01/11/03

Ferrugem da soja é identificada mais cedo no Brasil

A identificação da ferrugem asiática em sete municípios do Mato Grosso e de Goiás, cerca de 25 dias após o cultivo da soja, está preocupando os pesquisadores da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, porque o aparecimento precoce da doença - na fase vegetativa - pode exigir maior número de aplicações de produtos químicos para o controle da ferrugem.

"Considerando que o ciclo da cultura da soja é de cerca de 130 dias e que o efeito médio residual dos fungicidas é de 25 dias, podemos afirmar que as lavouras infectadas pela doença, no início do ciclo, precisarão, em média, de três aplicações durante a safra. O controle da ferrugem vai custar, em média, duas sacas por hectare para cada aplicação", explica a pesquisadora Cláudia Godoy, da Embrapa Soja (Londrina, PR).

Para a pesquisadora o surgimento precoce da ferrugem nas lavouras do Brasil Central deve-se, principalmente, ao aumento da produção de sementes de soja no inverno, em áreas sob irrigação no Mato Grosso, Bahia, Tocantins e Maranhão. "Como o fungo Phakospsora pachyrhizi que provoca a ferrugem, precisa da própria soja ou de outra planta hospedeira para sobreviver, o plantio de soja no inverno deu sobrevida ao fungo. Nas outras safras, o período de inverno servia para diminuir a presença do fungo no ar, o que não aconteceu agora", explica a pesquisadora.

Além disso, o que favorece o surgimento da ferrugem são as condições climáticas. As áreas quentes como noroeste de São Paulo e Minas Gerais e norte e oeste do Paraná e Mato Grosso do Sul, portanto, estão menos suscetíveis à ferrugem.

"Existe clima favorável em áreas que ficam acima de 700 metros de altitude, porque o calor é forte durante o dia e a temperatura é amena (20º C) durante à noite. O clima ameno proporciona maior número de horas de orvalho, o que favorece a infecção da soja pelo fungo. Este é o caso do Cerrado Brasileiro", exemplifica o pesquisador José Tadahi Yorinori, da Embrapa Soja.

Tadashi indica o monitoramento constante da lavoura como forma para a identificação precoce da ferrugem, porque os sintomas aparecem em qualquer fase do desenvolvimento da planta. "Para observar os sintomas da ferrugem, o produtor deve coletar as folhas da parte inferior da planta e colocá-la contra um fundo claro. A folha infectada tem minúsculas lesões em formato de pequenos pontos escuros e são salientes", ensina.

O produtor que identificar o problema na sua propriedade ou tiver confirmação da ferrugem na sua região, deve ficar atento para o melhor momento de aplicar os fungicidas registrados para o controle da doença. "O controle químico é a única forma de minimizar os efeitos da ferrugem, por isso, é preciso observar a lavoura sempre", alerta Tadashi.

Na última safra, a ferrugem asiática da soja foi identificada em cerca de 90% da área plantada, o que equivale a mais de 16 milhões de hectares. Os estados mais atingidos foram o MT, GO e BA.  Na Bahia, quase 100% das lavouras foram infectados pela ferrugem e a quebra de rendimento foi de 25%.

Mais informações no Sistema de Alerta da Embrapa Soja (www.cnpso.embrapa.br/alerta). Lebna Landgraf - MTb 2903 Embrapa Soja Contatos: (43) 3371-6061 - lebna@cnpso.embrapa.br  

Tema: Produtos Agropecuários\Grãos\Soja 

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