comunidade de Fundo de Pasto e Terra de Quilombo. Algumas cartas trazem as ameaças que atingem esses territórios, como o desmatamento, as barragens, mudanças climáticas, transgênicos, grilagem e mineração. Vence o jogo quem consegue reunir as cartas de um mesmo território, conquistadas com as cartas bônus “Convivência com a Caatinga” e “Sistema Agrícola Tradicional”. 

“O objetivo central do jogo é despertar a consciência ambiental nas crianças por meio da valorização da diversidade dos modos de conviver com a Caatinga e dos modos de vida de agricultores familiares, povos e comunidades tradicionais”, explicou o analista da Embrapa Alimentos e Territórios Fabrício Bianchini. Os estudantes de duas turmas dos anos finais do ensino fundamental se reuniram na quadra poliesportiva para jogar em grupos. 

Eles também tiveram a oportunidade de conversar com a pesquisadora da Embrapa Alimentos e Territórios Patrícia Bustamante sobre as características que formam um SAT e sobre os Sistemas Importantes do Patrimônio Agrícola Mundial (Giahs, na sigla em inglês) que existem em todo o mundo e são reconhecidos pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO).

“Os SATs nos contam histórias fascinantes sobre a forma como os seres humanos se organizaram e se adaptaram para viver por gerações em ambientes diversos e garantir sua segurança alimentar”, ressaltou a pesquisadora. Ela destacou os seis pilares que compõem um SAT: Segurança Alimentar, Biodiversidade, Conhecimento Tradicional, Manifestação Cultural, Paisagem Sustentável e Cultura Alimentar. 

“As cartas bônus trazem a ideia de que as estratégias de convivência com o semiárido podem ajudar a construir futuros melhores para os povos e comunidades da Caatinga. Somos resistência, por isso nos identificamos”, afirmou a coordenadora pedagógica da escola, Edilma Gonçalves. 

Antes do início das apresentações, os alunos saudaram seus antepassados encantados e a força da mãe natureza através de cânticos da sua cultura, embalados pelo som do chocalho indígena, o maracá. 

Prêmio SAT do Semiárido - No ano passado, doze Sistemas Agrícolas Tradicionais (SAT) do Semiárido brasileiro, que se destacaram por suas práticas, tecnologias, conhecimentos e rituais, contribuindo para a segurança alimentar e a conservação da biodiversidade, foram selecionados e reconhecidos pelo Prêmio Dom Helder Câmara (PDHC II), organizado pela Embrapa Alimentos e Territórios com a coordenação do  Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar e cofinanciamento do Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola (FIDA).

Um deles foi o coletivo de agricultura do povo Xukuru do Ororubá, o Jupago Kreká, que cuida dos processos de regeneração da mata nativa e das discussões sobre a agricultura sagrada a partir da cultura de encantamento.

“O Jupago promove experiências sustentáveis, atento às relações entre o uso e ocupação territorial, e sua fidelidade ao mundo velho (Limolaygo Toype), filosofia de vida Xukuru, na busca do Bem Viver”, explicou o Xukuru Iran Neves Ordonio, membro do coletivo Jupago Kreká. 

Atualmente, o coletivo promove processos que possibilitam a identificação de experiências sustentáveis entre as famílias indígenas, a sistematização dessas práticas e a socialização dos resultados entre as aldeias e comunidades, trabalhando conhecimentos nas área da saúde, medicina tradicional, alimentação, técnicas locais de regeneração ambiental, valorização dos conhecimentos das mulheres e dos anciãos, e a passagem de conhecimento para os mais jovens. 

“Nosso processo foi desenvolvido a partir das bases de conhecimento ancestral da agricultura Xukuru, a cosmonucleação regenerativa, sistema agrícola tradicional que valoriza a todos os seres que compõe o cosmos em relações. O coletivo atua no território tradicional do povo Xukuru do Ororubá, valorizando as histórias da ancestralidade enquanto povo originário”, acrescentou o indígena. 

 

 

“E qual o rumo a ser seguido?
Cuidar em plantar floresta, taí uma meta excelente a ser estabelecida
Esse é o plano de vida para quem bem convive em terra de encantos de pedras e que é denominada por árvore e passarinho
Desde muito tempo temos métodos de plantar com boas práticas de encanto manejo
E as métricas inventadas são adotadas para mensurar os resultados
Tem até gramática acolhida para descrever, quando se pode, o que é indizível
Há quem acredite que toda essa organicidade é legitimada pela nossa falange e/ou pela epistemologia das ciências dos invisíveis”. 

Iran Xukuru, 07 de abril de 2024

 

 

Irene Santana (MTb 11.354/DF)
Embrapa Alimentos e Territórios

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