03/05/24 |   Florestas e silvicultura

Estudo detalha soluções para o setor de serrarias do Brasil

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Foto: Figura

Figura - Principais defeitos ocorridos durante a secagem: a = encurvamento; b = encanoamento; c = torção; d = arqueamento; e = rachaduras; f = colapso.

Principais defeitos ocorridos durante a secagem: a = encurvamento; b = encanoamento; c = torção; d = arqueamento; e = rachaduras; f = colapso.

Estudo publicado no último número da Revista Cientifica Brazilian Journal of Agriculture pelo pesquisador Laerte Scanavacca Júnior, da Embrapa Meio Ambiente, faz um diagnóstico da situação atual, aponta os principais problemas e as possíveis soluções para o setor de móveis do país. As florestas brasileiras estão entre as mais produtivas do mundo, com boa matéria-prima, e o trabalho destaca alguns ajustes para o setor de móveis, como desgalhamento e aumento do ciclo de rotação de 20 a 30 anos. O setor conta também com boa infraestrutura e tecnologia em termos de secagem de madeira.

De acordo com o pesquisador, o setor florestal brasileiro tem boa representatividade no PIB brasileiro, ou seja, compete com qualquer outro país. O setor de móveis representa cerca de 17,7% do consumo de madeira plantada no Brasil e emprega cerca de 35% da mão de obra do setor. São micro e pequenas empresas que geram quase 200 mil empregos e fixam a mão de obra no campo. Entretanto, o maquinário obsoleto e mão de obra mal formada são os responsáveis pela baixa rentabilidade do setor, de acordo com Scavanacca. “Nosso rendimento em madeira serrada hoje é de cerca de 60% com Pinus spp., 50% com Eucalyptus spp. e 35% com as nativas. Isso tem que ser melhorado”, explica ele. 

Conforme Scavanacca, as explorações de madeiras nativas, principalmente na Amazônia devem parar porque tem baixo rendimento (35%). São aproveitadas somente 10% das árvores derrubadas, isto é, para cada árvore que chega à serraria, outras nove árvores são deixadas no campo para apodrecer.

Além disso, alerta o pesquisador, o transporte para tirar esta madeira da Amazônia e trazer para os principais centros consumidores, como São Paulo, é muito caro (70 a 80% do custo da madeira), ou seja, a exploração de produtos não madeireiros, como fármacos, frutos, sementes, entre outros, é muito mais rentável e não interfere nos serviços ambientais - regulação do fluxo de água, manutenção da temperatura e umidade, suporte para vida selvagem e as comunidades e povos da floresta, enfatiza Scanavacca 

Existem vários polos produtores de móveis em vários no Brasil, principalmente nas regiões Sul e Sudeste, com uma cadeia montada ou muito bem estruturada. Para o pesquisador é preciso adquirir equipamentos mais eficientes para o país ser protagonista também neste setor, uma vez que hoje o Brasil ocupa o sexto lugar na produção mundial de móveis. 

“No estado de São Paulo, por exemplo, explica Scanavacca, vários Hortos do Instituto Florestal foram doados ou transferidos para a Universidade de Estadual Paulista - Unesp. Em Itapetininga por exemplo, o Horto Florestal com mais de 6 mil hectares foi doado à Unesp, que poderia fazer uma parceria com a Faculdade de Tecnologia - Fatec e o Centro Paula Souza, para oferecerem cursos de eficiência industrial, desenho de móveis, curso de carpintaria, curso de marcenaria, gestão industrial voltada para móveis, por exemplo”. 

Para o pesquisador, chegou a hora de dar um passo rumo ao desenvolvimento, uma vez que há conhecimento, infraestrutura razoável e potencial de crescimento, não só em São Paulo, como em vários polos nas regiões Sul e Sudeste. 

Cristina Tordin (MTB 28499/SP)
Embrapa Meio Ambiente

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