01/05/02

Americanos descobrem novos usos para a soja

Desde 1970, os Estados Unidos vêm buscando novos usos para a soja e o milho, que são commodities agrícolas. Um dos primeiros resultados foi o desenvolvimento de tecnologia para produção de biodiesel com soja. A afirmação é do diretor do Centro de Pesquisas para Utilização de Produtos Agrícolas, do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos, Peter Johnsen, que visitou a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, em Londrina (PR), no dia 22 de abril.

Johnsen disse que, ao longo dos anos, os americanos aperfeiçoaram a tecnologia que é composta de 80% de diesel e 20% de óleo de soja. Esse óleo de soja especial passa por processos químicos que garantem melhoria na combustão, quando misturado ao petróleo. "A grande vantagem do biodiesel é que o produto chega a reduzir em até 20% os níveis de poluição causados pelos petróleo", diz Johnsen.

O pesquisador americano afirma que em milhões de quilômetros rodados nos Estados Unidos, o biodiesel apresentou excelente desempenho. Um dos únicos problemas são as temperaturas inferiores a menos 10 graus, porque ocorre cristalização do óleo. "Mesmo assim, empresas de ônibus e empresários agrícolas apresentaram interesse em usar o produto".

Outra linha de pesquisa, ainda com biodiesel, mostra que a introdução de 2% de óleo de soja pode melhorar o desempenho dos motores e reduzir a poluição ambiental. O óleo de soja substitui a ação do enxofre que tem efeito lubrificante, mas ao mesmo tempo é poluente. No caso, a soja funciona como um lubrificante natural. "Várias indústrias americanas têm buscado mais informações sobre esse trabalho para iniciar os testes com seus carros".

Tinta e plásticos de soja

Além do biodiesel, Johnsen frisa a importância da utilização da soja na fabricação de tintas. Com essa tecnologia é possível conseguir um produto mais brilhante e com menor custo. "Esse novo uso dado à soja faz tanto sucesso nos Estados Unidos que cerca de 80% da imprensa utiliza a tinta de soja para imprimir os jornais", enfatiza o pesquisador. De acordo com Johnsen, sua equipe de pesquisa está desenvolvendo um outro projeto que poderá revolucionar a produção de plásticos. São estudos para produzir plásticos biodegradável, a partir da soja. Os americanos estão buscando desenvolver tanto plásticos mais pesados para o acabamento de carros quanto os mais leves, utilizados na sola dos sapatos.

"Todas as nossas pesquisas são feitas em parceria com as indústrias e com as universidades. Aliás, acho que um produto só chega ao mercado se há o envolvimento da pesquisa com a iniciativa privada", afirma Johnsen, que vai abordar o tema Soja: uma história de parcerias no II Congresso Brasileiro de Soja, que ocorre de 3 a 6 de junho, em Foz do Iguaçu, PR. Johnsen veio ao Brasil por iniciativa do Laboratório Virtual Embrapa no Exterior (Labex), cujo objetivo é ampliar a cooperação científica entre os pesquisadores brasileiros e americanos.

Jornalista: Lebna Landgraf (MTb 2903) Embrapa Soja Telefone: (43) 371-6061 E-mail: lebna@cnpso.embrapa.br  

Tema: Produtos Agropecuários\Grãos\Soja 

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