21/05/24 |   Produção animal  Produção vegetal  ILPF  Agricultura de Baixo Carbono

Referência mundial em ciência do solo conhece tecnologias sustentáveis para o Cerrado

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Foto: Fabiano Bastos

Fabiano Bastos - Rattan Lal conversa com o pesquisador Roberto Guimarães Jr. na vitrine de ILPF da Embrapa Cerrados

Rattan Lal conversa com o pesquisador Roberto Guimarães Jr. na vitrine de ILPF da Embrapa Cerrados

Considerado a maior autoridade mundial em ciência do solo, Rattan Lal, cientista paquistanês radicado nos Estados Unidos, visitou a Embrapa Cerrados no dia 16 de maio, quando conheceu duas das principais tecnologias que contribuem para a sustentabilidade da agropecuária no Bioma Cerrado: a Bioanálise de Solo (BioAS) e os sistemas de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF). 

Ganhador do World Food Prize 2020, o Prêmio Mundial da Alimentação, e integrante do Painel Intergovernamental para Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês) da ONU em 2007, quando a entidade dividiu o Prêmio Nobel da Paz com o ex-vice-presidente norte-americano Al Gore, Lal é professor emérito da Universidade de Ohio. Ele esteve no Brasil para participar do Encontro Mundial dos Líderes da Pesquisa Agrícola (MACS G20), evento realizado em Brasília de 15 a 17 de maio e que teve a Embrapa como principal coordenadora e organizadora, com o apoio do Ministério da Agricultura e Pecuária e do Ministério das Relações Exteriores. Junto com o pesquisador Ladislau Martin Neto, da Embrapa Instrumentação, ele foi palestrante no painel Ciência e Agricultura.

Lal visitou a Unidade acompanhado pelo diretor de cooperação técnica do Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA), Muhammad Ibrahim, e pelos pesquisadores Ladislau Martin Neto e Pedro Machado (Embrapa Arroz e Feijão). Ele foi recepcionado pela presidente da Embrapa, Silvia Massruhá, pelo o chefe geral da Embrapa Cerrados, Sebastião Pedro, e pelo chefe-adjunto de Transferência de Tecnologia da Unidade, Fábio Faleiro.

O cientista conversou com os gestores e pesquisadores da Embrapa Cerrados e assistiu à versão legendada em inglês do vídeo institucional da Unidade. “O que foi feito aqui no Cerrado é muito impressionante, é único. A produtividade da soja aqui é maior que em Ohio. Vocês fizeram do Brasil uma potência da agricultura, precisam ganhar mais World Food Prizes”, comentou, lembrando-se do prêmio conquistado em 2006 pelo pesquisador aposentado Edson Lobato, o ex-ministro da Agricultura Alysson Paolinelli e o pesquisador norte-americano Andrew Colin Mclung, por terem contribuído para transformar a região num dos mais produtivos celeiros do mundo. “Seria interessante que a experiência de vocês pudesse ser replicada na África, com ações de pesquisa em cooperação”, completou.

Lal foi presenteado com os livros Savanas: desafios e estratégias para o equilíbrio entre sociedade, agronegócio e recursos naturais, do qual ele é autor do capítulo 3; IX Simpósio Nacional Cerrado e II Simpósio Internacional Savanas Tropicais em fotos, sobre o evento realizado em 2008 em Brasília e do qual foi conferencista; e Soil Health and Sustainable Agriculture in Brazil, publicação internacional que tem entre os editores a pesquisadora Ieda Mendes, da Embrapa Cerrados.

No Laboratório de Microbiologia do Solo, Mendes apresentou resultados do uso da Bioanálise de Solo (BioAS). A tecnologia agrega o componente biológico às análises de rotina de solos, com a análise das enzimas arilsulfatase e beta-glicosidase, associadas respectivamente aos ciclos do enxofre e do carbono no solo. Essas enzimas funcionam como bioindicadores e ajudam a avaliar a saúde dos solos devido à relação direta ou indireta com o potencial produtivo e com a sustentabilidade do uso do solo. Elas são mais sensíveis que os indicadores químicos e físicos e detectam com maior antecedência alterações que ocorrem na saúde do solo em função do uso e do manejo. Dessa forma, a BioAS auxilia na tomada de importantes decisões sobre o manejo da propriedade agrícola. No momento, a tecnologia está formatada para culturas anuais de grãos e fibras cultivadas no Cerrado e no estado do Paraná.

A visita foi encerrada na vitrine de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF). Os pesquisadores Roberto Guimarães Jr., Kleberson de Souza, Karina Pulrolnik e Robélio Marchão abordaram o funcionamento dos sistemas de integração, que combinam diferentes atividades (agricultura, pecuária e silvicultura) numa mesma área, diversificando e intensificando a produção. Eles destacaram o uso desses sistemas no Brasil, além dos principais benefícios e vantagens decorrentes da sinergia entre os componentes, como o maior conforto térmico animal proporcionado pela sombra das árvores, a maior produção de oócitos viáveis e de embriões transferíveis em bovinos leiteiros; aumento da ciclagem de nutrientes no solo e maior eficiência no uso de fertilizantes; aumento da produtividade de grãos e maior ganho de peso dos animais; maior acúmulo de água e aumento do estoque de carbono no solo devido ao incremento da matéria orgânica; além da mitigação das emissões de gases de efeito estufa, proporcionando um balanço de carbono mais favorável em relação aos monocultivos.

Satisfeito com o que conheceu na Embrapa Cerrados, o cientista destacou que a agricultura do futuro deve buscar produzir mais com menos – menos área, menos água, menos pesticidas, menos emissões de gases de efeito estufa, entre outros. “Nesse sentido, particularmente a agrofloresta, com o sistema silvipastoril e o sistema agroflorestal, é um exemplo muito bom para fazer isso”, disse, acrescentando que o futuro da agricultura no Cerrado deve ser focado no aumento da ecoeficiência e da qualidade nutricional dos alimentos. “O Brasil tem feito um trabalho excelente, mas um desafio maior está à frente. Estou certo de que o País vai continuar a ter excelência, e a razão de estar indo muito bem é a sua liderança”, comentou.

Breno Lobato (MTb 9417-MG)
Embrapa Cerrados

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