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Trabalhos com Sistemas Agroflorestais de Referência se iniciam no Pará

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Foto: Emiliano Santarosa

Emiliano Santarosa - Técnicos promovem visita à primeira propriedade em São Domingos-PA

Técnicos promovem visita à primeira propriedade em São Domingos-PA

Como parte do Projeto “Sistemas Agroflorestais de Referência para mitigação da fome e mudanças climáticas”, foi realizado um outro encontro, no mesmo molde da ação feita na Terra Indígena Araribóia, no Maranhão, porém, desta vez, no estado do Pará. O seminário ocorreu, nos dias 9 e 10 de abril, no município de São Domingos do Araguaia, distante cerca de 60 km de Marabá, e foi organizado pela Embrapa Florestas, Embrapa Amazônia Oriental e Secretaria Municipal de Agricultura. Com cerca de 40 participantes, o evento proporcionou discussões sobre alternativas de sistemas produtivos na região Sudeste do Pará, incluindo sistemas agroflorestais com espécies frutíferas e silvipastoris. Também foram abordadas questões como infraestrutura, qualidade de sementes e práticas de conservação ambiental.

Estiveram reunidos representantes de diversas instituições, incluindo a Secretaria de Estado de Desenvolvimento Agropecuário e da Pesca do Pará (Sedap), Instituto de Desenvolvimento Florestal e Biodiversidade do Pará (Ideflor-Bio), Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado do Pará (Emater-PA), Instituto Nacional de Reforma Agrária (Incra Regional Marabá), Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado do Pará (Fetagri) e Instituto de Desenvolvimento Sustentável da Amazônia (Indesa).

O principal objetivo foi identificar demandas e desafios para a produção de alimentos, além de conhecer experiências locais de sistemas agroflorestais valorizando o conhecimento tradicional da agricultura familiar, para construir de maneira participativa sistemas produtivos de referência que combinem qualidade nutricional e conservação ambiental. O Projeto é coordenado pelo pesquisador Marcelo Francia Arco-Verde, chefe Geral da Embrapa Florestas, e conta com o apoio de outros profissionais das Unidades da Embrapa Amazônia Oriental e da Embrapa Florestas. Segundo Arco-Verde, o foco é criar sistemas produtivos que beneficiem agricultores familiares e conciliem qualidade alimentar, sustentabilidade e geração de renda.

Ações ainda em implementação, como as que vêm sendo realizadas pelo Projeto “Sistemas Agroflorestais para Mitigação do Clima e da Fome” são de crucial importância para fazer frente e mudar a problemática da fome, tão comum na região. Nesse sentido, o Projeto vem realizando oficinas de conscientização junto a representantes do segmento da agricultura familiar em São Domingos do Araguaia – PA, para elaborar arranjos produtivos que vão ao encontro das demandas socioeconômicas e ambientais da população rural da região.

Daniel Luiz Leal Mangas, analista da Embrapa Amazônia Oriental, explica que para iniciar os trabalhos de elaboração de protocolo de instalação dos Sistemas Agroflorestais (SAFS) nesta região buscou-se municípios que já tivessem experiência com o sistema, mas poucos o tinham. “Mas São Domingos do Araguaia já tem SAFS implantados em vários estágios e de várias formas, porém com assistência técnica muito deficitária. Há demanda por fruticulturas, reforma de pastos, porque aqui a pecuária leiteira é muito forte”, avalia.

Segundo Emiliano Santarosa, da Embrapa Florestas, existe potencial na região para sistemas agroflorestais envolvendo como base a fruticultura, com espécies como açaí, cacau, banana, goiaba, citros, entre outras. “Já existe um interesse dos agricultores familiares por estas espécies, com possibilidades de agroindústrias de processamento, além dos sistemas silvipastoris ou ILPF para conforto térmico animal, envolvendo a recuperação de pastagens e produção pecuária leiteira. O projeto busca desenvolver alternativas de sistemas de produção junto com os agricultores, visando impactos sociais, econômicos e ambientais positivos para a região”, conta.

Segundo Everaldo Nascimento de Almeida, pesquisador da Embrapa Amazônia Oriental (PA), há um descompasso entre o que se produz na região e o que é consumido pela população local. “Embora o Pará seja um dos estados do Brasil que mais possui diversidade de produtos alimentícios, sobretudo, de frutas tropicais, observa-se que ainda há um imenso abismo na disseminação desses produtos”, ressalta. Segundo o PNAE (2024), o estado ocupa a penúltima posição em lares com insegurança alimentar, e a antepenúltima em famílias que não têm certeza de acesso à alimentação.

Entretanto, explica o pesquisador, o Projeto pretende ajustar o fator nutricional a esses arranjos produtivos, ajudando a promover não apenas o bem-estar social e a oferta de produtos ao mercado, mas também alimentos saudáveis e que atendam à demanda nutricional provindo desses arranjos produtivos. 

Silvio Brienza, da Embrapa Florestas, ressalta a importância da troca de conhecimentos com agricultores no sentido de não só trazer as tecnologias da Embrapa, como também ajudar a desenvolver ideias apresentadas pelos agricultores que fortaleçam a diversificação da produção e a restauração florestal. “E, nesse sentido, serão consideradas práticas como fruticultura, sistemas agroflorestais e silvipastoris, sempre direcionados à conservação do solo e da água e fixação de carbono”, explica.


Depoimentos

Entre os depoimentos dos participantes, merecem destaque o de Caira Costa, representante da Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado do Pará (Fetagri -PA). Ao se manifestar, mencionou que o problema da ocupação da Amazônia não foi ter usado a pecuária, mas “somente” a pecuária. Já entre os produtores, Carlos do Cacau relembra as críticas do passado e que hoje são referência para este trabalho. “Fui muito criticado no passado por “matar o pasto” (substituir o pasto) para o plantio do cacau com mogno”, conta. Porém, ações de diversificação devem ganhar força. Segundo De Assis Soledad, representante do Instituto de Desenvolvimento Sustentável da Amazônia (Indesa), a expectativa é trabalhar para tornar a região de Marabá uma referência na fruticultura.

 

Encontros futuros

O projeto prevê outros encontros em 2024 para a construção conjunta de sistemas agroflorestais de referência. A expectativa é que esses sistemas sejam validados e replicados por comunidades de agricultores familiares, contribuindo para a produção sustentável de alimentos, geração de renda e mitigação climática.

 

Manuela Bergamim (MTb 1951-ES)
Embrapa Florestas

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